Tem um
grave desserviço providenciado pelos montes de filmes genéricos de
ação dessas épocas.
Toda
época, na verdade providencia uma cambada de filme tão formatado
pra replicar fórmula que entedia desde o título.
A diferença é que agora o poder do hype e o efeito CG traçam o rumo de sucesso antes
de a primeira plateia sequer ter entrado na sala de cinema.
Esse
desserviço faz com que eu falar aqui de um filme de ação, que é o
caso desse “Exilados”, soar uma baita porquera.
O
filme do cineasta Johnnie To é filme de ação sem ter receio algum de esbarrar
em pré-conceitos edificados pelo levante do CG.
Aliás,
a filmografia dele é repleta de trabalhos assim.
Os
protagonistas de “Exilados” vivem um western de mafiosos que
faz a memória se povoar com os “Alvo Duplo”, “Fervura
Máxima”, e outras grandes obras de ação dos antigamentes do diretor John Woo. Mas
daí, se fosse pra ficar nisso, pareceria só uma rendição
respeitosa e xerocada, com umas estilizações, que nem foi com o
fraco “Django Livre”.
Esse
western moderno do Johnnie To, que dialoga também com trabalhos do
Sam Peckinpah, fala bem mais é com a filmografia e características
do próprio Johnnie To.
E esse
é um dos fatores que faz “Exilados”, ainda que de um roteiro tão
simples, ser ao mesmo tempo um trabalho tão fácil de apreciar.
Nem é
a imprevisibilidade de plot twists, ou falsos momentos dramáticos.
O
longa-metragem não precisa disso.
O seu
envolvimento com o público se deve aos personagens fortes, que tem os protagonistas interpretados por Anthony Wong, Francis Ng, Nick Cheung, Roy Cheung, e Suet Lam, e que
estrelam tanto cenas de tiroteio brilhantes, quanto momentos de
silenciosa tensão, ou calmaria e humor que ajuda a entender quem são
esses mafiosos divididos por códigos de honra, obrigações com
chefões do crime, e dilemas de lealdade que não impedem de tentar
acertar um balaço na cara de um amigo.
E sendo a rocha no sapato dos caras está o vilão carismático interpretado pelo Simon Yam.
E sendo a rocha no sapato dos caras está o vilão carismático interpretado pelo Simon Yam.
Pra
deixar tudo mais digno de contemplação, o diretor conta com
enquadramentos e fotografia precisos e que ressaltam a influência
advinda do faroeste, o que proporciona cenas sensacionais em que
muitas vezes os caras só estão ali sem fazer nada.
É o pensar o cinema enquanto arte que vai além de empurrar a história até a hora da ação, porque todo frame é importante.
É o pensar o cinema enquanto arte que vai além de empurrar a história até a hora da ação, porque todo frame é importante.
Isso é
prejudicial quando se percebe que alguns confrontos, apesar de muito
bem realizados podem não resultar em baixas mesmo quando o cara não
tiver nenhuma escapatória plausível pra evitar ser atingido, e isso diminui a tensão com a repetição do recurso.
“Exilados”,
enquanto filme de ação proporciona mais do que o rótulo tem
associado atualmente.
Isso
porque não é um produto impregnado pelas tendências, ou disposto a
abandonar o que a carreira de seu diretor comprovou ser capaz de
criar não apenas em cinema de ação, mas sim em se tratando de bom cinema de ação.
Sem
cara de franquia, nem momentos de romantismo barato, ou drama onde
não existe necessidade, “Exilados” é um filme de ação que não
vai transformar sua percepção a respeito da sétima arte, o que não
o impede de ser uma boa sessão de cinema na qual nenhum marketing
prévio precisa lhe dizer pra gostar do filme pra que isso realmente
aconteça.
Quanto
vale:
Exilados.
Recomendado para: lamentar o aparelho vídeo-cassete ter estragado, e
impedir de re-assistir uns VHS de filme bom que nunca teve o número
de visualizações do trailer no youtube como fator de convencimento
de sua qualidade.
Exilados
(Fong Juk)
Direção: Johnnie To
Duração: 110 minutos
Ano de
produção: 2006
Gênero:
AçãoSign up here with your email
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