Nerd dente de leite: um estudo de caso


Em tempos pretéritos, na antiga Grécia, o filósofo Aristóteles iniciou um estudo de classificação das espécies. Desde então, esse processo cartesiano de agrupamento em gêneros tem se mostrado um relevante artifício que auxilia a raça humana na hora de entender o mundo ao seu redor, bem como na hora de escolher um filme na locadora.

Diante de tal conjectura, o Satélite Vertebral, com o intuito de contribuir para o inexorável avanço científico, traz ao estimado leitor um básico perfil de um novo substrato social: “a Geração nerd 2.0”, aquele tipo de geração surgida depois do advento do Google, que estão na faixa etária dos 15 anos e insistem em acreditar que Alfred Hitchcock é o nome completo do mordomo do Batman.

Relatório

A geração nerd 2.0, também conhecida popularmente como “nerd dente de leite”, tem como habitat natural os shopping centers e qualquer recinto que venda alguma bugiganga inventada pelo Steve Jobs. Também podem ser vistos em locais abertos andando em grupo, alguns até andam vestidos como se fossem personagens do Death Note.


Após uma minuciosa análise na estrutura cerebral de uma dessas criaturas, os cientistas aferiram que, em uma determinada região do encéfalo delas, próximo da glândula pineal, há um órgão que faz esses seres acreditarem que todos os filmes de Kung Fu (inclusive aqueles produzidos nos anos 60 e 70) são cópias dos filmes do Quentin Tarantino.


Cientistas também relatam que no córtex cerebral dessas criaturas, há um outro órgão que lhes permite compreender com facilidade as piadinhas do Big Bang Theory, bem como encontrar passagens secretas em jogos de RPG.

Com relação aos hábitos alimentares, sabe-se basicamente que o nerd dente de leite é criado com Super Nescau, refrigerante, frituras, toddynho sabor morango e uma série de coisas estranhas que são compostas por substâncias que não estão nem na tabela periódica.

Uma outra particularidade do nerd dente de leite, é a pouca ligação com o mundo que o cerca. De acordo com o físico Stephen Hawking em um ensaio sobre a refração da luz em um saquinho de Fandangos, é afirmado que: “Apesar do atual excesso de informação, o nerd dente de leite ignora conflitos como a dualidade da particula matéria, muçulmanos versus palestinos e  evolucionistas versus criacionistas, porém acompanham de perto o embate Marvel versus DC".


Com o intuito de compreender ainda mais as características essenciais do nerd dente de leite, o Satélite Vertebral, em parceria com o NESS (Núcleo de Estudos Sem Sentido) realizou uma experiência.

Foi colocado em uma sala hermeticamente fechada um nerd dente de leite. Por meio de uma série de eletrodos que conectavam o crânio da cobaia a uma caixa de fósforos (que sinceramente não serviu para nada), o referido indivíduo foi submetido a uma sessão cinematográfica. 


O filme em questão foi o Phenomena, longa-metragem dirigido pelo cineasta italiano Dario Argento em 1985 e que hoje, para a geração atual, é tão desconhecido quanto o zagueiro reserva do União Operária.

Após a sessão, a cobaia foi convidada a tecer longos comentários acerca do que viu, porém, com extrema dificuldade de expressar algo que tenha mais de 140 caracteres, o referido objeto de estudo limitou-se a afirmar: “Eu achei sem graça, ninguém ali fala Bazinga”.

Daqui a alguns dias, o Satélite Vertebral, sempre com a nobre intenção de colaborar para o avanço científico, irá abordar um outro substrato urbano, o “Nerd Velha Guarda”, que são aqueles seres nascidos nos anos 70 depois de Cristo, na época em que o George Lucas era magro.

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