Review: Chico Bento - Pavor Espaciar


Lançada no final do mês de agosto, Chico Bento - Pavor Espaciar é a terceira iniciativa do selo Graphic MSP, que se propõe a dar a autores brasileiros consagrados a oportunidade de trabalhar da maneira que quiserem os personagens do Mauricio de Sousa, sempre em histórias mais longas que saem em encadernados capa dura e cartonada.

O autor da vez é Gustavo Duarte (Có, Birds,Taxi, Monstros), famoso por suas histórias sem díalogos e com uma arte muito expressiva. Dessa vez, o autor se utilizou de diálogos para contar sua história, o que pode gerar um certo estranhamento em seus fãs. Incrivelmente, estes momentos de fala dos personagens são um dos pontos altos, gerando situações cômicas para a obra, como por exemplo, a forma que Chico Bento se refere aos alienígenas.




Apesar de não ser justo para o autor, que criou a obra de forma independente, é preciso colocá-la em perspectiva com as edições anteriores do selo para poder fazer a análise. Se Astronauta - Magnetar chocou a todos (positivamente) no lançamento deste selo de histórias e Turma da Mônica - Laços é uma verdadeira ode à amizade, Pavor Espaciar não tem tanta pretensão em seu enredo, e isso pode ter decepcionado alguns leitores. Enquanto seus antecessores trabalhavam conceitos como a solidão (regada a muita ficção científica) e a nostalgia, esta obra é apenas sobre os causos inexplicáveis que sempre acontecem em cidades do interior.

E ao se despir de qualquer pretensão narrativa, Gustavo Duarte faz aqui um ótimo trabalho. Sim, você pode ler a obra em 15 minutos (e reclamar da sua duração), mas ao não se permitir pelo menos mais uma olhada você perderia tudo o que torna esta obra tão divertida: as expressões dos personagens, a construção de cada painel nas páginas e as referências a personagens do Mauricio e a cultura pop (e não são poucas, como em todas as outras obras do selo).



Ao ler Chico Bento - Pavor Espaciar você vai encontrar exatamente isso: uma divertida aventura magistralmente desenhada que não tenta ser mais do que isso. Caso esteja esperando mais, como era tradição do selo, pode se decepcionar. E, prazos a parte, não vejo o porque do autor não ter feito algumas páginas a mais, já que o clímax e a resolução acontecem de forma apressada demais.

Talvez este seja o peso de ser o sucessor de uma obra tão (justificadamente) aclamada como Laços.

Recomendado para: quem acha que Sinais deveria ter uma continuação no cinema, dessa vez protagonizada pelo caipira mais famoso das Histórias em Quadrinhos nacionais.

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