Quando
o eletricista Ron Woodroof vai ao hospital devido a um acidente
de menor gravidade ocorrido no trabalho, ele já chega com os dias
contados. Ele que ainda não sabe.
O
médico fala o tempo que lhe resta e a partir daí nada na vida dele
poderia ser igual, e não vai ser mesmo.
Baseado
em fatos, o filme contando a historia do jogador compulsivo,
trambiqueiro, viciado em drogas e em mulheres que cobram barato pela
fração de relacionamento que interessa a seus clientes, é
claramente pelo menos uns dois filmes em um.
A
primeira etapa desse trabalho do diretor Jean-Marc Vallée mostra um cara
tão sem rumo que persiste um humor pela aceitação de que
ele é um loser sobrevivendo na gambiarra.
Ele é
o que é, mas sem nunca parecer frustrado o bastante pra pensar em
encontrar outro rumo.
Nem
mesmo sua condição física parece incomodar. Ainda que, qualquer
espectador que conheça algum outro trabalho na filmografia do
Matthew McConaughey (que interpreta o protagonista) vai com
certeza ficar incomodado com o aspecto do cara.
Irreconhecivelmente mais magro, é impossível não lembrar do que fez Christian Bale
em O Vencedor (2010), e eu nem menciono o exemplo de O
Operário (2004), porque aí o nível já é outro.
Afinal,
não é apenas o sacrifício físico o que se destaca. O ator, que
faz tempo demonstra ser mais ator do
que o mero galã que se esperava dele, é um grande trunfo na produção.
que o mero galã que se esperava dele, é um grande trunfo na produção.
Não
apenas ele.
Jared
Leto, que escolhe muito poucos papeis é quase irreconhecível
interpretando o homossexual Rayon semelhantemente
com os dias contados.
Os
dois são a maior qualidade do filme, que nesse primeiro momento
possui um andamento mais dinâmico, e com um humor natural que trata
de equilibrar as coisas, tendo em vista ser essa uma historia que
dialoga constantemente com a morte, doença, e completa desesperança.
Só
pra constar, esse filme conta ainda com Jennifer Garner no
elenco, em uma quase função de interesse romântico, e no papel não
acrescenta nada. Muitas outras atrizes poderiam realizar o mesmo
trabalho, ou melhor, sem procurar muito entre os nomes mais
conhecidos de Hollywood atualmente.
No roteiro escrito por Craig Borten e Melisa Wallack, vemos os anos 80 em que a AIDS virava palavra habitual no vocabulário de muita gente, e uma quantidade alarmante de pessoas ainda acreditava que a doença poderia ser transmitida pelo toque, e o tratamento era tão difícil que muita gente se submetia a servir de cobaia de qualquer novo de medicamento em teste, mesmo que isso tivesse grandes chances de apenas acelerar a morte do paciente.
Nesse
contexto, o tal Clube de Vendas foi, ao mesmo tempo a alternativa encontrada por Ron pra faturar, e uma declaração de guerra
contra a indústria farmacêutica.
Meio
sem querer, porque o protagonista só quer mesmo garantir o dinheiro
dele (pelo menos no começo).
A
ousadia e polêmica são potencialmente altas.
Mas
ficam mais no potencial, e tudo graças aos ”dois filmes em um”
mencionados acima.
Enquanto
a primeira etapa apresenta os personagens e suas motivações pra
buscar uma alternativa “profissional”, a segunda, que seria
quando isso resulta em impacto efetivo diante das consequencias
vividas pelos personagens que tanto a AIDS, quanto o cerco do governo
provocam, simplesmente não engrena.
Assim, todo o desenvolvimento deles resulta em algo anti-climático, e muito de muito menor impacto, especialmente tendo em vista que a temática deixa todos os recursos à disposição pra isso.
Assim, todo o desenvolvimento deles resulta em algo anti-climático, e muito de muito menor impacto, especialmente tendo em vista que a temática deixa todos os recursos à disposição pra isso.
Tudo
que o filme precisa está ali, mas Clube de Compras Dallas é
um longa-metragem morno e sem grandes tentativas de ser nada mais.
A
historia se desenrola de modo a não deixar muito pra surpreender o
espectador, e ser um filme biográfico não deveria ser desculpa pra
isso.
Vale
pelo registro, e claro, pelas atuações da dupla que o protagoniza,
mas sem maiores acertos do diretor em incrementar a carga dramática,
o filme tem mesmo é que curtir o hype pós-indicação ao Oscar,
porque daqui a não muito tempo a forte tendência é ficar no esquecimento.
Clube de Compras
Dallas. Recomendado para: conhecer fatos dos anos 80 que não é
comum ver no cinemão hollywoodiano.
Clube de Compras
Dallas
(Dallas
Buyers Club)
Direção: Jean-Marc Vallée
Duração: 117 minutos
Ano
de produção: 2013
Gênero:
Drama
Confere NESSE LINK a crítica de outros indicados ao Oscar 2014.
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