Algo bem óbvio em se
tratando de cinema (exceto em caso de documentários, é claro), é
que tudo parte de uma ilusão que envolva a
plateia.
O desafio de convencer o
público de que os fatos que vão ser retratados em 1h e meia, 2
horas, ou 3 horas, dependendo do caso, são "reais" naquele
contexto.
Ou seja: se não nos
importarmos com isso a ponto de haver algum incômodo ou simpatizar
com o que for motivo de celebração, pra que perder tempo
assistindo?
Só que isso apenas
funciona de modo efetivo se posto em prática desde os primeiros
minutos.
No "Maze Runner",
por exemplo, essa distopia na qual jovens são enviados
de tempo em tempo pra um pedaço de terra arborizada isolado do mundo
por altas muralhas e denominado A Clareira, requer que a sensação de estar confinado nesse
espaço chegue ao espectador.
É a primeira informação
relevante que é transmitida, e o que move o protagonista, sendo que
tanto a limitação espacial provocada pelas muralhas, quanto o
ímpeto por liberdade incorrem diretamente disso.
O heroi convencional
interpretado pelo Dylan O'Brien se alimenta dessa situação
pra ser o ponto catalisador de mudança na comunidade, estabelecida em
um modo de vida plenamente adaptado a onde eles vivem, sem fazer
ideia dos porquês a serem revelados em momento conveniente.
Acontece que, o modo de
contar uma história torna ela menos ou mais interessante, e o
didatismo do aprendizado repassado ao novato, começando sempre com
algo no estilo "Isso é o que chamamos (((insira qualquer
informação referente ao labirinto aqui))), e serve para/está aqui
há tempos/ninguém voltou vivo" é só um dos fatores tediosos
em uma construção que além do mais, precisa de algum cuidado na
distinção dessa história em relação a tantas outras similares.
Afinal, quem não lembrar
da franquia "Battle Royale", ou da "Jogos
Vorazes", ou quem sabe dos seriados "Lost",
e "Persons Unknown", ou várias outras obras, é por
não conhecer as obras mencionadas, ou por estar deixando passar uns
detalhes bem evidentes.
Porém, sempre partindo
do pressuposto de que mesmo assim um roteiro pode surpreender, não é
por elementos parecidos que algo deve ser considerado ruim, mas sim
pela utilização que faz desses elementos.
Então, bons personagens,
e um enredo bem elaborado e conduzido, podem inverter o jogo.
No caso de Maze
Runner, o filme não possui um único ator digno de menção
devido a um trabalho marcante no longa-metragem, e isso influencia
muito.
Isso não colabora pra
que o espectador compre a ideia, e em sua rasteira e tacanha condução
da trama oriunda do livro do James Dashner, o cineasta
encarregado fica no convencional e não se arrisca, em um enredo que
poderia com certeza ser bem melhor aproveitado.
O que mais ou menos torna
mais interessantes os 113 minutos de filme é a premissa e algum
resquício de suspense que se sobressai ao protagonista de
personalidade heroica e inquisitiva de sempre.
Mas nas reviravoltas que
só não previsíveis quando são absurdas e sem sentido, embates
nulos entre runners e seus algozes grievers, e várias certezas que o roteiro falha em esconder, Maze
Runner é do início ao fim um tempo dedicado a comprovar que
toda surpresa que o filme almeja é evidente bem antes de acontecer.
Assim sendo, mesmo com
toda a tentativa de criar uma nova saga juvenil forte o bastante pra
ter seu novo episódio periodicamente, e influenciar multidões, os
clichês e clima de história já vista antes fazem o filme do
diretor Wes Ball ser apenas mais um. Divertimento raso e que perde frente a outros exemplares de entretenimento disponíveis em 2014, tais quais "Guardiões da Galáxia", "Capitão América: O Soldado Invernal", "Operação Big Hero", e me arrisco a dizer, até "O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos" consegue ser bem mais divertido de assistir.
Maze Runner é algo que pra temporadas
competitivas e cheias de blockbusters é sempre menos do que o
esperado, e que não vai ajudar uma franquia engatinhando na primeira
tentativa no cinema, mas que ainda deve ter uma nova chance de se
destacar em um próximo filme considerando o baixo orçamento e a
arrecadação nas bilheterias.
Não que isso ateste
qualidade, mas ao menos o salva de ser mais uma pretensiosa franquia
de um filme só.
Quanto vale:
Maze
Runner: Correr ou Morrer. Recomendado para: passar o tempo (ou desperdiçá-lo) sem nenhum compromisso, quando a lista de filmes pra assistir estiver no final.
Maze Runner: Correr ou
Morrer
(Maze Runner)
Direção: Wes Ball
Duração: 113 minutos
Ano de produção:
2014
Gênero:
Ação/Aventura/Ficção CientíficaSign up here with your email
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