Creed: Nascido para Lutar (2015)



Provavelmente não existia época mais indicada pra um retorno triunfal do personagem Rocky Balboa.
O icônico personagem interpretado pelo Sylvester Stalone marcou gerações com sua personalidade criada sob medida pra protagonizar reviravoltas esperadas e não menos emocionantes.
Com exceção do "Rocky V", do qual só o Gustavo gosta, a fórmula funcionou a contento em todos os filmes, com variações de qualidade que não diminuíram o apreço pelo personagem, mantendo ele vivo no imaginário nerd até hoje.
E conforme eu disse, não havia momento melhor pra um novo filme, dessa vez aproveitando o hype todo que o lado bazinga da força direciona pra todo retorno de franquias cultuadas.



Apesar de contar com novamente com Balboa, dessa vez a função de protagonista que vai encarar o mitológico embate final de redenção não é de Stalone.
Michael B. Jordan (que oscilou recentemente do ótimo "Fruitvale Station" ao execrado "Quarteto Fantástico") é Adonis Creed, filho do nêmesis de "Rocky: Um Lutador", e "Rocky II: A Revanche", e quem justifica este não ser um "Rocky VII: O Confronto Final".
Apesar disso, e de Michael B. Jordan ser um dos mais competentes atores da geração que vai dominar os cinemas por uma década e pouco, este ainda é um filme de Rocky Balboa, pra alegria de quem não queria ter que dizer que só assistiu nos cinemas o spin-off.
Ainda que tenha mais tempo em cena, Adonis fica eclipsado toda vez que contracena com Balboa. Algo meio na linha do remake de "Karate Kid", e a habilidade de roubar cena que o Jackie Chan apresentou.
Nesse caso, no entanto, B. Jordan se mostra muito mais protagonista que Jaden Smith, é óbvio, e aproveita suas cenas pra se firmar na função que deve repetir em uma sequência da franquia.
A dinâmica entre a dupla é o que não havia funcionado em "Rocky V", e explora o esquema "Discípulo e Mestre" pra que não seja só mais um capítulo da cinessérie sem nada demais.
Claro que o lance "Discípulo e Mestre" não é algo novo, mas dessa vez ele serve principalmente a estabelecer a figura de Adonis Creed alguém reconhecível pro grande público, e capaz de carregar a franquia nas costas quando for a hora de Stalone se aposentar dos ringues e de onde quer que Os Mercenários estejam interessados em perpetrar o caos com desculpa de levar paz.



Pra isso o roteiro que Ryan Coogler dirige vai desde a infância de Adonis adicionando elementos pra carregar de um viés dramático a busca obsessiva do protagonista pelo apogeu no boxe.
Da infância atribulada de muitas brigas e reformatórios, passando pela rejeição pelo pai falecido e do próprio sobrenome, chegando ao presente em que o seu sonho no pugilismo é motivo pra afastamento da família que lhe resta, o texto procura torná-lo mais do que um descartável figurante de nome centralizado no cartaz.
De direção contida e desinteressada em impressionar, Ryan Coogler dá o ritmo certo pra trama de superação, e aproveita bem os extremos aos quais o roteiro expõe seus personagens, ainda que o enredo ainda aponte pros clichês básicos envolvendo o romance (no qual Thessa Thompson consegue se destacar), e a estrutura batida.
Nada muito prejudicial, afinal o elenco corresponde bem, e os momentos mais emocionais não está só pra encher metragem de filme.
O que desaponta é com certeza o papel do vilão interpretado pelo Tony Bellew, que é só o inimigo da vez, do qual ninguém lembra, e que não acrescenta nada pro mote de redenção pessoal pelo qual Adonis e Rocky passam.


A ascensão na escadaria emblemática parece cada vez mais difícil, principalmente quando as motivações pra encarar ela diminuem cada vez mais.
No entanto, é exatamente esse aspecto fora do espetáculo no ringue o que sempre fez da saga de Rocky Balboa algo memorável mesmo quando os desfechos pareciam previsíveis, e "Creed" faz jus à espera pelo algo a mais que justificaria retornar a esse universo em que o herói aclamado e admirado por todos ao seu redor hoje administra sua pizzaria em paz aguardando o derradeiro soar do gongo de sua vida.
Tal qual foi em "Rocky Balboa", de 2006, Stalone realizou mais um honroso possível desfecho pra sua participação na franquia iniciada com o sempre lembrado "Rocky: Um Lutador" em 1976.
Caso seja esse o final pro ex-campeão, Creed foi apresentado a essa mesma escadaria, e mostrou ser capaz de conduzir o espectador por ela mais umas vezes.


Quanto vale:


Creed. Recomendado para: ser um dos bons quase remakes feitos pra ressuscitar franquias.

Creed: Nascido para Lutar
(Creed)
Direção: Ryan Coogler
Duração: 133 minutos
Ano de produção: 2015
Gênero: Ação/Drama

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