Nunsploitation: Filmes que até Deus duvida


Se às vezes, em contextos isolados, violência, sexo e religião são assuntos que acendem inúmeras polêmicas, quando andam de mãos dadas então...

E foi justamente por isso, por saber que unir esses três temas em filmes apelativos possui o mesmo efeito que colocar o dedo na ferida e depois ainda passar Merthiolate, é que alguns cineastas se aventuraram por um subgênero chamado nunsploitation. Do inglês, “nun” é freira. Já “sploitation”, é oriundo do termo “exploitation”, que significa exploração, apelação...

Assim como o nazisploitation (subgênero que já marcou presença aqui nesse blogue), o nunsploitation teve o seu ápice nas décadas de 60 e 70. Geralmente esses filmes eram produções europeias realizadas em países de forte tradição católica, tais como Espanha e Itália. No entanto alguns poucos exemplares desse gênero sensacionalista também foram produzidos no Japão, vide o longa-metragem School of the Holy Beast, que foi lançado em 1974 e mostrava que os nipônicos também sabiam pecar contra a castidade.


De uma forma geral, as tramas de tais filmes são obviamente centradas em conventos. Algumas histórias ocorrem durante a Idade Média, já de outros acontece no século XX, mas por mais que mude a época e o convento, o que tais produções apresentam em comum são cenas de sadismo e sexo capazes de corar o próprio Lúcifer. Um exemplo é o longa-metragem Satánico Pandemonium, produção mexicana dirigida por Gilberto Martínez Solares


E para quem aprecia catar referências obscuras em tudo que é canto da cultura pop, vale destacar que o espectador mais atento (para não dizer tarado) pode perceber que Satánico Pandemonium recebe uma sutil homenagem no filme Um Drink no Inferno (1995), dirigido pelo destrambelhado Robert Rodriguez.


Reza a lenda que esse subgênero deu os seus passos iniciais na época do cinema mudo, em um filme produzido na Suécia chamado Haxan. Mas foi a partir da década de 60, época de contestação e rupturas de paradigmas que os nunsploitations chegaram para fazer barulho. Foi nesse período que foram lançados os exemplares mais famosos, entre eles estão The Devils, dirigido pelo iconoclasta cineasta britânico Ken Russel. Esse diretor, que faleceu em 2011, gostava de “meter o balde no ângulo” ao realizar filmes que exploravam o lado mais obscuro da sociedade. 

The Devils, nesse caso, tem todos os ingredientes heréticos que um  nunsploitation precisa para levar os seus autores ao inferno: fanatismo, abuso de poder, cenas de possessão, erotismo e por aí vai. Além disso, o longa-metragem é baseado no livro The Devils of Loudun, escrito por Aldous Huxley (isso mesmo, o autor da ficção científica Admirável Mundo Novo). 


Outro nunsploitation que recebeu notoriedade de público e crítica é o exagerado Alucarda, produção mexicana dirigida em 1975 por Juan Lopez Monteczuma. Nesse filme, é retratado o caos quando duas freiras mostram os possíveis sintomas de uma possessão demoníaca. 

Há ainda também o italiano Joe D’Amato, que em 1979 dirigiu Imagens de um convento, preenchido com cenas de erotismo exacerbado.


E até a franquia Emanuelle possui a sua versão nunsploitation. O encarregado de tal divina missão foi o italiano Giuseppe Vari, quem em 1977 apresentou o seu Suor Emanuelle.


Nos anos 80 e 90 o subgênero perdeu fôlego e foram lançados apenas alguns títulos esporádicos. As mais recentes produções que mostram freiras fazendo o que não é ensinado nas aulas de catequese é o Nun of that (2009), dirigido por Richard Griffin. Há também o violentíssimo Nude Nuns With Big Guns (2010), sob a direção de Joseph Guzman.


Alguns exemplares de Nunsploitation  
Killer Nun (1978) - Dir: Alberto Berruti;  
The Other Hell (1980) - Dir: Bruno Mattei;  
They call her Cleopatra Wong (1978) - Dir: Bobby A. Suarez;  
Electric Bible: Sister Hunting (1992), Dir: Mamoru Watanabe;  
Nun Secret (1978), Dir: Hiroshi Mukai,  
The Nun and the Devil (1973), Dir: Domenico Paolella,  
The Las House on the Beach (1978), Dir: Franco Prosperi
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