Jornada Albert Pyun: A Espada e os Bárbaros


Para muitas pessoas o diretor Albert Pyun apenas não é considerado o pior cineasta vivo porque aqui na Terra ainda existem Uwe Boll e Michael Bay. Pyun, que já foi comentado aqui no blogue, adquiriu fama mais pelos defeitos do que pelas suas virtudes, já que muitos cinéfilos “sérios” apenas se aproximariam de um filme dele sempre mantendo uma considerável distância, sempre tendo em mãos um cabo de vassoura e uma expressão de asco no rosto. E justamente, devido a essa fama de “maldito”, que alguns filmes dele atingiram o curioso status de “tão ruim que chega ser bom”.

Cientes de que produzir um “bom filme ruim” é uma arte dominada por poucos, alguns leitores do Satélite Vertebral sugeriram (que nesse caso “sugerir” é um eufemismo para “façam isso ou irão arder nos ciclos infernais), uma série de comentários acerca da obra desse famigerado diretor.

Pois bem, Albert Pyun, desde 1982 praticamente lança um filme por ano. Comentar filme por filme é uma árdua tarefa que estaria perfeitamente entre os doze trabalhos de Hércules. Além disso, alguns desses longas-metragens são verdadeiras bombas de efeito moral. Sendo assim, a Jornada Albert Pyun irá contemplar apenas os trabalhos mais significativos do sujeito que, pasmem, não são poucos.
Portanto, vira e mexe, entre uma postagem e outra, teremos algum filme do Pyun marcando presença aqui nesse humilde espaço internético.

O longa-metragem que será o passo inicial dessa instigante jornada é A Espada e os Bárbaros (The Sword and the Sorcerer), primeiro trabalho “sério” do diretor, lançado em 1982.


Hoje quando assistimos hobbits saltitantes em meio a cenários grandiosos, podemos até acreditar que filmes de fantasia surgem como se fossem um passe de mágica. Porém, nem sempre foi assim. 
Em 1982, época em que a computação gráfica e a tecnologia 3D ainda eram incipientes na sétima arte, os efeitos especiais eram feitos na cara e na coragem, com muita maquiagem, sangue falso e improviso. Diante de tal conjectura, a possibilidade de um filme desse gênero possuir conviventes efeitos especiais era praticamente tão remota quanto a existência real de um livro de receitas escritas pelo próprio Mago Merlin.

O longa-metragem A Espada e os Bárbaros, nesse caso, era um dos poucos filmes que poderiam se orgulhar de possuir efeitos relativamente bons para o período e, mesmo assim, em nenhum momento tenta parecer mais do que é, um típico filme B.


O roteiro é basicamente uma trama de vingança, mas funciona perfeitamente. Há um rei chamado Cromwell (Richard Lynch) que tenta conquistar um reino cujo exército faria muito soldado fodão pedir para sair. Porém, com o auxílio de Xusia, um feiticeiro deveras poderoso, Cromwell consegue vencer a batalha e tornar aquele local o seu reino de tirania. A trama avança para anos mais tarde, quando Talon (Lee Horsley), o filho do monarca assassinado, que conseguiu escapar ainda jovem do massacre, se torna um guerreiro mercenário e lidera um grupo de saqueadores que realiza jornadas de cidade em cidade. Quando retorna ao antigo reino em que vivia, Talon resolve se vingar daquele que matou seus pais, libertar o povo da tirania e, finalmente, copular com a fême... oops... quero dizer... conquistar o coração da princesa (é mais elegante).


A trilha sonora do filme ficou a cargo de David Whitaker, que antes já havia colaborado na composição de trilhas para filmes como Vampira (1974) e Dr. Jekyll and Sister Hyde (1971).
Vale lembrar que o filme Conan - O Bárbaro, protagonizado por Arnold Schwarzenneger e dirigido por John Millius, foi produzido no mesmo ano, com publicidade e orçamento bem maiores, deixando assim o filme do Pyun eclipsado e só reconhecido mais tarde.

Não é à toa que, por culpa dessa produção, nos anos posteriores foram lançados vários longas-metragens semelhantes. Bastava aparecer na capa algum fortão empunhando uma espada e acompanhado por uma mulher tão vestida quanto uma rainha de bateria, que tal produção era rotulada como The Sword and the Sorcerer. Ou seja, Albert Pyun, sem querer querendo, acabou por consolidar um subgênero cinematográfico.

OBS: A Espada e os Bárbaros é um filme que desde a sua gênese tinha como objetivo estabelecer uma franquia com mais sequências, porém foi apenas em 2010 que Albert Pyun conseguiu produzir a sequência, que recebeu o nome de Tales of an Ancient Empire e é protagonizada pelos mestres da canastrice Kevin Sorbo (do seriado Hércules e presença constante em filmes que vão direto para o DVD) e Michael Paré (que protagonizou Ruas de Fogo na década de 80).


A Espada e os Bárbaros 
Recomendado para: Curiosos e amantes de filmes B em geral
Não recomendado para: Cinéfilos sérios que apreciam apenas efeitos em CGI ou que procuram por uma trama dotada de "um profundo teor semiótico estruturalista" (sério, eu já vi falarem esse termo)
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