Foxcather: Um História que Chocou o Mundo (2014)



A reunião de um elenco bastante conhecido por obras taxadas como blockbuster é a aposta do diretor Bennett Miller nesse "Foxcatcher", filme com 5 indicações ao Oscar 2015, e que é parte da categoria filmes biográficos, que sempre marca presença dentre os indicados na premiação.
E apesar do título nacional incluir um viés pretensamente polêmico, a história dos irmãos medalhistas olímpicos, e de seu apoiador financeiro excêntrico até o osso, é voltada bem mais ao drama do que ao seu desfecho.



No filme, o protagonista Mark Schultz (Channing Tatum) é um campeão mundial de luta, e que foi criado por seu irmão Dave (Mark Ruffallo), também lutador medalhista de ouro, e que vive uma vida distante do glamour que muitas vezes é associado a alguém que é um premiado melhor do mundo em alguma coisa.

Mark, no entanto, vê as perspectivas mudarem com a chegada em cena do multimilionário John du Pont (Steve Carell), um enigmático sujeito, que está decidido a fazer algo em nome de seu auto-declarado patriotismo, e decide investir no treinamento de uma equipe chamada Foxcatcher, e que terá em Mark seu nome mais representativo.
"Foxcatcher", o filme, narra baseado em fatos as consequências do relacionamento entre o sempre intencionado a se estabelecer figura paterna, John du Pont, e seus protegidos.
Ao mesmo tempo em que se preparam pras competições, os principais personagens na trama são parte de um jogo de busca por aceitação, e de tentativa de superar mais do que os adversários pela conquista do pódio. É acima de qualquer coisa pela necessidade de abandonar a sombra de pessoas da família, e de por si mesmos ter realizado algo que não possa ser questionado como "só conseguiu porque o irmão ajudou", ou "tendo o dinheiro que a família deixou até eu conseguia".
Colabora com isso a obsessão pela vitória que se já não era fator determinante na vida dos personagens, torna-se agravante quando são reunidos no mesmo local de treinamento convivendo tantas figuras reconhecidas mundialmente, e que passam a respirar a mesma atmosfera de expectativa esmagadora.
Pro personagem interpretado de modo sensacional pelo Steve Carell, a presença quase fantasmagórica da mãe, interpretada pela Vanessa Redgrave, perambulando em sua cadeira de rodas e julgando cada atitude do filho, obstinado pela luta greco-romana que ela insiste em afirmar ser algo menor, representa uma barreira intransponível pra vida inteira. Ele insiste com sua loucura por vitória pra tentar provar algo que no fim não vai significar nada.
Paralelamente, o Mark Schultz de Channing Tatum, ainda que o ponto fraco da trinca de atores principais do filme, traduz o esforço do personagem no do próprio ator, que faz o que consegue, e apesar de eu não ser nenhum grande entendido da carreira do Channing Tatum, acredito que essa deva ser a melhor atuação da carreira do cara. Pro personagem, o leal e agora aposentado irmão, que é uma representação assombrosa e realista por Mark Ruffalo, não é alento, e sim um fardo, porque o sobrenome de ambos atrela o sucesso do irmão mais novo como consequência do parentesco.



Bastante apoiado nas qualidades das atuações, o diretor de "Capote" e "Moneyball" não deixa de imprimir seu estilo na narrativa, que privilegia o lado psicológico dos personagens, apresentando as lutas e competições bem mais pra apoiar a passagem de tempo, e como detalhe a mais no conflito, mas nunca se sobrepondo ao verdadeiro foco dramático.
Afinal, o filme acontece mesmo no centro de treinamento da equipe Foxcatcher, e nos bastidores é que se apresentam os egos com dificuldade de conviver no mesmo espaço.
Quem sabe por isso haja um onipresente clima mórbido na trama, de uma tensão, de que algo está pra acontecer, e que só não se torna realmente impactante porque "Foxcatcher" sofre de uma falta de intensidade durante o filme todo.
Sempre que os bons trechos da história tentam engrenar na cena seguinte resta apenas a sensação de ter visto algo interessante, mas não verdadeiramente envolvente.


"Foxcatcher" pode ser o que de melhor os atores tinham pra entregar, e conta com um evidente primor técnico, tanto na reconstrução de época, maquiagem, quanto na dedicação do roteiro em ir além da casca e buscar nos personagens mais pra que o espectador encontre motivos pro que o título nacional sugeria ser chocante.
Só não consegue ser um grande filme porque é especialmente criado pra jurado reconhecer méritos técnicos e intenções, mas não é filme capaz de exercer o seu efeito quando a obra termina, e o que tinha a dizer acaba diluído nas limitações escondidas cena após cena.
Um longa-metragem disposto a conter muitos significados, bem atuado, bem realizado, mas estagnado nas suas intenções evidentes, que no papel deveriam parecer mais interessantes do que acabaram sendo no filme.


Quanto vale:


Foxcather: Um História que Chocou o Mundo. Recomendado para: uma surpreendente roubada de cena do Steve Carell durante quase 129 minutos.

Foxcather: Um História que Chocou o Mundo
(Foxcatcher)
Direção: Bennett Miller
Duração: 129 minutos
Ano de produção: 2014
Gênero: Drama

A Crítica de outros indicados ao Oscar 2015 NESSE LINK.

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