007: Operação Skyfall (2012)



JB.
Jack Bauer. Jason Bourne. James Bond.
A associação é bem simples, e denota uma tendência que vai além do universo dos agentes especiais dispostos a passar dos limites pra cumprir suas missões.
Porque hoje em dia, a moda é ser sombrio e violento na cultura pop.

A retomada da franquia adaptando a obra de Ian Fleming não esteve imune a isso, e desde Casino Royale (2006) que o agente do MI6 se acostumou a lutar com menos requinte, e carregar mais cicatrizes do que é rotineiro a um bom gentlemen a serviço da Rainha.
Assim, depois de Quantum Of Solace (2008), mais um episódio da cinessérie ganharia as telas dessa vez dirigido pelo oscarizado Sam Mendes.
Tá certo que o começo é só mais um do 007.  
Uma perseguição em que o James Bond interpretado pelo Daniel Craig vai adiante a la Terminator sem tomar conhecimento de nada, e sem ligar se vai levar tiro, pontapé, ou faconaço.
Claro que isso funcionou nos filmes anteriores, mas outra perseguição similar não seria bem um modo de destacar a longeva franquia dentre tantas outras que proliferam tal qual zumbis em um seminário de neuro-cirurgiões.
Felizmente, a correta sequência inicial logo é esquecida quando uma videoclíptica sequência de créditos iniciais surge na tela.


Daí por diante, o filme muda drasticamente, a ponto de não parece um filme de James Bond.
O James Bond em si é a mesma coisa, com Daniel Craig investindo na nobre arte da carranca.
Porém, o viés aqui é bem mais pessoal, e várias cenas de ação do filme, inclusive, tendem a ser menos convencionais do que nos acostumamos nas produções do agente inglês.


Sam Mendes, afinal, é um diretor diferenciado. Tanto Beleza Americana, quanto Estrada para Perdição, Soldado Anônimo, etc, possuem características que o diretor trouxe pra um tipo de cinema que transita no mainstream, sem se subjugar por completo às suas regras.
Em Skyfall, por sinal, são vários os momentos em que isso se destaca.
Menciono especialmente o diálogo com o agente Q, e a incursão no prédio em Xangai.
Tamanha sutileza não tem nada dessa nova versão do agente, mas é algo que agrega algo novo e interessante.

Além disso, é claro, um vilão competente é fundamental, e Javier Bardem torna o nêmesis um personagem icônico em sua excentricidade afundada até os cabelos descoloridos em afetação.
Ainda assim, lidar com um projeto que teria que ter na ação um ponto alto faz com que o filme mude bruscamente, exatamente quando a tramóia que traz à memória os planos do Coringa de Heath Ledger estava aumentando a tensão da trama.
Por razões que é de se imaginar, a vilania inteligente do personagem de Bardem torna-se mais física e simples após alguns bons momentos de embates verbais, outros vários diálogos brincando com a própria mitologia e canastrice do protagonista em suas várias versões no cinema, e a criatividade da ação, que desaparecem pra que entrem em cena o batido embate final cheio de capangas pra morrer e frases de efeito em meio a explosões aos moldes das proferidas pelo elenco de Mercenários.



Claro que os significados e ideias conferem algum diferencial pra uma boa etapa do filme, que acaba em segundo plano quando o propósito final da trama vai rumo ao blockbuster padrão.
De todo modo, 007: Operação Skyfall demonstra interesse em não ser mais um dos tantos filmes de ação truculenta que perambulam em busca de atenção pelas salas de cinema.
Sam Mendes, sempre que pôde, nessa sua participação deixou sua marca na franquia cinquentenária, revelando que James Bond pode ser mais do que pancadaria bem coreografada, ainda que no somatório, dessa vez tenha sido muito disso.


Quanto vale:





007: Skyfall
(Skyfall)
Direção: Sam Mendes
Duração: 143 minutos
Ano de produção: 2012

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