Quando eu assisti no mesmo dia os dois
filmes que até então conhecia do diretor Nicolas Winding Refn,
pensei com toda a certeza de quem já está vivo há tempo suficiente
pra ter visto ascensão e derrocada de qualidade nas filmografias de Chris Nolan
e Sam Raimi, e que acompanhou perplexo a indústria de
quadrinhos no cinema deixar de ser trash, mas ainda assim produzir
Mulher-Gato, The Spirit, X-Men Origens: Wolverine, e Man of Steel,
que o cineasta dinamarquês Refn com certeza nunca seria nada
perto do que apetece os nerds dos hojes.
Pra minha surpresa, o diretor dos
surtadíssimos “Bronson” (2008) e “O Guerreiro
Silencioso” (Valhalla Rising, 2009) obteve
reconhecimento com Drive, aclamado por multidões nas redes
sociais.
Mas talvez até por ele não ser assim
tão surtado seja o maior diferencial pra agradar quem teria nojo da
atuação do Tom Hardy no “Bronson”.
Ryan Gosling tem em seu
personagem algo muito mais contido (pra dizer o mínimo) mais
aproximado do trabalho do Mads Mikkelsen, no Valhalla
Rising, e na trama que parte de uma sinopse que não seria nada
injusto resumir como ”um Carga Explosiva, mais sério”,
ele não tem obrigação de viver em arroubos de insanidade.
E está tudo bem nisso.
Mas a partir de uma sinopse simples, sempre é possível ir um pouco além.
O filme começa com uma sequência de
assalto muito bem filmada, que lembra em certos aspectos o clássico
Taxi Driver.
O cara se envolve com a guria errada, e
consequentemente, arruma problema com os caras errados, e tem que
sujar as mãos.
Nesse ponto, um pouco da característica
prévia do diretor em seus filmes está presente pela violência
crua, mesmo que no geral pareça mais um arremedo de David
Cronenberg em Marcas
da Violência do que algo muito estiloso e particular.
Não deixa de ser divertido, e tem a
decência de bem empregar as atuações de Bryan Cranston (de Breaking Bad) e Carey Mulligan (O Grange Gatsby), além
do Ron Perlman que já deixou claro em Pacific Rim que
não se incomoda em abraçar papeis menores desde que possa fazer uso
de alguma excentricidade nos mesmos.
Na maior parte do tempo, o envolvimento
entre os personagens tem um bom e adequado espaço, ainda que o filme
não reserve grandes reviravoltas além de algum momento gore ou
outro, e claro, o fato de ser uma história contada de modo
satisfatório.
Además, Drive conta com parte técnica impecável, um equilibrado uso dos momentos de silêncio, em harmonia com a trilha sonora, e apesar de uma história que não traz muitas novidades, se mantém graças ao trabalho do elenco.
Nada impressionante ou surpreendente,
mas ainda assim um filme que vale a pena destacar e assistir antes da maioria, e apreciar sem necessidade dos óculos 3D pra tentar justificar a sessão.
Quanto vale:
Drive. Recomendado para: quem busca
um filme de ação contemplativo e bem feito, e sem a muleta da pirotecnia.
Drive
(Drive)
Direção: Nicolas Winding Refn
Duração: 100 minutos
Ano de produção: 2011
Gênero: Ação/DramaSign up here with your email