No Satélite não é
costumaz falar de seriados live-action.
Na verdade a gente
nunca fala sobre isso por aqui.
Mas não é que a
gente não curta, e sim porque na busca por subsídio diário (ou quase) pro
blog, acompanhar seriados por vezes intermináveis e propensos ao
cancelamento por se estender demais seria um desserviço.
Até por isso,
quando a gente decide falar a respeito é porque realmente tem algo
de valor na obra em questão, ou porque o pessoal tá insistindo pra
que a gente escreva a respeito.
Nesse caso, é a
alternativa 1.
É algo natural, eu
sei, especialmente em se tratando de nerds oldshcool, cientes da
efemeridade dos interesses moldáveis da geração nerd atual.
E eu sei também que a gente poderia ter falado a respeito da série antes, até porque já acabou faz dias, e todo mundo já falou a respeito, mas daí eu digo que o Satélite tava passando por reparos na fuselagem, e poderia pensar em outras desculpas também.
Porém, uma boa mudada de assunto talvez seja dizer que da
maneira que eu arrisquei o primeiro episódio da trama de Walter,
Jesse, Skyler, Hank, e Cia, essa seria a melhor forma de apresentar o
seriado. Meio no susto e sem saber do que se trata, algo que esse texto não vai mudar.
Afinal, a sinopse
não chega a ser aquela efetividade toda, e eu acho que nem tenta
ser.
A simplicidade é
tanta nos personagens e andamento da história que, quando se percebe
a naturalidade com que os fatos vão se desenrolando e se amarrando
em uma trama complexa e com muito mais significados do que o final do
Inception, emerge uma reação humana natural e instintiva desde os
primórdios das eras de assistir até o final pra ver o lance todo
explodir e ferrar todo personagem que estiver por perto.
E não se preocupem,
quando eu falo isso se deve apenas ao fato de que na trama em que o moribundo e aos poucos pestilento professor Walter White (Bryan Cranston) e o viciado Jesse Pinkman (Aaron
Paul) ficam às voltas com o mundo do tráfico de metanfetamina (NADA DE SPOILERS. Não há motivo de preocupação), não existe
nada de heróico ou nobre que permaneça intacto.
Provavelmente, a
forma como isso é demonstrado seja outra das grandes qualidades da
série.
Sem apelar pro
discurso panfletário anti-drogas, é de maneira muito inteligente
que o roteiro lida com a questão do vício, narcotráfico, e sua
influência na vida de familiares e etcs próximos.
Ao nos apresentar os
traficantes enquanto heróis da trama, o resultado dessa perspectiva
é muito mais forte do que empurrar a velha história do “crime não
compensa”.
Os personagens são
interessantes e não reagem de maneira autômata no estilo “Herói:
nobre e corajoso; Vilão: perverso e ganancioso”.
Não existe na
verdade herói ou vilão em Breaking Bad.
Salvo alguma ou
outra exceção, no caso de quem aparece muito pouco na série pra
mostrar seus podres, resumindo: ninguém presta no seriado, a não ser o roteiro.
Além disso, é de
se admirar uma obra que em nada se lixa pro que agrada o público-médio,
e ainda assim consegue sucesso comercial sem abrir mão de soluções
inteligentes, trama intrincada e as abordagens mais incômodas sobre
a temática “consumo de drogas”, que o noticiário nunca chegou
perto de mostrar ou sugerir.
Tudo regado a doses
violentas de humor, tiro na cara, todo mundo passando a perna em todo
mundo e os rivais (reparem que evitei a palavra vilão) mais desgraçados que fazem o Zod parecer uma
periguete com remela na expressão de mal retocada
digitalmente.
Ao término desse
texto mais elogioso do que descritivo, com um esforço abismal pra
evitar qualquer spoiler que eu tô afim de comentar mas fiquei
na minha, só posso dizer que, ainda que
as modas passageiras da cultura pop tenham eliminado minha capacidade
de acreditar quando alguém me recomenda a série bagualhuda que todo
mundo estiver comentando no feice (até porque na maioria das vezes
não é nem uma série mais ou menos. É só um The Walking Dead) no
caso de Breaking Bad eu sou obrigado a reconhecer que os
prêmios Emmy, e status de Cult sem ser
intelectualzinho ou frouxo, tem sim justificativa.
E se ainda assim não
me fiz entender, digo apenas que: se fosse filme, Breaking Bad
valeria Dois Ingressos.
Recomendado para: quem não assistiu. E pra quem já assistiu.
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