Em All Is Lost, a atuação do Robert Redford é o filme
inteiro.
Não. Não to exagerando nem nada.
Basta assistir o filme (“Até o Fim”, no título em português) pra
constatar que eu ainda não me rendi aos cacoetes do resenhismo, e
que o ator é sim tão importante que, se fosse o caso, “All Is
Lost” poderia ser filmado inteiro em uma piscina servindo de
background teatral, e isso não o impediria de ser envolvente.
E isso mesmo que a
historia em si não seja quase nada.
A fala inicial revela o
que já sabíamos pelo cartaz: o personagem de Robert Redford
vai ter que enfrentar as forças da natureza até que tudo se ferre
no seu barco.
Uma colisão inicia a
série de infortúnios que vai fazer com que Redford precise encarar
sozinho tempestade após tempestade no mar com cada vez menos
recursos à disposição.
E a historia é isso.
Não espere muito mais
dela.
Quem assistiu “Náufrago”,
“Mar Aberto”, “As Aventuras de Pi”, “A Aventura deKon-Tiki”, e uns tantos outros, já tem embasamento pra não se
surpreender com as reviravoltas do roteiro.
Quem sabe se não
estivesse o ator legendário protagonizando, “Até o Fim”
seria só mais um filme.
Isso porque a direção
do J. C. Chandor preza pela irregularidade.
Por um lado ele capricha
no detalhismo, e a câmera permanece sempre atenta pra registrar cada
minúcia das alternativas de sobrevivência do único personagem em
cena o tempo todo, o que reforça essa ligação necessária com
alguém que não diz quase nenhuma palavra ao longo da hora e 46 de
filme.
Mas em contraponto, nos
momentos de ação, em que a situação exige saber controlar com
precisão o que a plateia vê, muitas vezes o cineasta se perde com
close-ups e câmera fechada em detalhes mesmo em sequências nas
quais ver a grandiosidade da ameaça iria aumentar a tensão.
Especialmente nas cenas
com menor quantidade de iluminação fica um desafio identificar o
que estão acontecendo.
A trama ágil deixa
bastante tempo pra mostrar o cotidiano no barco e que o personagem do
Redford sabe se virar.
De todo modo, o drama do
personagem não conta com amparo de flashbacks mostrando a família,
alguma carta ou fotografia. Nada que simbolize o apego dele à vida
ou pra retornar.
Claro que, ele querer
sobreviver é por si só algo que tem sua força.
Mas sendo algo que ele
menciona durante a fala-prólogo, é certo que poderia ser melhor
explorado ao longo do longa-metragem.
Com ares de inspirada em
fatos, ainda que seja apenas uma ficção bem engendrada de um cara
lutando por sobrevivência e que traz à lembrança o excelente filme
“Enterrado Vivo”, “All Is Lost” é a oportunidade
perfeita pra que Robert Redford relembre ao público a
capacidade de atuação de um dos mais importantes atores
norte-americanos.
Com um diretor à altura,
e em uma história com as palavras “Inspirado em fatos reais” no
inicio do filme, com certeza estaria bem melhor cotado no Oscar 2014.
Quanto vale:
Até o Fim. Recomendado
para: mais uma tensa experiência de sobrevivência em alto-mar que o cinema nos proporciona.
Até o Fim
(All Is Lost)
Direção: J. C.
Chandor
Duração: 106 minutos
Ano de produção:
2013
Gênero:
Ação/Aventura/Drama
Confere NESSE LINK a Crítica de outros indicados ao Oscar.
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