Certas vezes é tudo uma questão de
entendimento.
Alguém, no caso de O Cavaleiro
Solitário, entendeu que um faroeste custando $215 milhões seria um bom investimento.
Quem sabe por contar com o diretor Gore
Verbinski, responsável por pelo sucesso da franquia Piratas do Caribe, ou
talvez pelo fato de que novamente ele faria dupla com Johnny Depp.
Sei lá, também.
O que importa é se o filme é bom
realmente, mas isso é pra mim.
No caso de quem assina o cheque
interessa muito mais se vai passar de $1 bilhão.
Esse jogo de interesses, claro,
influencia no resultado final.
Então, a sequencia pirotécnica e
michaelbayana no início do filme durante a ação no trem parece
muito contextualizada.
E é muito bem feita, inclusive.
O longa-metragem de Verbinski joga
com flashbacks seguidamente, tendo aquela estrutura de “um cara
contando uma história pra um guri”.
Fica evidente que esse macete serve pra
facilitar no esclarecimento de uma trama que se espera seja grande o
bastante pra preencher a metragem de 2h e muitos minutos. Mas o que não
serve é pra tornar o protagonista John Reid/O Cavaleiro Solitário interpretado pelo Armie Hammer
um protagonista.
Não somente pela caracterização
destacada do Johnny Depp, mas também pela construção muito
mais interessante e elaborada do passado do índio Tonto,
John Reid é que parece ser o sidekick.
Quanto ao andamento da trama, tudo é
bastante acelerado e isso é até o caminho óbvio, sendo que o
retorno em bilheterias teria que ser imediato, especialmente em se
tratando do filme que foi prenunciado um dos maiores potenciais
fracassos de bilheteria de 2013.
Em O Cavaleiro Solitário,
porém, essa necessidade de ser “interessante” acaba por
desperdiçar um potencial que o longa-metragem tinha, e que seria alcançado caso tivesse uma história simples porém bem contada.
Em nada favorece a sobreposição de
informação em um filme de origem, que transita entre estilos em um
enredo alongado e que seria muito mais atrativo caso tivesse sido
pensado desde o começo afinal o que se pretende com a história.
O jeitão de roteiro perdido é algo
que posso destacar principalmente em dois exemplos, que me fazem
lembrar “Era Uma Vez no México”: o primeiro é o
“gadget” da personagem de Helena Bonham Carter, e o
segundo é o desfecho, quando alguém eleva o volume da trilha sonora
clássica e faz o espectador se perguntar se não percebeu quando
acabou um filme e começou outro completamente diferente.
O Cavaleiro Solitário é um filme cheio de qualidades, várias boas piadas, boas sequências de ação, uma produção primorosa, e vários momentos divertidos.
Porém, o somatório disso não resulta em um longa-metragem que mereça adjetivos parecidos com os da frase acima, o que aumenta a decepção com um trabalho tão desencontrado do diretor.
Com menos dinheiro, e menor metragem muito cineasta já
criou obras muito mais envolventes e interessantes.
E com elencos menos notórios
muito filme tornou-se muito mais marcante.
Com um ar de "O Besouro Verde" (2011) o filme de Verbinski talvez
tenha simplesmente iniciado com o pé errado.
Numa próxima, se o western da
temporada não vier com a exigência de ser um Piratas do Caribe
com cowboys e índios, possivelmente a megalomania não vai se
sobrepor ao filme em si.
Quanto vale:
O Cavaleiro Solitário. Recomendado pra: assistir pausando
de vez em quando sem prejuízo do entretenimento.
O Cavaleiro Solitário
(Lone Ranger)
Direção: Gore Verbinski
Duração: 149 minutos
Ano de produção: 2013
Gênero: Ação/Aventura/Western
Confere NESSE LINK a crítica de outros indicados ao Oscar 2014.
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