Nem
adianta me dizer, que eu sei que não fui o único a conjecturar
isso.
Pra
que filmar uma sequência do filme “300”?
Mas
ainda que muitos tenham sido os que perguntaram, com certeza foram
poucos ou nenhum que soube responder.
Claro
que tem o fator $, porém mesmo nesse quesito o filme não seria
garantia de porcaria nenhuma.
Isso
porque, invés de ganhar status de sequência, ele parecia desde
sempre apenas um spin-off oportunista e canastrão, além de que,
fora o estilo do cineasta, e os personagens atuados na medida pelo
elenco da época, o qual se prestava a ter Michael Fassbender em papel coadjuvante pouca fala, o que sobrava eram frases de efeito correndo o
risco de soar cômicas proferidas por ator de nem meia tigela.
Evidente
que, sendo algo inevitável, só restava assistir pra saber se essa
impressão negativa não seria resultado de um marketing fracassado.
Mas de
começo “300: A Ascensão de um Império” não se ajuda.
Tudo
que consegue demonstrar no seu fingimento de ser algo novo, é que
tudo isso o público já viu, e não tem o mesmo apelo que teve em 2006 quando Zack Snyder soube transformar a obra do Frank
Miller em um divertido e sanguinolento blockbuster de relevância
passageira.
Mas em
2014, quando foi lançado, “Ascensão de um Império” já não
era parte de uma nova onda de filmes de HQs, e nem contava com a
empolgação das plateias ávidas por qualquer novidade no segmento.
Nem tinha no seu apelo visual algo de novo, porque a essa altura até
um filme (?) chamado “Espartalhões" (2008) já havia sido lançado,
ajudando pra transformar qualquer coisa parecida com o “300”, em
algo parecido com uma paródia.
O
visual elaborado pro primeiro filme já tinha chegado a um ponto que,
se não era de completa exaustão, também não era mais tão interessante.
No
entanto, pro tipo de filme que a franquia visa criar, e deixou claro
quando reconheceu ser uma franquia e não um filme apenas, ainda
existem outros pontos relevantes pra faturar.
Um
deles é a ação.
Óbvio.
Nessa
parte do trabalho do diretor Noan Murro se percebe toda a boa
vontade do mundo em superlativar todo e qualquer aspecto referente
aos embates, sejam eles embates marítimos, ou espadada
desmembrativa, o que
é inútil.
Na sua
vontade de arremedar seu predecessor, mesmo que as batalhas pareçam
ferozes, e o perigo iminente responda com fúria e discurso de
dominação, convenhamos: ninguém consegue levar isso a sério.
Nem
aquele pouco pra comprar a ideia de um blockbuster de verão, sem
importância nenhuma já no momento de entregar o óculos 3D.
Nem
isso.
Mas
quem sabe não deva ficar tudo na conta do diretor.
Seu
elenco é liderado pelo Sullivan Stapleton, que jamais passa um fiapo
de credibilidade ainda que mantenha a postura espartana de esbravejar
e demonstrar pouco ou nenhum senso de auto-preservação durante as
lutas.
O
grande algoz, que seria o orquestra do perrengue, é um Xerxes tão
excessivamente fantasioso e descreditado, que seria um daqueles casos
em que poderia ser suprimido da história sem nada ser perdido, mesmo
que isso não seja necessariamente culpa do Rodrigo Santoro, afinal o
roteiro lhe cede umas cenas e falas bastante ridículas e sem fundamento.
Mais
confortável, e com alguma importância pros rumos da história é
Artemísia, personagem da Eva Green, e que parece abraçar o tom
caricatural excessivo, tornando-se uma casca de canastrice
masoquista, que na verdade era o que o filme teria que se aceitar,
pra assim ganhar os pontos em uma avaliação.
O primeiro “300” pode até ser apenas um reflexo funcional do cinema brucutu que o Stalone insiste em revisitar, mas o grande mérito do trabalho do Zack Snyder, foi criar uma obra sisuda com as jogadas espertas que não fingiam se tratar de um épico dramático, afinal é um blockbuster de ação bem coreografada, com frases de efeito pra alimentar memes por gerações, e o discurso de sacrifício exacerbado.
E no
caso de “300: A Ascensão de um Império” o problema é
exatamente este: se levar a sério demais, e deixar o entretenimento escanteado no roteiro.
Porque
además, o que “A Ascensão de Império” tem de bem feito parece
um vídeo do youtube compilando aberturas de games bem realizadas, e
isso, meus amigos, por mais que sejam games bem produzidos, não vale
um ingresso.
Quanto
vale:
300: A
Ascensão de um Império. Recomendado para: um caça-níqueis rasteiro disfarçado com alguns efeitos especiais.
300: A
Ascensão de um Império
(300:
Rise of an Empire)
Direção: Noan Murro
Duração: 102 minutos
Ano de
produção: 2014
Gênero: Ação/AventuraSign up here with your email
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