Permite
variações, claro, mas segue um padrão que é seu habitual.
Então,
é complicado descrever minha surpresa ao conhecer um formato de tiras
que não se parece com nenhuma que eu tenha lido antes.
Premiadas no Salão Internacional de Humor de Piracicaba em 2008, as inusitadas tiras realizadas pelo
Orlandeli foram publicadas posteriormente aos domingos no jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, até que, contempladas pelo
incentivo do Programa de Ação Cultural (ProAC) obtiveram a chance de aportar nas bancas
no livro lançado em 2010 pela editora Conrad.
O
livro contém tiras de temas randômicos, sem personagens fixos
(algum ou outro aparece mais de uma vez ao longo das 71 páginas),
e sem se preocupar em seguir padrão de nada.
A
expressiva arte do Orlandeli já é um excelente cartão de
visitas. Folhear a edição, e constatar que é algo tão particular
é um convite (ao menos pra mim) à aquisição e leitura da obra.
Agora,
isso aliado a bons roteiros, experimentalismo, e desinteresse em
polemizar pela mera polêmica o garantem em lugar de referência na
minha estante.
O
texto inicial assinado pelo jornalista Paulo Ramos (do Blog
dos Quadrinhos) já havia deixado a pulga atrás da orelha, e
se fosse que nem ele descreve o trabalho do Orlandeli, a chance de
ser algo essencial pra quem curte a nona arte e quer novidade e não
hype, era grande.
Ele
estava certo.
E
nesse caso, muito porque é digno de estudo o modo criativo como são
apresentadas as tiras, e sempre trazendo algum pequeno elemento novo,
adicionando audácia às mini-tramas, por vezes tão simples, mas
sempre algo a ser analisado com minúcia, porque não é sempre que o
cara conhece uma desconstrução de algo convencionado e no geral
imutável. Somada a isso, a arte que consegue ser aprazível e convidativa, sem deixar de possuir um ar sombrio tornam inquietante a leitura até o último quadro, quando pode ou não haver uma piada.
As
tiras (que mais parecem HQs de uma página) lidam com temas e
assuntos banais, e muitas vezes sem o humor do modo esperado. Nem sempre é pra provocar a gargalhada, se bem que na tira abaixo eu ri muito.
A única regra em (Sic) é ignorá-las todas, conforme também é possível perceber lendo os trabalhos que são publicados no site http://ultimaquimera.com.br/.
A única regra em (Sic) é ignorá-las todas, conforme também é possível perceber lendo os trabalhos que são publicados no site http://ultimaquimera.com.br/.
Por
não haver uma grande trama que norteie a obra, não teria muito que
eu pudesse descrever a esse respeito, porém, a inexistência de um
enredo único não deveria afastar quem não é habituado a tiras.
Afinal, é na visão aparentemente absurda da nossa normalidade que se encontra o que é talvez a maior sacada da arte do Orlandeli, e da maneira que ele apresenta, cada página se torna um breve passeio pela vida de alguém, em situações tão estapafúrdias quanto naturalmente interessantes e divertidas.
Afinal, é na visão aparentemente absurda da nossa normalidade que se encontra o que é talvez a maior sacada da arte do Orlandeli, e da maneira que ele apresenta, cada página se torna um breve passeio pela vida de alguém, em situações tão estapafúrdias quanto naturalmente interessantes e divertidas.
Cada
tira é rica em leituras possíveis, e pode render muito mais pra
pensar do que muita megassaga crossoverística.
(Sic).
Recomendado para: quem procura tiras com algo mais do que uma piadinha no
quadro final.
Sign up here with your email
EmoticonEmoticon