De uns
tempos pra cá, a quase hegemonia nos favoritos ao Oscar de melhor
filme de animação tem sido até um tanto óbvia.
Se no
ano passado o premiado foi o medíocre “Valente” (2012), apenas
comprova que os critérios de avaliação estão ignorando algo.
Afinal,
será que avaliando produções do mundo todo os melhores
longa-metragens de animação sempre devem ter na lista anual os
blockbusters que cada vez mais têm recebido o rótulo de medianos,
“porém divertidos”.
Não
tô dizendo que isso garante coisa nenhuma. Podem ser uma droga
também.
Mas
verdade é que basta o primeiro vislumbre da arte da animação
francesa Ernest & Celestine pra
simpatizar com o filme.
simpatizar com o filme.
Essa
adaptação dos contos infantis de autoria de Gabrielle Vincent possui um tipo
de beleza que as produções mais modernosas do segmento hoje em dia
não conseguem nem de perto rivalizar (no meu entender).
O
filme dos cineastas Stéphane Aubier, Vincent Patar, e Benjamin Renner resgata perfeitamente a
essência dos livros infantis desde a primeira cena.
O
enredo é protagonizado pela ratinha Celestine (dublada por
Pauline Brunner), que vive em um mundo no qual os da sua espécie
respiram uma aversão mútua com relação aos famigerados ursos. Até que ela conhece o urso chinelão Ernest (dublado pelo Lambert Wilson).
Aversão
esta ensinada com didática constrangedoramente manipuladora
ministrada pela governanta do orfanato em que vivem outros tantos
pequenos roedores.
A
sociedade é basicamente opressora de uma forma bem inusitada pro
tipo de filme que “Ernest & Celestine” parece ser.
Existe
uma dose forte de crítica e ousadia no filme, que um olhar desatento
pode deixar passar.
A
retórica sobre aceitação das diferenças conduz o enredo e talvez
pras crianças isso mal seja perceptível, mas pra um adulto que
acompanhe seu filho isso adiciona interesse que a singeleza dessa
historia reconhecidamente infantil poderia perder pelo direcionamento
pro público-alvo ao qual se propõe enquanto cinema.
Não é
em piadinhas e dubladores famosos que o longa-metragem se sustenta.
E
também não é a animação tradicional que o destaca, mas não
poderia ser tudo no projeto.
Então,
os animais falantes, piadas eventuais, e atmosfera de conto de fadas
(e obviamente conto moral) são a fórmula em prática, pra que não
haja tamanho estranhamento com o discurso nas entrelinhas, que
trabalha bem a questão ao longo do conflito entre ursos e ratos.
"Ernest & Celestine" é com certeza um filme muito sincero.
"Ernest & Celestine" é com certeza um filme muito sincero.
Possivelmente,
o roteiro estritamente voltado ao público infantil possa espantar
quem busca as produções abrangentes dos grandes estúdios
estadunidenses, com roteiro que tenta alcançar crianças, e
adolescentes, e na medida do possível, adultos, de maneira cada vez
mais evidente.
“Ernest
& Celestine”, o filme, ainda é uma daquelas historias que os
pais contam pros filhos dormirem, e pelas quais geralmente não têm
interesse pessoal em ler, mas
que sabem que na essência possuem algo pra ser dito.
Ernest
& Celestine. Recomendado para: conhecer um filme puramente infantil. Mas que só pra variar, tem algo pra dizer pros adultos.
Ernest
& Celestine
(Ernest
et Célestine)
Direção:
Stéphane Aubier, Vincent Patar, e Benjamin Renner
Duração:
80 minutos
Ano
de produção: 2012
Gênero:
Drama/ComédiaConfere NESSE LINK a Crítica de outros indicados ao Oscar 2014.
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