Há tempos que produções cinematográficas baseadas em HQs já conseguem resultar em filmes minimamente interessantes. É óbvio que, algumas vezes, surgem alguns acidentes como Lanterna Verde e Quarteto Fantástico, mas no geral, a quantia de personagens que migra com êxito das páginas para a tela grande ainda é satisfatória.
Porém, quando o assunto são filmes baseados em games, a situação é bem diferente. As adaptações cinematográficas de jogos parece nunca sair da mesma fase. E que fase difícil, diga-se de passagem, visto que muitos filmes desse segmento não conseguem ser apreciados por qualquer criatura que tenha pelo menos dois neurônios em funcionamento.
Kristana Loken em Bloodrayne |
Um dos responsáveis por tal atrocidade é um cidadão nascido na Alemanha e que atende pelo nome de Uwe Boll.
Boll é um cineasta (?) que possui em seu currículo verdadeiros atendados, tais como House of the Dead, Far Cry, Alone in the dark, entre outros.
A má reputação desse diretor (??) é oriunda principalmente desses filmes baseados em games, porém no currículo dele (ou seria na ficha criminal) também estão incluídos coisas como Seed, Darfur, Auschwitz e por aí vai.
Uwe Boll ainda é um fenômeno que merece ser objeto de uma tese de mestrado, pois sabe-se apenas que ele nasceu na Alemanha, é um ex lutador de boxe, é falastrão e sempre tem sinal verde para utilizar atores e atrizes reconhecidos em filmes aparvalhados. Para se ter uma ideia, gente do porte de Burt Reynolds, Geraldine Chaplin e Ben Kingsley já foram desperdiçados por ele.
Será o senhor Boll o Ed Wood contemporâneo? Será ele um alienígena disfarçado e fazendo filmes assim com o intuito de testar os nossos limites? Ou será ele apenas um indivíduo que, para o horror dos outros, se diverte fazendo o que gosta?
Com o nobre objetivo de tentar compreender esse mistério, o Satélite Vertebral encarou um documentário chamado Visting Uwe Boll - The Uwe Boll Homestory.
Esse documentário, lançado em 2008, foi produzido por Fabian Hübner, um roteirista e apresentador de um programa de TV sobre cinema.
No documentário, Hübner faz uma visita a casa-escritório do insistente diretor alemão.
O filme é em preto e branco e alimenta ainda mais o mito fanfarrão de Boll, visto que o cara aborda, com notória autoridade, suas opiniões acerca de Stanley Kubrick, John Ford, Jean-Luc Godard e outros grandões.
O filme é em preto e branco e alimenta ainda mais o mito fanfarrão de Boll, visto que o cara aborda, com notória autoridade, suas opiniões acerca de Stanley Kubrick, John Ford, Jean-Luc Godard e outros grandões.
Já no início do filme, o protagonista encara a câmera e dispara: “Olá. Eu sou Uwe Boll, o melhor cineasta do mundo”.
Se ele falou sério eu ainda tenho minhas dúvidas, mas é difícil ouvir essa sentença e não cair da cadeira de tanto rir.
Em alguns trechos, Boll aponta os seus canhões para o top da indústria cinematográfica mainstream, declarando que os estúdios investem pesado em marketing para fazer com que verdadeiras tralhas pareçam obras de profunda qualidade (ah... nisso ele está certo).
No final do documentário, esse alemão, ex-boxeador que costuma desafiar a sua horda de detratores para subir no ringue, repentinamente fica irritado. Sem maiores explicações, acusa o autor do documentário de realizar tal projeto apenas para ridicularizá-lo. Em um rompante de fúria, o famigerado cineasta expulsa da sua casa a equipe de produção.
Para mim, esse inesperado ataque de fúria apenas reforça a ideia de que o projeto possa ser um falso documentário (mockumentary). Talvez seja mais uma brincadeirinha de Uwe Boll, mas em se tratando do cara que fez Alone in the dark e House of the dead, tudo é possível...
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