Assistindo Depois da Terra, mais novo trabalho do diretor M. Night Shyamalan o filme que me veio à mente foi inesperadamente o recente hit jovem cinematográfico “Jogos Vorazes”.
A sensação ao
assisti-los foi similar.
São ambos filmes
bem feitos, com produção adequada, e direção competente no que se
refere a transmitir ao espectador a visão desse mundo distópico, o
qual eles apresentam.
Mas ao mesmo tempo,
são exatamente o que se espera deles desde o minuto inicial até os
créditos finais numa obviedade incômoda.
Há
caminhos diversos nos dois, é claro, mas nesse quesito um emulou o
outro, mesmo que haja uma considerável diferença de qualidade entre
eles.
Quanto a Depois
da Terra, o filme que é protagonizado por Will Smith,e seu filho Jaden Smith (do remake de Karate Kid), e os apresenta, de modo que é impossível não comparar
personagens e atores.
Will Smith interpreta o Coronel Cypher Raige,
pai do personagem de Jaden, o aspirante a cadete Kitai
Raige.
A trama se passa em um futuro no qual a humanidade já desencanou da Terra, porque havia
esculhambado tudo por aqui, escolhendo outras paragens no espaço pra
colonizar.
Nessas andanças
pelos planetas, eles acabam esbarrando em umas criaturas a la “Tropas
Estelares”, que eles convencionam chamar de “ursas”, mas
nada que impeça Will Smith de ser o salvador da humanidade
contra os tais seres.
No entanto, o que é
comum no cinema de Shyamalan é que a sinopse, por mais
loucona que seja, acabe servindo pra desenvolver algum drama humano.
É assim mesmo
quando não se percebe, ou quando ele não consegue desenvolver direito.
Então, quem
revisitar os DVDs/Blu-rays de O Sexto Sentido, Corpo Fechado,
Sinais, A Vila, A Dama na Àgua, Fim dos Tempos, ou O Último
Mestre do Ar vai encontrar algo mais além do que ele faz parecer
que vai contar no teaser trailer.
Claro que,
ultimamente ele não tem trazido muitos motivos pra que seus filmes
sejam revisitados, mas trata-se de um cineasta diferenciado, daqueles
que tenta sempre realizar algo novo.
Depois da Terra
segue nesse intento dele, e vai forçar pai e filho protagonistas a
uma lição de convivência e amadurecimento quando acontece uma
cagada durante uma viagem estelar, e isso os leva a uma luta por sobrevivência.
O drama familiar tem
seu turning point a partir daí.
No entanto, o cinema
de Shyamalan parece amarrado a um estilo que não é o seu.
Os diálogos, e a
forma de apresentar a carga dramática responsável por afastar os
dois personagens principais é mostrada com todos os trejeitos que já
encheram a paciência de qualquer um que tenha assistido uns 20
filmes na vida, que sejam.
Além disso, ainda
que Jaden Smith interprete corretamente a fragilidade do jovem
filho da lenda de guerra, a verdade é que seu personagem não motiva
nenhum interesse em acompanhar sua jornada de aprendizado porque o roteiro o faz uma figura inerte.
O Kitai que
ele interpreta é fraco, e de motivações insípidas, enquanto que o
personagem de Will Smith, ao fazer o que se pede, que é ser
frio e não demonstrar medo, completa a dupla que não faz o
espectador ter curiosidade em saber seu destino.
Aliar isso a um
roteiro previsível e frouxo só faz com que os efeitos especiais
competentes virem auxiliar pro sono induzido pelo longa-metragem.
Tudo o que se
imagina que aconteça, realmente vai acontecer nessa fábula moral
que poderia muito bem ser resumida em uma produção de meia hora.
Tantos filmes
conseguiram contar um drama sci-fi envolvente e inteligente com
poucos recursos e elenco reduzido, que nem o filme “Lunar”,
recentemente comentado aqui no Blog.
Tanto filmes antes
já conseguiram resultados mais que satisfatórios ao lidar com a
relação pai e filho (Kramer Vs. Kramer é um Oscarizado bom
filme, por exemplo), enquanto Shyamalan errou a mão com um
sem gosto sci-fi muito fácil de esquecer.
Além disso, não há
crítica político-social, nem cenas de ação impressionantes, e nem
uma novidade tecnológica que nem a que mascarou o fraco e pueril
roteiro Ctrl C de Avatar.
Depois da Terra
é um filme tão medíocre, que após ser assistido não impele nem
mesmo comentários de crítica pelo público.
É como se nada
houvesse sido assistido, e uma hora e quarenta de sua vida tivesse sido
simplesmente subtraída.
Quanto vale:
Depois da Terra. Recomendado para:
tirar a sesta.
Depois da Terra
(After Earth)
Direção: M.
Night Shyamalan
Duração: 100 minutos
Ano de produção: 2013
Gênero: Drama/Ação/Ficção Científica
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