Demolidor: Fim dos Dias



Brian M. Bendis é hoje um dos maiores nomes da editora Marvel. Por muito tempo, de 2006 até ano passado, foi o nome por trás da franquia Vingadores, escrevendo seus dois principais títulos até o ano passado. Hoje Bendis é o nome por trás dos X-Men, escrevendo seus dois principais títulos, All New X-men e Uncanny X-Men. O autor, que ainda escreveu algumas megassagas como Invasão Secreta e Era de Ultron, ficou famoso pelo seu trabalho no herói cego Demolidor, onde seu run durou entre 2001 e 2006. Em 2013, retomou brevemente ao universo do herói para escrever a minissére de oito edições Daredevil: End of Times, ainda inédita no Brasil.

Demolidor é um personagem criado por Stan Lee e Bill Everett em 1964, sendo a identidade secreta de Matthew Murdock, um advogado cego. Matt salvou um idoso de ser atropelado quando ainda era criança e a carga radioativa do caminhão que ele se jogou na frente caiu em seus olhos, deixando-o cego. O efeito colateral foi que todos seu sentidos foram aumentados e ele ganhou um sentido de radar, que substitui a visão. Matt pode identificar mentiras ou mesmo achar pessoas pela pulsação do coração de cada um. Além disso, é considerado um dos melhores lutadores corpo a corpo da Marvel pelo seu treinamento ninja.


Daredevil: End of Days é exatamente o que o nome nos conta: os últimos dias da vida de Matt, em um possível futuro do herói e do universo Marvel.. Após um confronto violento nas ruas da Cozinha do Inferno, bairro de Nova York que o Demolidor protege, ele é brutalmente assassinado pelo seu arquirrival, o Mercenário. O jornalista Ben Urich, na iminência do fechamento do jornal impresso Clarim Diário perante a popularização da internet, recebe a sua última pauta: contar a história dos últimos dias do Demolidor e o que significa Mapone, a misteriosa última palavra do herói antes da sua morte.



Sobre a trama, não quero me alongar porque cada spoiler prejudica muito a experiência da leitura. Mas vale dizer que Bendis faz o leitor acompanhar a investigação de Ben Urich, visitando os pontos e personagens mais obscuros do futuro da Marvel atrás de pistas para explicar a última história do herói caído. Esse ritmo, sendo muito mais uma história de investigação com algumas raras cenas de ação, funciona muito bem. O final responde a todos esses mistérios e amarra todas as pontas deixadas, não deixando o leitor na mão (o chamado efeito "final do Lost")


Bendis aproveita o fato da minissérie se passar num possível futuro para brincar com o destino de personagens importantes para o herói, como a sua ex-amante Viúva Negra, o psicopata Justiceiro, o Rei do Crime e seu já citado arquirrival Mercenário, que finalmente conseguiu matar Matt. A trama é digna de ser chamada para adultos, já que a violência é explícita e os temas são tratados de forma mais madura, assim como foi no run de Bendis na mensal do Demolidor.

A arte é simplesmente espetacular. Na maioria do tempo ela é suja e escura, combinando com o estilo Noir da trama, mas cada edição tem certos quadros no meio que são verdadeiras pinturas, geralmente utilizados quando estão falando do passado do herói. No começo até pode se estranhar, mas logo se acostuma e percebe o valor dela para a obra. Um dos pontos mais altos, com certeza.

Bendis é famoso pela qualidade (e quantidade) dos seus diálogos. Mais uma vez ele consegue caracterizar muito bem cada personagem, sejam os principais ou os novos, como o filho do Ben Urich, dando espaço para suas motivações, suas dúvidas e seu amadurecimento. O autor consegue fazer a trama andar a cada edição, evitando de ficar arrastado, mas sem parecer corrido demais. Parece que Bendis foi feito para esse tipo de trabalho, e não para escrever megassagas para a Marvel.

Daredevil: End of Days, mesmo contando o possível fim do personagem, funciona bem como porta de entrada para quem quer se iniciar no personagem. O que não dá para negar é que ela é perfeita para os veteranos como eu, uma verdadeira homenagem à vida do herói - mesmo com ele aparecendo raríssimas vezes nas oito edições. Desafio qualquer leitor deste blog a ler a primeira edição e não sentir vontade de continuar a acompanhar a trágica vida do protetor da Cozinha do Inferno.



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