Provavelmente
não existia época mais indicada pra um retorno triunfal do
personagem Rocky
Balboa.
O
icônico personagem interpretado pelo Sylvester
Stalone
marcou gerações com sua personalidade criada sob medida pra
protagonizar reviravoltas esperadas e não menos emocionantes.
Com
exceção do "Rocky V", do qual só o Gustavo gosta,
a fórmula funcionou a contento em todos os filmes, com variações
de qualidade que não diminuíram o apreço pelo personagem, mantendo
ele vivo no imaginário nerd até hoje.
E
conforme eu disse, não havia momento melhor pra um novo filme, dessa
vez aproveitando o hype todo que o lado bazinga da força direciona
pra todo retorno de franquias cultuadas.
Apesar
de contar com novamente com Balboa,
dessa vez a função de protagonista que vai encarar o mitológico
embate final de redenção não é de Stalone.
Michael
B. Jordan
(que oscilou recentemente do ótimo "Fruitvale Station"
ao execrado "Quarteto
Fantástico")
é Adonis
Creed,
filho do nêmesis de "Rocky:
Um Lutador",
e "Rocky
II: A Revanche",
e quem justifica este não ser um "Rocky
VII: O Confronto Final".
Apesar
disso, e de Michael
B. Jordan
ser um dos mais competentes atores da geração que vai dominar os
cinemas por uma década e pouco, este ainda é um filme de Rocky
Balboa,
pra alegria de quem não queria ter que dizer que só assistiu nos
cinemas o spin-off.
Ainda
que tenha mais tempo em cena, Adonis
fica eclipsado toda vez que contracena com Balboa.
Algo meio na linha do remake de "Karate Kid",
e a habilidade de roubar cena que o Jackie
Chan
apresentou.
Nesse
caso, no entanto, B.
Jordan se
mostra muito mais protagonista que Jaden
Smith,
é
óbvio, e aproveita suas cenas pra se firmar na função que deve
repetir em uma sequência da franquia.
A
dinâmica entre a dupla é o que não havia funcionado em "Rocky
V",
e explora o esquema "Discípulo e Mestre" pra que não seja
só mais um capítulo da cinessérie sem nada demais.
Claro
que o lance "Discípulo e Mestre" não é algo novo, mas
dessa vez ele serve principalmente a estabelecer a figura de Adonis
Creed
alguém reconhecível pro grande público, e capaz de carregar a
franquia nas costas quando for a hora de Stalone
se aposentar dos ringues e de onde quer que Os
Mercenários
estejam interessados em perpetrar o caos com desculpa de levar paz.
Pra
isso o roteiro que Ryan Coogler dirige vai desde a infância de Adonis
adicionando elementos pra carregar de um viés dramático a busca
obsessiva do protagonista pelo apogeu no boxe.
Da
infância atribulada de muitas brigas e reformatórios, passando pela
rejeição pelo pai falecido e do próprio sobrenome, chegando ao
presente em que o seu sonho no pugilismo é motivo pra afastamento da
família que lhe resta, o texto procura torná-lo mais do que um
descartável figurante de nome centralizado no cartaz.
De
direção contida e desinteressada em impressionar, Ryan Coogler dá o ritmo certo pra trama de superação, e aproveita bem os
extremos aos quais o roteiro expõe seus personagens, ainda que o
enredo ainda aponte pros clichês básicos envolvendo o romance (no
qual Thessa Thompson consegue se destacar), e a estrutura batida.
Nada
muito prejudicial, afinal o elenco corresponde bem, e os momentos
mais emocionais não está só pra encher metragem de filme.
O
que desaponta é com certeza o papel do vilão interpretado pelo
Tony Bellew, que é só o inimigo da vez, do qual ninguém
lembra, e que não acrescenta nada pro mote de redenção pessoal
pelo qual Adonis
e Rocky
passam.
A
ascensão na escadaria emblemática parece cada vez mais difícil,
principalmente quando as motivações pra encarar ela diminuem cada
vez mais.
No
entanto, é exatamente esse aspecto fora do espetáculo no ringue o
que sempre fez da saga de Rocky
Balboa
algo memorável mesmo quando os desfechos pareciam previsíveis, e
"Creed"
faz jus à espera pelo algo a mais que justificaria retornar a esse
universo em que o herói aclamado e admirado por todos ao seu redor
hoje administra sua pizzaria em paz aguardando o derradeiro soar do
gongo de sua vida.
Tal
qual foi em
"Rocky Balboa",
de 2006,
Stalone realizou
mais um honroso possível desfecho pra sua participação na franquia
iniciada com o sempre lembrado
"Rocky: Um Lutador" em 1976.
Caso
seja esse o final pro ex-campeão,
Creed
foi apresentado a essa mesma escadaria, e mostrou ser capaz de
conduzir o espectador por ela mais umas vezes.
Creed.
Recomendado
para: ser um dos bons quase remakes feitos pra ressuscitar franquias.
Creed:
Nascido
para Lutar
(Creed)
Direção:
Ryan
Coogler
Duração:
133
minutos
Ano
de produção: 2015
Gênero:
Ação/Drama
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