Hellboy - Arquivos


Michael Joseph Mignola, também conhecido por Mike Mignola, é um quadrinhista norte-americano que iniciou sua carreira no universo da nona arte em 1981, no fanzine The Comic Reader. De lá para cá, Mignola já contribuiu com os seus desenhos e textos para editoras grandonas, tais como Marvel, DC, Dark Horse e também para algumas de nome inexpressivo. 

Mike Mignola

No entanto, a sua obra mais famosa, a sua “Monalisa”, digamos assim, é um personagem avermelhado, veste um sobretudo e é feio como o diabo. Ou melhor, ele é oriundo justamente da dimensão habitada pelo cramulhão. Tal personagem é o Hellboy.

Mike Mignola, segundo alguns críticos, é dono de um traço diferenciado que remete a um estilo mais expressionista e um tanto quanto sombrio, fato esse que nunca o fez ser a primeira opção para produzir uma revista mensal e com arcos de história mais extensos. Tanto que quando fazia parte do time da DC, o quadrinhista contribuiu com a minissérie Odisseia Cósmica, lançada em 1988. Fora isso, Mignola era o encarregado de ilustrar algumas capas esporádicas.

Então vieram os anos 90 e o império Marvel/DC viu a ascensão de editoras concorrentes (Image, Dark Horse, entre outras). Foram também os saudosos tempos em que o público adulto de HQs foi agraciado com obras como Hellblazer, Sandman, Preacher e outras produções que ajudaram a remodelar o que o mundo conhecia até então por HQs de ficção científica e fantasia. Nesse período, Frank Miller na Dark Horse produziu Sin City, enquanto Mignola foi convocado para desenvolver o Hellboy, um sujeito que ele desenhava só de brincadeira, sem grandes pretensões de alçar com ele voos mais altos.


Em 1993, com desenhos de Mike Mignola e auxílio no roteiro por John Byrne, saiu a primeira revista do Hellboy, que vendeu 1.500 exemplares. Apesar da quantia modesta dentro do gigantesco mercado quadrinhístico dos Estados Unidos, esse foi o passo inicial para, no ano seguinte, chegar às bancas Hellboy: Sementes da Destruição, a primeira minissérie oficial do personagem endiabrado, com Byrne também auxiliando nos roteiros.


Hellboy gradativamente conquistou o seu espaço dentro do cenário das HQs, até porque a fórmula era mesmo cativante. Vejamos: Um protagonista tosco, literalmente feio que nem o demônio e que ainda lixava os seus gigantes chifres com o intuito de ocultar as suas raízes infernais. Sem contar também a pedregosa mão direita, capaz de causar tantos estragos quanto qualquer Mjolnir da vida. Além disso, haviam também as referências lovecratianas envolvidas no cenário da Segunda Guerra Mundial e a própria personalidade do Hellboy, que mesmo assustando meio mundo devido a sua aparência pouco aprazível aos olhos, não media esforços para auxiliar quem precisa. 

Tudo isso colocou a criação de Mike Mignola no hall dos personagens mais carismáticos daquele período e ainda permitiu que o criador, mais confiante diante da sua criatura, assumisse também os roteiros.

Ainda que no Brasil o Hellboy tenha chegado de forma tardia, apenas em 1998, no resto do mundo ele já era um relativo sucesso para um personagem que não era exatamente um super-herói.
O prestígio do guri do inferno chegou a gerar alguns crossovers, tais como até encontro com o Batman e também um spin off do Beareu de Pesquisa e Defesa Paranormal.

O personagem de Mignola que, no final dos anos 80, não passava de alguns rabiscos que ele fazia para passar o tempo, já faturou prêmios como o Eisner e o Eagle Awards. Como se não bastasse, arrancou também elogios do escritor e cineasta Clive Barker, sujeito de grande prestígio no universo do terror e que deu ao mundo nada mais nada menos que a obra Hellraiser. Até Alan Moore já teceu comentários favoráveis ao rapaz infernal. E olha que um elogio vindo do casmurro autor de Watchmen é um desses fatos tão raros quanto a aparição do cometa Halley!

O universo Hellboy
 
Foi em 1944, no dia 23 de dezembro, quando o combalido exército nazista recorria a forças sobrenaturais para conseguir uma reação já nos “45 minutos do segundo tempo da Segunda Grande”. 



Nesse dia, o professor Trevor Bruttenholm, ao lado de soldados aliados, descobriu nas ruínas de uma capela britânica, um pequeno demônio que foi invocado pelos asseclas de Adolph Hitler em parceria com o monge Rasputin, uma óbvia referência ao real místico russo que exercia enorme influência na política da Rússia czarista.

O cientista então cria o monstro como um filho e ensina a ele valores humanitários, tanto que já adulto, Anung un Rama (nome verdadeiro do Hellboy) se alia ao B.P.R.D (Bureau de Pesquisas e Defesa Paranormal) e com ele viaja pelo mundo combatendo e investigando os mais bizarros casos sobrenaturais.

Os filmes
 
Hellboy é um sujeito mal visto pelos humanos ditos normais, mas ainda assim possui um senso altruísta na luta contra entidades malignas. Tal característica o tornam um anti-herói carismático e um filme protagonizado era uma questão de tempo. 



Desde o fim da década de 90 um longa-metragem do Hellboy já estava nos planos e até o ator Vin Diesel foi cotado para encarnar o diabão de chifres cerrados. No entanto, após produções de super heróis atingirem o mainstream em cheio no início do século XX, o diretor mexicano Guillermo Del Toro teve o sinal verde para lançar Hellboy em 2004, tendo como protagonista o ator Ron Pealman.
 
Ron Perlman


Del Toro, que anteriormente se mostrou um diretor competente com a Espinha do Diabo, dirigiu e roteirizou Hellboy

O cineasta até que conseguiu tornar a primeira incursão de Hellboy na tela grande um filme divertido, mas lá pelas tantas, com tantas criaturas e doses homeopáticas de humor, o filme ficou parecendo uma espécie de “Homens de Preto encontra Lovecraft”. Para piorar, o anti-herói não possui a mesma fama dos já consagrados X-Men, Spider-Man, Batman, entre outros fantasiados. Por isso, o filme dividiu opiniões da crítica e não rendeu uma bilheteria astronômica.

Em 2008 veio Hellboy II - O Exército Dourado, novamente roteirizado e dirigido por Guillermo Del Toro e também com o retorno de Ron Perlman no papel principal.

 


Del Toro mais uma vez se destaca como um diretor detalhista e traz uma trama mais elaborada e com personagens mais interessantes. O roteiro até traz uma mensagem ecológica e que felizmente não descamba para um caminho panfletário. Além disso, o vilão, que na minha opinião está mais para anti-herói, é um adversário que dá trabalho e um ótimo personagem. Inclusive o próprio Hellboy chega a questionar o seu lugar em uma sociedade que, aparentemente não lhe dá valor. 

Na minha opinião, Hellboy II é superior ao anterior, mas ainda que tenha tais méritos, o filme não foi tão bem de bilheteria.
 
Outras mídias infernais
 
Fora os dois filmes, Hellboy também ganhou longas de animação (lançados respectivamente em 2006 e 2007), assim como gerou alguns livros de prosa. O universo do personagem também se tornou jogo para videogame e RPG.


Animação chamada "Blood and Iron", lançada em 2007

Previous
Next Post »