Top 10+10: Melhores HQs que eu Li em 2012 (Parte 1)


Outra migração de um Blog largado às traças mutantes, este Top 10+10 há de servir especialmente pra contrabalançar as obras deploráveis que habitam o Top 5+5 de filmes que não valeram o ingresso (Parte 1 e Parte 2 nos links).
Desta vez, falemos do que prestou em 2012, porém, em se tratando de Histórias em Quadrinhos lidas (ainda que não obrigatoriamente lançadas) na contagem regressiva da chacota maia.
A ordem das HQs na listagem costuma mudar, então, se eu relesse todas, o Top 10 já viraria do avesso.
Mas no presente instante, há de ser isso.
Estejais convidados a conferir a lista abaixo:




10 Battle Royale
Véspera de Cineclube Quadrinhos S.A. 2012, e buscando me manter em dia com as HQs as quais teriam suas adaptações exibidas na programação do evento, retomei a leitura da série escrita pelo Koushun Takami e com arte do Masayuki Taguchi.

A verdade é que, depois de conferir a versão em quadrinhos, e também a em celulóide, posso afirmar que, aqueles que assistiram apenas o filme desconhecem o pesadelo gore ao qual os alunos escolhidos na trama foram submetidos no jogo de sobrevivência chamado apenas de "O Programa".
Ao longo das edições, a cada página o intenso cenário de ação e violência dedicada a desmembramento e explosões cranianas funciona tanto como entretenimento de primeiríssima grandeza, quanto crítica político-social afiada.
Na comparação, o filme empalidece e torna-se absolutamente descartável.
Não fosse especialmente pelo final ridículo, a série em quadrinhos estaria bem melhor posicionada neste Top 10.





09 Oeste Vermelho
Parecia mesmo que este western teria o meu apreço.

Então não foi nenhuma surpresa quando, ao chegar ao desfecho da trama dos ratos na luta por
sobrevivência contra os temerários felinos, eu decidi de imediato reler a história.
Escrita da maneira pragmática exigida de um bom faroeste, e com uma arte estilosa e perfeita, Oeste Vermelho é um excelente trabalho dos gêmeos Magno Costa e Marcelo Costa.
Facilmente na lista das histórias em quadrinhos brasileiras que tornaram este o melhor momento que as HQs nacionais já viveram, e mais facilmente ainda nesse Top 10.





08 Sangue Real 02 - Crime e Castigo
Tem sido uma espera amarga.

Os volumes de Sangue Real têm demorado pacas pra chegar ao alcance da minha dedicação obstinada em clicar em "download" no link do novo scan.
E não é preciso nem mesmo conhecer o argumento de Alejandro Jodorowsky (figura recentemente elevada ao patamar de "assunto reincidente" aqui no blog) pra ter a certeza de que a obra tem que ser lida de imediato.

Cada quadro dessa história medieval é ilustrado pela maestria embasbacante do Dongzi Liu, e isso apenas complementa o roteiro cheio de intrigas, podreza e traiçoeirada, que o Jodorowsky parece escrever com um prazer mórbido.
O futuro há de consolidar esta série pouco conhecida do público bazingueiro.
Aguardemos.






07 EP
devidamente resenhada aqui no Satélite, quando este ainda arriscava seus primeiros passos na órbita nerd, EP garantiu seu espaço na discografia quadrinhística de essenciais de 2012, e o fez com justiça.


O que me resta a dizer desta singular obra músico-quadrinhística de Dalts e Magentaking (roteiro e arte de ambos) é que poucas vezes uma HQ sem texto foi tão dinâmica e disse tanto por meio de uma utilização brilhante da fusão entre artes tão distintas, e ao mesmo tempo tão complementares.
EP é uma pequena obra-prima.
Tipo uma aula de narrativa gráfica em 48 páginas.





06 Arma X
Lamentavelmente, no período em que o meu desagrado com as HQs super-heroísticas atingiu um patamar crítico esta graphic novel foi uma das que decaiu ao balaio de "lidas um dia se lembrar".
Baita cagada.

Porque a absurda e genial narrativa do Barry Smith é pra abandonar de vez as mensais e convencionalmente pífias edições redundantes de super-heróis.
Pra ter um parâmetro de comparação, é o que eu imagino que seria o vindouro filme The Wolverine, caso permanecesse na direção o Darren Aronofsky, e caso estúdio não ficasse avacalhando com filme bom, e caso o Aronofsky estive numa vibe a la "Réquiem para um Sonho".
Sei que parece meio sem cabimento o que eu disse, mas é isso mesmo.
E nesse caso, o não fazer sentido aos moldes filme pirado e cult é um tremendo elogio.





05 Valente para Sempre/Valente para Todas
Das surpresas do atual momento dos quadrinhos nacionais, Vitor Caffagi é hoje um dos destaques.
Após o êxito da impecável e essencial série de tiras "As Aventuras do Pequeno Parker", ele engrenou um novo ícone dos quadrinhos made in Brazil.

E assim, com uma arte inspirada, e conciliando singeleza, seriedade e humor nas doses perfeitas pra resultar em uma grande obra, ele criou a epopeia do cuzco batizado Valente, que convive com os banais e épicos problemas que qualquer humano enfrenta, seja ou não nerd que nem ele é.

A cada livro (foram lançados dois até agora, "Valente para Sempre", e "Valente para Todas"), o micro-universo do personagem torna-se mais viciante, enquanto ele demonstra toda a sagacidade de um jovem da sua idade pra complicar os relacionamentos que proliferam à sua volta.
Um clássico.




04 Pago Pra Ver
Talvez o maior livro quadrinhístico do meu acervo pessoal, a publicação do Instituto Estadual do Livro - IEL, do RS, traz nas suas mais de 200 páginas a arte do lendário Canini em algo que a uma primeira olhada pode até não demonstrar sua força a um leitor esporádico de HQs.

Porém, em se tratando de folhear as páginas pronto pra encarar algo com aquele algo a mais, algo que se pode chamar de Arte, com o uso do Caps Lock na letra A, aí então esse é um livro pra ter local especial na estante.

Assim, com uma simplicidade ímpar e um exagero de expressão a cada traço, Canini conta uma infinidade com o que pode parecer pouco diante da vasta gama de recursos que os softwares costumazes hoje permitem ao quadrinhismo.
Mas não se trata nem de muito nem de pouco.
Apenas o essencial.




03 Achados e Perdidos
Antes dessas épocas atuais, em que eu sou notificado de um novo projeto de quadrinhos no Catarse cada vez que acesso uma rede social (o que é algo positivo. Não me entendam mal) surgiu esta obra comentada por todos os rincões quadrinhófilos desta terra.

Acontece que o Eduardo Damasceno, e o Luis Felipe Garrocho decidiram que iriam criar uma graphic novel
bancada pelo público, e isso parecia fora da realidade em um país acostumado há gerações a atribuir mais valor e qualidade ao que vem de longe para nossas bancas de revista.
Pois Achados e Perdidos acabou por ser um dos pontos de divisão nesta saga.
Atingiu seu objetivo de publicação. E isto por si só foi um feito.
Porém, basta folhear o livro pra conferir um material em quadrinhos de qualidade irrepreensível e fascinante em seu conteúdo.
É uma trama fantástica tendo por pano de fundo elementos familiares a qualquer humano cotidiano, e é uma das melhores HQs nacionais já realizadas.
E como se isso não bastasse, o CD que acompanha o livro, com uma trilha sonora especialmente composta pelo Bruno Ito, com cada música tendo o tempo preciso pra cada capítulo é a cereja do bolo.





 02 Sarah and the Seed
Indicada ao Prêmio Eisner, e disponível gratuitamente no próprio site do autor, esta foi uma leitura tão fácil quanto densa.

O quadrinhista Ryan Andrews disponibiliza várias de suas HQs pra leitura no seu site, e algumas outras
também poderiam estar nesta lista, mas foi nos intrincados significados que ao menos pra mim, Sarah and the Seed é a melhor delas (de momento. Se eu reler quem sabe isso muda).
Um conto irretocável, emoldurado por uma arte expressiva com aquele ar de simples, só pra ludibriar os olhos com uma impressão de história leve, mas que carrega muitos significados além do esperado. 




01 Solanin
Lançamento da L&PM, essa HQ em dois volumes, do autor Inio Asano é o somatório de tudo que eu considero fundamental em uma boa HQ: arte perfeita, roteiro inteligente sem ser intelectualóide, temática interessante, personagens carismáticos, boa narrativa, e capacidade de transmitir algo através da leitura ao público.

Claro que, se for pela sinopse pode até parecer difícil acreditar em mim, no entanto a história do casal que suporta uma vidinha comum enquanto almeja planos maiores, os quais permanecem sempre distantes, funciona tão bem que a melancolia dos personagens facilmente se mostra em sintonia com o mundo ao redor de quem lê, devido ao realismo da visão crua do autor.
E isso sem ser resmungão ou pessimista.
Há espaço pra otimismo, e aquele olhar esperançoso quanto ao que o futuro pode reservar, ainda que no fim das contas seja muito mais fácil ler uma maniqueísta HQ de heróis e vilões.
Afinal, as intempéries do cotidiano podem ser muito piores que qualquer ameaça banal de destruição do planeta por aliens ou cientistas maléficos.
Solanin não é pra qualquer público, e não é pra qualquer estado de espírito.
Vai acabar com o bom-humor de quem ler, mas nem por isso vai ser menos digna de aplausos.


E é isto de momento.

O Top 10 de autoria do Gustavo, em 2 dias, aqui no Satélite.
Aguardemos.


Previous
Next Post »