Piratas Pirados! (2012) - Satélite Vertebral

Muita gente não presta o devido valor ao estúdio responsável pela série de curtas protagonizados por Wallace e seu cusco Gromit, que resultou em um elogiado longa-metragem em que enfrentavam uma crise no mercado hortifrutigranjeiro, ou, é claro, o clássico da animação stop-motion “A Fuga das Galinhas”.

Isso porque os tempos são outros.

Agora, a chave do sucesso é 3D e CG.

Então, fica mais difícil pra Aardman Animations emplacar um sucesso na técnica que traz nostalgia a qualquer um que sabe que o cinema de animação é mais do que a tendência iniciada por Toy Story (1995).

Verdade que o título nacional complica ainda mais as coisas, porque “Piratas Pirados!” é nome de filme pra não ver.
Eu mesmo, só vi por causa do compromisso com o Satélite, e do mesmo modo que com os demais que tenho visto incessantemente esses dias, fiz isso esperando um trabalho acima da média.

“Piratas Pirados!”, no entanto, permanece sempre numa normalidade incômoda.

É corretamente realizado, e com personagens inusitados, porém, com um mote realmente fraco pra sustentar a história.

A trama sobre o Capitão Pirata (esse é o nome do cara mesmo) que sonha em ser eleito o Pirata do Ano em uma premiação prestigiada na sociedade piratesca, e que vive na mediocridade com sua tripulação é algo que perde força logo de cara, quando se percebe que o roteiro não vai muito além.

No entanto, reside no humor um recurso eficaz pra garantir o divertimento em um filme desses, e o que é visto em “Piratas Pirados!” é bastante “inglês”, o que não faz dele um filme pra rir alto. Infelizmente, quando tenta o humor físico e gratuito é bem menos interessante o resultado do trabalho dos diretores Peter Lord, Jeff Newitt.

Entre altos e baixos, se sobressaem algumas sequencias de correrias como a da tentativa de sequestro na casa de Charles Darwin e o embate final, que são realizadas com criatividade, e se destacam em relação a muito do que preenche por exemplo o recente “Valente”.
Além disso, o desvio da história rumo à Inglaterra acaba rendendo alguns bons momentos, com o humor se sobressaindo à aventura, ainda que jamais haja tamanho envolvimento com os personagens, ou qualquer resquício do algo a mais que houve nos melhores momentos da filmografia da Aardman.

No fim das contas, nem mesmo o elenco de dubladores tendo Hugh Grant, Martin Freeman, Salma Hayek, Jeremy Piven e Brendan Gleeson tornam a adaptação dos livros de Gideon Defoe algo que não vá ser esquecido muito em breve.

A trilha sonora, por outro lado, é divertida e complementa vários momentos em que o roteiro se esforça com várias pequenas boas ideias pra manter o nível um pouco mais alto, e é claro que ouvir a dupla de Flight Of The Conchords entoando a notável canção "I'm Not Crying" é um dos pontos destacados do filme.

Apesar de algumas piadas de entendimento restrito aos mais velhos, no geral, o longa-metragem é feito pra crianças, e é bem fácil um adulto se decepcionar caso assista sem fazer as devidas concessões que a faixa etária exige.

Destinado a quem espera um humor leve e tradicional, e sem fugir muito disso, “Piratas Pirados!” é muito do que o título nacional e original em inglês sugerem, com uma história atrelada aos moldes básicos, e realizada com dedicação.
Não vai devolver a Aardman de volta ao Olimpo do cinema de animação, e é uma pena, porque em época de decadência da concorrência, um trabalho um pouco mais inspirado já seria alguma coisa.
Nesse caso, ao menos um filme pra crianças assistirem em casa.

Quanto vale:

Piratas Pirados!

(The Pirates! Band Of Misfits)

Direção: Peter Lord, Jeff Newitt

Duração: 88 minutos

Ano de produção: 2012

Gênero: Comédia / Aventura