MOONRISE KINGDOM (2012)



Poucos diretores conseguem isso.
Uma mistura de características que na sua soma é tão particular e autoral, com cara de algo que assistimos na infância, e que consegue ir além da nostalgia.


Vendo os filmes de Wes Anderson (o diretor de Os Excêntricos Tenenbaums, O Fantástico Senhor Raposo, e algumas outras obras essenciais) eu seguidamente tenho a sensação de estar assistindo a uma peça de teatro, com as paisagens tão milimetricamente estabelecidas na condição de algo não tão diferente de uma pintura, e a movimentação de câmera tão minuciosa e tão seguidamente sem cortes, o que só reforça a sensação de estar assistindo a algo encenado ao vivo e não filmado e recortado aos moldes do cinema videoclíptico habitual hoje em dia.
Além disso, é claro, há a excentricidade.


Excentricidade esta que está em evidência novamente neste sétimo filme do diretor e roteirista, ao contar uma mais que inusitada historia de amor entre dois jovens, o que com certeza vai em rumo divergente de qualquer filme que tenha vindo à mente com esse meu acidental rótulo atribuído ao filme.

"Romance entre dois jovens".

Nem o universo ao redor do casalzinho, nem os familiares, nem nada ou ninguém segue à cartilha estrutural comum do cinema voltado a falar de relacionamentos.
E isso é muito legal.
Com um elenco notável, contando com Bill Murray, Bruce Willis, Francis McDormand, Edward Norton, Tilda Swinton, Harvey Keitel, e Jason Schwartzman, o roteiro de Wes Anderson e Roman Coppola flui naturalmente, cheio de significados, com um peso dramático constantemente presente em sintonia com a atmosfera por várias vezes tangenciando o absurdo.
Ainda assim, não sendo exigido de nenhum deles as sequências de escabelamento com closes em olhares lacrimejantes, ainda que estejam todos muito bem em cena e cada um tenha seus bons momentos, o destaque fica sem dúvida com o elenco infantil.


Assim, não apenas os fugitivos apaixonados Sam (Jared Gilman), e Suzy (Kara Hayward), mas também os demais escoteiros ganham importância redobrada.

A visão exposta no roteiro, com esses "adultinhos" abraçando neuroses dos mais velhos (seus algozes na trama), contando com frmidáveis atuações, é algo dono de um humor natural e complementar ao que o enredo propõe, ao acompanhar com olhos inocentes o trajeto complicado rumo ao fim da própria inocência.
Mais interessante, talvez, é constatar o triste paralelo entre os relacionamentos sonhados pelas crianças e a melancolia que é vivenciada pelos adultos, dormindo em camas separadas, e vivenciando entediantes casos amorosos tão insatisfatórios quanto a própria vida conjugal.
Tudo isso emoldurado por uma pragmática edição, trilha sonora afiada com os intentos do que é mostrado em cena, e paleta de poucas e precisas cores.


O que se vê em cena em muito lembra o minucioso protagonista, que em sua luta apaixonada por um desfecho semelhante ao das historias que sua complexa amada lê, não deixa de lado o detalhismo em suas ações.
Em Moonrise Kingdom, os jovens são criados pra ser velhos, e em sua busca por maturidade ganham mais angústia do que independência.

Quanto vale:



Moonrise Kingdom - Trailer Legendado

Moonrise Kingdom
Direção: Wes Anderson
Duração: 94 minutos
Ano de produção: 2012
Gênero: Drama / Comédia

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3 comentários

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Anónimo
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24 de janeiro de 2013 às 11:41 delete

Bah... Deve ser legal mesmo esse filme!

Gabriel

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Anónimo
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24 de janeiro de 2013 às 14:39 delete

O elenco aí é de fundamento!

Thiago

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Marcel Ibaldo
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24 de janeiro de 2013 às 21:22 delete

Pra errar com um elenco desses tinha que ser um típico "talentoso" pré-moldado de Hollywood de marca maior, o que não é o caso do Wes Anderson até o momento.
Mesmo quando algum filme dele não chega a ser um "filme pro Oscar", costuma ser no mínimo interessante.

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