Em O Fantástico Senhor Raposo a aura "incomum" de seus trabalhos pregressos, retorna.
O charme da animação em stop-motion aqui vem somada a um enredo envolvente e de ritmo frenético, ainda que nunca apressado.
E é dessa forma que somos apresentados à vizinhança do protagonista, que convive com os demais animais falantes próximos até demais de uma ameaça a qual não é nada esperto provocar.
Enquanto isso, somos apresentados ao dia-a-dia do protagonista, tentando um equilíbrio entre a dedicação à
família e sua rotina de roubos, vai sendo útil também para que os
personagens sejam claramente delineados. Conhecê-los e torcer por
eles é fundamental para o que o diretor se propõe, ao adaptar o
texto original do livro de Roahd Dahl.
É
certamente divertido acompanhar os planos do Sr. Raposo para assaltar
as fazendas vizinhas, provocando a ira dos donos das respectivas
terras, mas quando a trama muda de rumo, e as coisas começam a não
correr de acordo com o planejado pelo ladrão, é que o roteiro se
estabelece em seu real propósito.
Afinal ao mesmo tempo em que mantém a atenção da platéia por meio desses recursos, o
diretor Wes Anderson realiza uma manobra simultaneamente para
que esses minutos não sejam apenas para ser esquecidos
posteriormente.
Ao
confrontar-se com os seres humanos, o protagonista vai questionar
suas motivações. Uma análise superficial deixaria o Raposo na
condição de anti-herói em processo de redenção pela sua vida de
crimes, mas somente pra quem não enxergar nas entrelinhas.
Diante
disso, o próprio responde: “porque somos apenas
animais selvagens.”
Essa
afirmação, que é dita durante o filme, expressa o que há de
mais forte no discurso presente no roteiro, e que fica e"vidente com a retaliação dos humanos que buscam
vingança pelos danos em suas propriedades. Enquanto para o Raposo é
o seu instinto que o move a ir em busca do alimento presente nos
estoques e galinheiros dos fazendeiros, para os humanos, ele adquire
a imagem de uma praga a ser eliminada.
E
enquanto o embate ocorre, a mídia é representada exercendo seu
papel, sem sair ilesa diante do viés crítico da obra, o que fica
evidente especialmente quando o repórter afirma que preferia,
pessoalmente, que a história terminasse de maneira violenta. A
fábula novamente nos mostra que é um retrato surreal da nossa
realidade.
O
diretor utiliza ainda os outros recursos à sua
disposição, para que o tom dramático possa ser realmente
envolvente. Tanto o elenco de primeiríssima linha responsável pela dublagem
(George Clooney, Meryl Streep, Jason Schwartzman, Willem Dafoe, Bill Murray, e Owen Wilson), quanto à esplêndida
escolha de trilha sonora.
E isso tudo conseguindo ser um filme aventuresco extremamente divertido e inventivo, com um clima de western e filme de guerra à moda antiga, e trama familiar notável em que a dramaticidade e intensidade podem até parecer maquiadas pelo bom humor da trama.
E isso tudo conseguindo ser um filme aventuresco extremamente divertido e inventivo, com um clima de western e filme de guerra à moda antiga, e trama familiar notável em que a dramaticidade e intensidade podem até parecer maquiadas pelo bom humor da trama.
Porém, o fato é que, em seu estilo marcante o cineasta consegue superar a grande
maioria das produções desse segmento cinematográfico, com uma obra madura e inteligente.
No fim das contas, além
de ser um ótimo entretenimento, o filme é essencialmente uma
homenagem ao cinema, e uma celebração à vida, ou talvez à
sobrevivência, em grande estilo.
O Fantástico Sr. Raposo
(Fantastic Mr. Fox)
Direção: Wes Anderson
Duração: 87 minutos
Ano de produção: 2009
Gênero: Fantasia/Comédia/Aventura
(Fantastic Mr. Fox)
Direção: Wes Anderson
Duração: 87 minutos
Ano de produção: 2009
Gênero: Fantasia/Comédia/Aventura
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