O problema é quando algo vira
moda.
E curiosamente, The Walking
Dead se tornou moda quando os próprios zumbis na cultura pop deixavam de
ser.
Mas claro que existe muito mérito
do criador do argumento da série, Robert Kirkman, em saber aproveitar
bem cada oportunidade para alavancar o nome e vendagem de sua obra.
Assim, depois da premiada série
de HQs com mais de cem edições até o momento, a hypada e sonolenta série de TV,
e o elogiado game, o próprio Kirkman conta no livro prequel "A
Ascensão do Governador" o
passado de um de seus mais românticos e sensíveis personagens.
E a primeira surpresa positiva
nas páginas do livro escrito por Kirkman em parceria com Jay
Bonansinga, é que Philip Blake se parece mais com isso
...do que com isso
A história acompanha os irmãos Philip
e Brian Blake, os quais acompanhados de Penny (filha de Philip),
e dos amigos de longa data Bob Marsh e Nick Parsons, tentam
chegar a Atlanta, pra parar de se incomodar com as hordas almejando degustar
suas vísceras.
O enredo tem muita ação, é
verdade, com descrições detalhadas do que cada machadada causa em um crânio
putrefato e fedorento.
Mas aquela tensão mesmo, surge um
pouco mais pra frente, especialmente quando a maior qualidade dos quadrinhos TWD
é empregada, e o pior inimigo passa a ser aquele conjunto de falhas de
caráter que acompanha todo mundo e que são potencializadas em situações
extremas. Os personagens destilam seus preconceitos enquanto o próprio autor também apresenta alguns dos seus, deixando claro que qualquer expectativa de finais felizes na história é mera trollagem do autor nos sobreviventes na história.
Porém, é claro que pra um apreciador
do seriado televisivo em detrimento da HQ, tudo vai parecer sujo demais,
hediondo e grosseiro, mas não é nada fora do habitual nos requadros desenhados inicialmente por Tony Moore, e atualmente por Charlie Adlard. Até porque,
sempre esteve nesse ponto a verdadeira diferença desta epopeia zumbizística.
Ao longo do trajeto, além de
alguns encontros com sobreviventes (alguns bem e outros não tão
bem-intencionados), diversão saudável a valer com zumbis sendo desmembrados, algumas respostas sobre a
série são apresentadas, e principalmente uma fundamental é reservada para a
etapa final do livro.
Sem mencionar nada a respeito
deste plot twist, posso garantir apenas que, sem ler "A Ascensão do
Governador", ninguém pode dizer que conhece o célebre vilão de bigode fu manchu.
Esta aposta de Robert Kirkman
se mostra assim uma boa adição à mitologia da série, pois diferente do que
regurgita cada novo episódio na TV, o livro tem informações novas, personagens
interessantes com um pouco daquela imprevisibilidade que ostentam os seres
humanos terrestres, e especialmente, consegue superar o rótulo de mero
caça-níqueis.
Havia realmente algo mais a ser
contado.
Depois de ler, vai ser ainda mais
difícil suportar a programação da Fox nas terças-feiras à noite pós-outubro.
"The Walking Dead: A
Ascensão do Governador". Recomendado para: quem ainda quer ter alguma
esperança no futuro das histórias de zumbi.
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