Pensa
bem. É a combinação perfeita.
Adaptação
de best-seller, com historia que se passa durante a guerra, com viés
humano, protagonizado por uma criança e voltado a lacrimejar o
público.
Portanto,
só de ver o título do filme “A Menina que Roubava Livros”,
do diretor Brian Percival, existe uma parcela gigante de
público disposta a investir 2 horas e 11 na produção.
Nesse
drama de guerra, adaptação do livro do Markus Zusak, pelo
roteirista Michael Petroni, em que a guerra quase não dá as
caras, a menina Liesel, futura ladra (ela diz pegar
emprestado) vai morar na casa do casal Hans (Geoffrey Rush) e
Rosa Hubermann (Emily Watson), na Alemanha rumando pra desgraça por dar atenção pro que um tal Hitler esbravejava.
Nesse
ínterim, a guria aprende a ler e percebe que, não importa o quanto
um livro é legal, ler só ele sempre não é assim tão massa.
Então
alternativas surgem pra que ela tenha acesso a novas leituras,
enquanto o enredo traz as recauchutagens tradicionais quando um
roteirista precisa jogar de vez em quando pra não deixar a trama na
mesmice.
Todas
elas vocês já viram antes.
Eu não
vou mencionar pra que se por acaso vocês esbarrarem no filme nas
vielas da internet, ainda haja esse mínimo de chance de se agradar
com alguma coisa na produção. Mas adianto que envolver nazismo, e esse aprendizado pelos olhos de criança da loucura da guerra não é nem perto do impacto que poderia ter.
Aliás,
no quesito técnico, o filme é muito caprichado. Fotografia
equilibrada demarcando bem os diferentes ambientes, trilha sonora
batida mas correta, ambientações perfeitas, e os etc que só servem
mesmo se o roteiro, atuações e direção forem acima da média.
Mas
ainda que o elenco faça o feijão com arroz que pelo jeito era o
entendimento do diretor do que é ser dramático, isso não chega nem
perto de ser o bastante.
O cineasta consegue desperdiçar cada mínima chance de não ser academicamente chato pra caramba, e assim todas as oportunidades de ser emocional passam batidas.
Tem
muito peso em cada palavra proferida pela atriz mirim Sophie
Nélisse.
Afinal,
ela contracena com o Geoffrey Rush, e a Emily Watson.
Além disso, esse é um filme em que se envolver com o drama da
protagonista faz toda a diferença.
Mas é
preciso muita boa vontade pra que isso aconteça.
E isso
não tem a ver com o talento da menina, e sim com uma direção tão
desacertada que faz lembrar de adaptações literárias que ganharam
adaptações ruins em minisséries da Globo.
Uma
série de recortes de momentos pretensamente dramáticos, que ganham
um ar apressado e desconjuntado .
A
trama no filme parece que não anda. Ela dá saltos.
Sem
envolvimento, sobra mais tempo pra pensar na próxima cena, que
muitas vezes vai passar a impressão que o filme está sendo visto
pela segunda vez em uma semana.
Nos
seus finalmente, o filme parece ter uma meia dúzia de finais falsos,
em que o volume da trilha sonora do John Williams aumenta e se inicia um
discurso com cara de pré-créditos finais.
Discurso
da morte geralmente. Isso porque ela própria é o narrador do filme,
e especialmente nessa parte final ganha muitas linhas do roteiro pra
tentar devolver a dramaticidade ausente no desenrolar que várias
vezes parece que vai deixar de ser anti-climático pra recomeçar do
zero seu andamento.
“A
Menina que Roubava Livros” é o filme integrante da onda atual de se garantir em sucessos consolidados em outras mídias, e que algumas
pessoas podem consumir com um saldo mais agradável por ser
exatamente o que estão querendo assistir no momento, e não tem nada
de errado nisso.
O
problema é ser só isso.
Quanto
vale:
A
Menina que Roubava Livros. Recomendado para: um outro olhar sobre os traumas do nazismo, em um filme que pede pra ser esquecido.
A
Menina que Roubava Livros
(The
Book Thief)
Direção:
Brian Percival
Duração:
131 minutos
Ano
de produção: 2013
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