Halloween III - A Noite das Bruxas (1982)


Em 1978, quando Halloween foi lançado, foi plantada então a semente que iria gerar na década seguinte o subgênero do cinema de horror conhecido como slasher movie. Halloween, dirigido por John Carpenter, apresentava todos os ingredientes que constituíram os tais slashers movies. É lógico que a mecânica desse subgênero cinematográfico veio antes de Halloween, mas os elementos utilizados por Carpenter foram os definidores do estilo. O longa-metragem era temperado com um assassino mascarado, sangue a gosto, pitadas de personagens imbeciloides e altas doses de virgens indefesas e gritonas. Essa receita foi apreciada sem moderação nos anos 80 e gerou filmes bons e, obviamente, coisas totalmente dispensáveis. Alguns exemplos de slasher movies que pululavam nos cinemas e locadoras eram Natal Sangrento, Feliz Aniversário Para Mim, Pânico e por aí vai. A lista de produções é enorme e o próprio Halloween conseguiu uma sequência em 1981.

Quem assistiu Halloween II sabe que o longa-metragem é finalizado de uma maneira fechada. Portanto, filmar uma terceira (e até mais) sequências protagonizadas pelo assassino mascarado Michael Myers seria mera emulação do também icônico personagem Jason Vorhees, atração principal da franquia Sexta-Feira 13. Nesse caso, o diretor John Carpenter e a produtora Debra Hill optaram por trilhar um caminho diferente e corajoso: continuar usando o título Halloween, mas sem a presença de Michael Myers, Jamie Lee Curtis e companhia limitada. Até mesmo Carpenter cedeu a cadeira de diretor para Tommy Lee Wallace e ficou apenas como produtor. A ideia foi usar Halloween para contar histórias independentes, porém ainda assim envolvendo o Dia das Bruxas.
 
Pois bem, Halloween III saiu do papel conforme desejaram John Carpenter e Debra Hill. O filme possui uma trama sem o vilão mascarado trucidando vítimas e sem a atriz Jamie Lee Curtis gritando feito uma condenada. No lugar disso, o roteiro traz uma narrativa interessantíssima que mistura elementos sobrenaturais aliados a conceitos de ficção científica, tudo sob um clima de filme de investigação. 


Infelizmente o público rejeitou essa bruscas mudança e muitas críticas meteram o sarrafo no longa-metragem com a mesma ânsia do Michael Myers passando a faca nas suas incautas vítimas. Será que se essa inocente produção não tivesse o Halloween no título a recepção seria diferente?

Dúvidas à parte, a sinopse traz o Dr. Daniel Challis (Tom Atkins), um médico divorciado que enfrenta problemas com o alcoolismo. Durante um plantão noturno no hospital, o médico testemunha a chegada de um amedrontado velho severamente ferido, Harry Grimbridge (Al Berry). O idoso profere algumas palavras aparentemente desconexas e depois é assassinado no leito por um sujeito misterioso que se suicida com fogo logo em seguida. Apavorado com este evento incomum, o Dr. Challis recebe a visita da filha do velho assassinado, Ellie (Stacey Nelkin), e juntos iniciam uma investigação particular sobre o estranho acontecimento. 


Durante a investigação, no melhor estilo Arquivo X (muitos anos antes dessa série televisiva nascer) ambos chegam na pequena cidade de colonização irlandesa chamada Santa Mira. Lá eles percebem que tudo é controlado por um empresário de comportamento deveras suspeito. O tal empresário, Conal Cochran (o irlandês Dan O´Herlihy) é dono de uma fábrica de máscaras de Halloween, a Silver Shamrock Corporation.

A partir de então o filme entra em uma espiral que mistura magia, rituais, ficção científica e, surpreendemente, até cenas de mortes sangrentas bastante apelativas, mas que podem ser um verdadeiro deleite para os espectadores mais chegados a momentos gore.


Halloween III tem qualidades notáveis, possui um roteiro em que a todo instante surgem situações novas e ousou escapar do conforto que era, na época, fazer um slasher movie convencional. E vale lembrar que ainda nos anos 80 os próprios slasher movies já passaram a apresentar sinais de desgaste. Infelizmente essa terceira sequência (que nem funciona como sequência) foi vilipendiada justamente por ter fugido demais da fonte original. 


O ódio mortal pelo longa-metragem quase que arruinou completamente a carreira do diretor Wallace, que mais tarde dirigiu produções vagabundas para TV e sequências fuleiras como A Hora do Espanto 2 e Vampiros 2 - Os Mortos. Talvez o trabalho mais relevante do cineasta nesse período foi a minissérie televisiva It – Uma Obra-Prima do Medo, lançado em 1990, baseada no livro A Coisa, de Stephen King.

O fato é que a equipe de produção de Halloween III, depois de levarem tanta sapatada dos críticos e do público, se viu obrigada a ressuscitar Michael Myers em sequências constrangedoras que entregam o mesmo feijão e arroz de sempre, mas só que sem gosto e com o reles propósito de garantir as estantes das locadoras abastecidas.

Ao todo, a franquia Halloween conta com oito sequências. Há também uma refilmagem e uma continuação da refilmagem.

Recomendado para: Quem assistiu o filme há muito tempo e quer dar uma chance e também para quem não assistiu e quer apenas uma boa trama com mistérios sobrenaturais e tecnologia. 









Título: Halloween III - A Noite das Bruxas
(Halloween III: Season of the Witch)
Direção: Tommy Lee Wallace
Ano de Lançamento: 1982
Tempo de Duração: 98 min
Gênero: Terror

Previous
Next Post »