Volta e meia surge algum
filme do qual não se sabe nada, e a sinopse pouco ou nada diz.
Isso é bem legal.
Ainda que este
longa-metragem denominado “Lunar”, dirigido pelo cineasta
britânico na época estreante Duncan Jones (filho de um tal
David Bowie), não tenha necessariamente surgido agora, pra
fins de exemplo serve.
A trama (ou o que
espera-se que saibamos dela) é descrita logo no início em um vídeo
comercial relatando o que a empresa Lunar Industries desenvolveu de
modo a sanar os problemas inerentes à crise de energia por aqui neste planeta, dessa vez, com extração de Helium-3, que é enviado
periodicamente de uma base no lado escuro da lua.
Pra operar o maquinário
do local apenas uma pessoa é necessária.
No caso, o astronauta Sam
Bell, interpretado pelo Sam Rockwell, que fica lá por
contrato 3 anos até poder voltar pra Terra.
Claro que isso não faz
bem pro cérebro dele, e que nem qualquer um, ele vai começar a
ficar desconfortável com a situação, ainda que falte muito pouco
tempo pro fim do contrato dele.
Em parte lembra o
Astronauta: Magnetar, do Danilo Beyruth, mas pelo fato
de Lunar ter uma história com fatos que bagunçam tudo o
tempo todo, a similaridade não permanece muito tempo.
Junto a ele, a
inteligência artificial Gerty, que o auxilia em sua tarefa, e
que tem a voz do Kevin Spacey, soa tal qual uma espécie de homenagem ao Hal 9000, de 2001: Uma Odisseia no Espaço.
De atores mesmo, o filme
não tem quase ninguém mais.
E de locações, também
não vai muito mais além.
O enredo se desenvolve
apresentando novas informações sempre sem precisar criar o clima de
“qual o mistério que ele vai revelar?”, ou “será que o pião
caiu ou não?”.
As coisas transcorrem com
naturalidade, e na verdade, o que poderia ser o plot twist que as
convenções de hollywood recomendariam ser mantida em segredo pro
final, em Lunar, é revelada até bem cedo.
Uma prova de coragem do
roteiro, que a partir daí continua com novas e interessantes
informações, que ganham ainda mais peso e relevância pra história com a excelente atuação de
Rockwell.
O resto é o resto,
diante disso, mas com certeza tendo uma boa trama, e boas
atuações (ainda que o que é realmente exigido é o protagonista)
contar com os efeitos especiais que foi possível comprar com o orçamento de $5 milhões, e direção de fotografia
correta, emolduram a obra, que na verdade poderia ser toda encenada em um teatro, ou na sala da casa do diretor, que ainda seria um bom filme pra assistir.
Além disso, um grande
acerto do diretor foi na representação da vida na base espacial
mineradora Sarang.
Não vou me atrever a
comparar a sensação que é passada em 2001: Uma Odisseia no
Espaço, mas em Lunar posso dizer que a sensação de
confinamento é outro elemento que faz com que acompanhar o
astronauta em sua incômoda tarefa seja algo mais envolvente.
Algum porém sobre alguma
ou outra pequena conveniência do roteiro, e o final ligeiramente apressado me
fizeram pensar no porquê de o longa-metragem ter apenas 97 minutos,
quando um pequeno acréscimo de tempo até poderia sanar esses
problemas e tornar o desfecho muito mais impactante.
Además, me permito
nada mais dizer.
Seria uma baita sacanagem correr o risco de revelar alguma pequena informação que, até devido ao fato de a primeira reviravolta acontecer relativamente cedo, poder degringolar o entretenimento de quem assistir pela primeira vez.
Seria uma baita sacanagem correr o risco de revelar alguma pequena informação que, até devido ao fato de a primeira reviravolta acontecer relativamente cedo, poder degringolar o entretenimento de quem assistir pela primeira vez.
De todo modo, Lunar é
uma das melhores ficções científicas desses últimos tempos, e até
por não se lixar a mínima pra pirotecnia, tiroteios, e falso clima
de mistério, é um dos filmes mais despretensiosamente
interessantes, e que só pra não seguir a tendência, faz uso da inteligência pra questionar, e não
criar batalhas CG.
O cinema precisa de mais filmes que nem esse.
O cinema precisa de mais filmes que nem esse.
Quanto vale:
Recomendado para: lembrar que o que define a qualidade de um filme não é o orçamento.
Lunar
(Moon)
Direção: Duncan
Jones
Duração: 97 minutos
Ano de produção:
2009
Gênero: Ficção
Científica/Drama
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