O tema
em si já era polêmico.
Mas
com essa abordagem escolhida pelo diretor Thomas Vinterberg a
tendência é a discussão ser ainda maior.
“A
Caça” (Jagten) não é um filme fácil.
É
daqueles em que as atitudes dos personagens não são algo que se
responde quando alguém pergunta “mas por que ele fez isso?”.
Tal
qual pessoas reais, as atitudes e reações dos personagens do filme
seguem motivações por vezes muito menos racionais ou lógicas, e
por isso as conseqüências pra cada palavra ou opinião podem ter um
peso capaz de destruir alguém.
De
acordo com a sinopse, um professor de jardim de infância acaba
vítima de um boato. Pouca coisa não?
Mas um dos pontos altos do filme é exatamente trabalhar bem a aparentemente ordinária situação pra evidenciar a força que isso pode ter. O quanto isso pode destruir alguém.
O ator
Mads Mikkelsen (o mesmo do seriado surpreendentemente massa "Hannibal") interpreta Lucas, o tal professor, que sente na
pele a incapacidade de reagir diante de algo tão simples.
O
filme do diretor Thomas Vinterberg destina tempo suficiente
pra que a paz da comunidade ao redor de Lucas fique bem perceptível.
O
protagonista é muito bem-quisto e sua conduta social lhe permite ser
rodeado por amigos.
Além
disso, tudo demonstra que ele é um bom professor, e não haveria
nada pra suspeitar com relação a ele.
Por
isso que o plot twist exerce um efeito tão forte.
Com o
elenco liderado por um dos melhores atores de épocas recentes, o
cineasta possui caminho aberto pra explorar as conseqüências de um
pequeno ato que acaba trazendo à tona a irracionalidade que atropela
etapas de julgamento e só faz as proporções do problema fugirem do
controle mais rápido.
Sem
receio em exagerar (até porque não é uma afirmação de que são
parecidos, necessariamente) “A Caça” me lembrou
“Oldboy”, do Chan-Wook Park. Tanto pela utilização narrativa de alguns
elementos do roteiro, quanto pela própria capacidade de provocar o
tipo de angústia e demonstrar a opressão à qual os personagens são
vítimas pelo contexto.
Além
da coragem pelos desdobramentos da trama, o filme do diretor
Vinterberg faz as escolhas certas de quando empregar a
violência física, e quando deve manter no diálogo a agressão.
Fosse
um inimigo convencional, ou ameaça meramente de ordem física, o
roteiro poderia encontrar soluções bem mais fáceis pra permitir ao
protagonista um final feliz.
Mas
depois de algo plantar a desconfiança, a amizade ou razoabilidade
deixam de integrar a lista de atributos humanos.
Não é
preciso muito pra que uma pessoa de bem se torne um monstro, é o que
mostra esse estudo em forma de filme.
Se o
Oscar não tivesse o hábito de separar os os longa-metragens em time da casa e
estrangeiros, “A Caça” seria um favorito a melhor filme.
Quanto
vale:
A
Caça. Recomendado para: enxergar as coisas mais simples de um ponto de vista desconfortável.
A
Caça
(Jagten)
Direção:
Thomas Vinterberg
Duração:
115 minutos
Ano
de produção: 2012
Gênero:
Drama
Confere NESSE LINK outras Críticas de indicados ao Oscar 2014.
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