Cat Diary



O mainstream no geral continua tão ocupado tentando disfarçar a fórmula idosa que maleporcamente vai lhe mantendo em constante estado de sobrevivência por boa vontade do público, a ponto de não perceber que, o inusitado é na maioria das vezes muito mais legal.


Mas o editor do quadrinhista célebre por histórias de terror, Junji Ito, felizmente percebeu que, pouca coisa seria mais inusitada do que uma HQ relatando o cotidiano do autor avesso a felinos, retratado com o estilo voltado ao horror que o consagrou, em algo que é tanto comédia, quanto drama e obviamente humor negro.
Algo único.
Não apenas o clima de realidade que deve estar acontecendo com alguém no mundo nesse momento, mas as expressões, o estilo narrativo, e recursos de HQs de horror, também funcionam muito bem pra incrementar os dias em que a tragédia se abateu sobre a casa do quadrinhista, que forçado/manipulado/ignorado pela esposa teve que acolher em sua nova residência dois arautos da hecatombe.
Os tais felinos.
E que eram muito piores mesmo só do ponto de vista do próprio Junji Ito.


Não poderia ser mais simples, e ao mesmo tempo, consegue ser interessante e divertida tal qual uma boa revista em quadrinhos tem potencial pra ser.
E no intervalo entre capítulos a edição conta com perguntas do leitor a respeito da tragicômica vida cada vez mais miserável do quadrinhista, em meio a defecação e rejeição das criaturas ronronantes, o que apenas aumenta o clima intimista da publicação.
Na ótica do autor, “Yon”, com seu rosto "amaldiçoado" e suas manchas em forma de caveira, e o ingênuo “Mu”, são uma dupla de super-vilões terríveis e amedrontadores.
E o mais legal é que, talvez, no fim da história eles não sejam derrotados.
Então já tá menos óbvio do que os heróis mensais das bancas.

Cat Diary. Recomendado para: quem nunca imaginou que um cara adotar felinos poderia render uma HQ melhor que a maioria dos crossovers de marmanjo de colante colorido.

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