Quem
sabe pareça hype, ou uma forma de afirmar que os caras valorizam
mais do que a técnica de animação padrão predominante nos
blockbusters animados, mas o estúdio Ghibli têm marcado presença
nas listas de indicados a melhor animação do Academy Awards.
Quem
sabe.
O
que não se pode questionar é a qualidade e interesse em atingir um
novo padrão de excelência assim que uma produção é finalizada,
algo mais uma vez demonstrado nessa adaptação d"O Conto do Cortador de Bambu".
E
o diretor deste "O
Conto da Princesa Kaguya"
é ninguém menos que um dos grandes nomes do estúdio lendário,
Isao
Takahata,
que juntamente com o igualmente lendário Hayao
Miyazaki foi
pilar na conquista de tamanho crédito frente a plateias e críticos
do mundo todo.
Isao
Takahata,
conforme esperado de alguém que já realizou tanto, não se contenta
em reprisar o que já fez. Por isso que este seu recente trabalho
rejeita o padrão comercial, seja de técnica de animação, ou de
condução da trama, pra criar uma obra que é acima de qualquer
outra coisa madura e melancólica.
Algo
que não é pré-moldado pra agradar as multidões de crianças que
se encantam com o traço sensacional, ou o primeiro ato fabular.
O
encantamento e deslumbramento nesse primeiro momento da história da
princesa que "nasce" no interior de um tronco de bambu, e é
encontrada por um lenhador, é a carga de importância pro dilema que
a protagonista vive, e sua leveza, ainda que existente no restante do
filme, passa a dividir a cena com o sofrimento da personagem,
emaranhada em um mundo que ignora suas escolhas, e está determinado
a torná-la alguém sem voz, sem opinião, e consequentemente sem
felicidade real alguma.
Assim,
enquanto desde bebê ela se apresenta uma pessoa impetuosa, e que
respira liberdade com ânsia de viver imersa nela, a princesa que não
respeita o tempo que os humanos julgam ser o correto pra crescer vai
ter que aprender sobre esse cruel mundo no qual as pessoas abandonam
o que são, pra fingir ser o que a sociedade estabeleceu como conduta
honrada e adequada.
No
roteiro a transição da
personagem é marcada por eventos e personagens que representam as
amarras sociais sempre à espreita dela, e que conduzem o enredo cada
vez mais distante do humor e da ação que são capítulo
imprescindível da cartilha do blockbuster de animação.
"O
Conto da Princesa Kaguya"
é um filme maduro o suficiente pra gerar rejeição em quem espera
que todo filme de animação seja estritamente infantil e de morais
da história jogadas na cara já no cartaz do filme.
E essa forma particular de fazer cinema é parte do que o estúdio Ghibli tem providenciado há tantas produções, e que dessa vez conta com um visual que só não rouba a cena, por ser de maneira preciosista pensado pra catalisar o que de melhor a história possui. É uma forma de expressão que existe com a mesma importância do próprio roteiro ou dos personagens, porque a maneira como cenário e pessoas são retratados está nesse caso também falando com a plateia.
O mundo ao redor se molda de formas diferentes de acordo com a percepção que a protagonista apresenta ao longo de seu aprendizado, e influencia na forma do público participar da história enquanto assiste.
E essa forma particular de fazer cinema é parte do que o estúdio Ghibli tem providenciado há tantas produções, e que dessa vez conta com um visual que só não rouba a cena, por ser de maneira preciosista pensado pra catalisar o que de melhor a história possui. É uma forma de expressão que existe com a mesma importância do próprio roteiro ou dos personagens, porque a maneira como cenário e pessoas são retratados está nesse caso também falando com a plateia.
O mundo ao redor se molda de formas diferentes de acordo com a percepção que a protagonista apresenta ao longo de seu aprendizado, e influencia na forma do público participar da história enquanto assiste.
Afinal,
com todo o potencial artístico disponível,
Isao Takahata viu
a chance de narrar a história sobre predestinação e busca por
liberdade, em um filme que muitas vezes não necessita de palavras
pra expressar bem mais do que a Merida, de Valente, conseguiu
com bravatas, flechadas, em 93 minutos de cinema comum e
desimportante.
"O
Conto da Princesa Kaguya"
pode não fazer chorar que nem o irretocável "O
Túmulo dos Vagalumes"
do mesmo diretor, mas em sua forma autêntica e singela de abordar dilemas humanos, e em uma roupagem artística única, esse novo trabalho do diretor se estabelece uma extraordinária e reflexiva obra de arte, na qual a tristeza que emana só a faz ainda mais marcante.
O
Conto da Princesa Kaguya. Recomendado
para: ser o mais questionador longa-metragem de animação que 2014
proporcionou.
O
Conto da Princesa Kaguya
(Kaguyahime no Monogatari)
(Kaguyahime no Monogatari)
Direção:
Isao Takahata
Duração:
137 minutos
Ano
de produção: 2013
Gênero:
Fantasia/Drama
A Crítica da maioria dos outros filmes indicados ao Oscar 2015 estão NESSE LINK.
A Crítica da maioria dos outros filmes indicados ao Oscar 2015 estão NESSE LINK.
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