Who Fighter, e O Coração das Trevas



Essa edição ficou engavetada por tempo demais.
Das épocas em que eu comprava e raramente lia tudo adquirido, esta “Who Fighter, e O Coração das Trevas” foi negligenciada.

A iniciativa da editora HQM foi realmente muito válida.
Pra começo de conversa, “Who Fighter, e o Coração das Trevas” não é o nome e sobrenome da obra.
A edição trata-se de uma compilação com 3 historias do autor Seiho Takizawa, sendo que “Who Fighter” é o título da primeira, e “O Coração das Trevas”, a segunda.
As 3 são relacionadas a guerra, mas de formas e contextos bem diferentes fazem a publicação garantir surpresas pra quem busca diversidade.


A primeira, “Who Fighter”, trata dos relatos de pilotos durante a Segunda Guerra Mundial a respeito de misteriosas luzes voando mais rápido que seus caças, e causando cagaços.
O protagonista é um desses pilotos, que após abater uma dessas “luzes” passa a ser figura importante na busca do governo japonês a respeito desta nova “arma norte-americana”.
A historia é bem contada em vários momentos, mas desliza legal especialmente próximo à etapa final, com soluções apressadas que tiram muito de um clima de suspense que é parte da premissa da HQ.
Além disso, a arte de Takizawa, competente e detalhista no desenho de ambientação e veículos, está muito pouco expressiva no que se refere a personagens.
Fica a sensação de uma historia sub-aproveitada, mas ainda assim divertida.


A seguir, “O Coração das Trevas” é uma releitura particular do autor da HQ, apresentando sua versão do livro “Heart of Darkness”, de Joseph Conrad, que já havia servido ao nascimento do filme “Apocalipse Now”, pelo Francis Ford Coppola.
Na trama, um capitão especialista em guerra estratégica precisa se embrenhar na selva da Birmânia pra destituir da função um militar condecorado que desertou do exército, e que agora criou juntamente com seus comandados uma sociedade no meio da floresta.
É a historia mais interessante da edição, e dessa vez, o autor acerta em um ritmo cadenciado, e que explora a monotonia da viagem que vai ganhando ares de suspense de isolamento.
Talvez pela comparação com a pressa narrativa lida em “Who Fighter”, “O Coração das Trevas” consegue criar um clima muito mais eficaz, além de a ambientação exercer um efeito mais forte do que o mero detalhismo.
Alguns poréns quanto ao ato final, mas ainda é um enredo que consegue ser instigante, mesmo que isso seja sem comparar com nada pregresso a ele em se tratando de adaptação do universo do livro.


Por fim, “Tanques” é uma historia curta.
Curta e bem simples.
É mais sobre soldados em um tanque de combate e seu drama está resumido em um plot twist nos seu finalmente. Nada grandioso, e nem uma virada de mesa impressionante.
É apenas uma historia simples, quase onírica, e bem desenhada.

Who Fighter, e O Coração das Trevas” não chega a ser presença exigida no acervo de qualquer colecionador que se preze, mas a sua temática, e abordagens inusitadas o fazem uma alternativa interessante pra quem quer algo fora do habitual.
Sua arte que lembra muito o trabalho de Hiroki Endo (da série Éden) não consegue (ao menos nessas historias da edição) algo tão expressivo, e isso é um dos seus pontos fracos, ainda que impressione pelos cenários detalhados com precisão.
Mesmo assim, as tramas têm novidades que um leitor atento vai saber usufruir.


Who Fighter, e O Coração das Trevas. Recomendado para: quem quer conhecer 3 olhares peculiares sobre a guerra.

Previous
Next Post »