Por trás dos bastidores da música


Acreditem, hoje em dia o famigerado jabá é prática corriqueira na indústria musical. No Brasil, por exemplo, o jabá já faz parte da nossa música, mais ou menos, assim como a pilantragem já faz parte da CBF. Contudo, o jabá não é invenção nossa. Na verdade, ele surgiu em mil oitocentos e trinta e quatro, época em que o britânico Thomas Chappell (empresário da Chappell Music) deu uma graninha para que a cantora lírica Clara Butt acrescentasse no repertório dela algumas canções da empresa de Chappell.


Já a “maléfica” pirataria musical (que é a eterna dor de cabeça dos conglomerados da indústria cultural) teve a sua gênese em mil novecentos e cinco, quando prenderam um cara que vendia cópias falsificadas de partituras famosas pelo (quase) o mesmo preço das legítimas.

Todos esses fatos curiosos acerca dos negócios da música estão em um livro chamado Ta-ra-ra-boom-de-ay: The Dodgy Business of Popular Music. Apesar do nome escalafobético, o livro contém casos interessantíssimos sobre o “salve-se quem puder” no lucrativo jogo do mercado musical, mostrando que a arte, por mais que teime em ser vista apenas como um bênção das musas, uma epifania transcendental, um toque divino e demais metáforas fofinhas, é também um artigo valioso no capitalismo selvagem.

O livro traz também o caso da empresa Essex Music que, no início dos anos 60, ignorou um sujeito chamado Brian Epstein, que empresariava uma bandinha de Liverpool formada por quatro carinhas. Nem preciso comentar o quanto os representantes da Essex Music devem ter se arrependido, não é mesmo?

Outro caso interessante foi quando Michael Jackson, após chegar ao ápice com o sucesso do álbum Thriller, comprou as músicas dos Beatles com a mesma facilidade de quem vai na esquina comprar balas de goma. 


Após o negócio efetuado, Michael vendeu All You Need is Love para a Panasonic e Revolution para uma propaganda da Nike. Para Paul Mcartney, restou apenas ficar nervosinho diante do acontecido.


O livro foi escrito pelo inglês Simon Napier-Bell, um empresário de 75 anos que conhece profundamente as entranhas do mercado musical. Napier-Bell foi empresário dos Yardbirds e fala com propriedade sobre estratégias de agentes e artistas, mostrando que no mundo da música não basta ter bons ouvidos, tem que ter também os olhos bem abertos.
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