Ainda que possua um significativo séquito de admiradores, é uma pena que o rock progressivo também arraste pelo mundo uma legião de detratores. Portanto, não é raro presenciar alguém efetuar uma cara de quem acaba de digerir sopa de jiló e óleo de bateria ao pensar que terá que ouvir músicas gigantescas conduzidas por solos de guitarra intermináveis.
Nos anos 90, o rock progressivo angariou o status de patinho feio devido ao advento do grunge, quando o mundo ficou sob os pés do Nirvana e outras bandas igualmente excelentes. Mesmo assim, grupos como Dream Theater, Type O’ Negative e até o Guns ‘n’ Roses ousavam gravar longas faixas que dominavam praticamente um lado inteiro do vinil. Uma dessas bandas é o Ayreon, que não é conhecida, mas denota em sua sonoridade todos os atributos do tal rock progressivo. Além disso, o Ayreon possui letras que se encaixam perfeitamente no tema dessa postagem: “Fantasia na música”.
O Ayreon não é extamente uma banda, mas sim, um projeto lançado em 1995 e idealizado pelo guitarrista Arjen Anthony Lucassen, um sujeito que nos anos 80 tocou em bandas como Bodine e Vengeance. Tais grupos executavam um hard rock farofa e, se fizeram algum sucesso, foi tão efêmero quanto desejo de grávida.
Arjen Lucassen |
Foi então que nos anos 90, Arjen concebeu um projeto chamado Ayreon, que é uma ópera rock em que vários vocalistas e instrumentistas são convidados para tocar músicas compostas por ele, que unidas narram uma história. A narrativa do primeiro álbum foi idealizada pelo próprio Arjen e possui elementos que vão da fantasia para a ficção científica com a mesma facilidade de uma nave que ruma para a constelação de Órion na velocidade da luz.
Esse disco de estreia do projeto Ayreon, lançado em 95, contou com vocalistas e instrumentistas não tão conhecidos do grande público, talvez o nome mais famoso seja Andi Deris, que naquelas alturas já estava assumindo o cargo de vocalista do Helloween.
A sinopse do álbum fala sobre história de Ayreon, um menestrel cego que vive na Bretanha do século VI d.C. O cara de repente passa a ter visões acerca do futuro e assim ele descobre que a humanidade vai se tornar um mundo pós-apocalíptico.
Na música chamada Prólogo, que abre o disco, é explicado que no ano de 2084, cientistas encontraram uma maneira de enviar mensagens de volta no tempo por meio de telepatia, ao que chamaram de "Telepatia do Tempo". Com a Terra praticamente detonada por várias causas diferentes, os cientistas possuem uma única esperança com essa experiência: advertir o povo do passado para evitar que o destino do planeta seja algo tão inóspito.
As outras canções, divididas respectivamente em atos, como se fossem uma peça de teatro, seguem a história do Ayreon ao tentar convencer os outros de que ele não é louco, endemoniado, herege, possuído e outros males atribuídos a muitos visionários que viveram durante a Idade Média.
A sonoridade do disco contém teclados sintetizados com sons bem viajantes, longas passagens instrumentais e solos de guitarra pink floydianos. Há espaço até para alguns arranjos grandiosos que remetem o ouvinte aos tempos arturianos e castelos medievais.
Arjen, nos anos posteriores, continuou a lançar mais discos desse projeto, sempre com a temática que às vezes invade o reino da fantasia, outras vezes parte para o espaço da ficção científica.
Atualmente a discografia do projeto Ayreon já está no seu décimo quarto álbum. As histórias, sempre concebidas pelo guitarrista Arjen, se conectam, mesmo que seja de forma tênue, entre um álbum e outro.
Desde 1995 até agora já participaram no projeto Ayreon nomes como Simone Simons (Epica), James Labrie (Dream Theater), Tobbias Sammet (Edguy/Avantasia), Hansi Kurch (Blind Guardian) e mais uma cambada desconhecida para ouvidos não acostumados ao universo do Heavy Metal e Rock Progessivo, mas bastante famosos entre os apreciadores do gênero.
Ayreon - The Final Experiment: Recomendado para aqueles que acham que Philip K. Dick e riffs de guitarra formam uma divertida e interessante combinação.
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1 comentários:
Write comentáriosAndi Deris rules!
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