Esse tipo de guerra que é
contada a partir de um gabinete é bem longe do que eu consideraria
um exemplar natural de entretenimento.
Mas claro que isso não é
defeito do filme "A Hora Mais Escura", que não tem
obrigação nenhuma de ser divertido pra toda família, nem nada, até
porque, a velocidade (ou falta de) com que as pouco menos de 3 horas
passaram é algo subjetivo.
A questão é muito mais o que a diretora quis contar, e muito menos se é o tipo de cinema que agrada público X ou Z.
A questão é muito mais o que a diretora quis contar, e muito menos se é o tipo de cinema que agrada público X ou Z.
Ao menos é com esse
pensamento que eu escrevo.
Quem guia os olhos do
espectador é a recém-chegada agente Maya (boa atuação de
Jessica Chastain) que vai se adaptando muito bem aos métodos
de "persuasão" que é o principal recurso de seus aliados
na investigação.
Enquanto isso, de uma
pista a outra, a politicagem de sempre, em uma trama contada de
maneira tão realista quanto extenuante.
"A Hora Mais
Escura" é um filme de ação sem ação, fora os atentados
que são uma rotina reforçando um aspecto do filme que cada vez mais
vai se fortalecendo na retórica do roteiro: aqueles que torturam e
maram, são nessa história os nossos heróis.
Ao menos é assim que
eles são retratados, mas sempre com o cuidado de não dizer isso com
todas as palavras, afinal, o maniqueísmo já não vende o mesmo que
antes, mundo afora.
Algo de que eu gostei em
"Guerra ao Terror" foi o fato de o soldado, um dos
exemplares mais típicos do herói, dessa vez ter sido destituído do
discurso da luta em nome de qualquer nobreza ou justiça. Ele vive e
se alimenta da violência, ainda que essa o destrua.
Já em "A Hora
Mais Escura", os agentes são vítimas do contexto de pavor
pós 11 de setembro, e fazem o que fazem para levar os culpados à
justiça. Tanto é que assim que pode, um dos torturadores se afasta,
voltando aos EUA, pra despairecer do que ele tem sido forçado a ver.
A própria protagonista,
ao mudar tomada pela obsessão, torna-se mais do que Hollywood
respira, com uma postura de justiceira que enfrenta seus superiores
com frases de efeito, em sua obstinada corrida contra o tempo pra
restabelecer a ordem e devolver a paz ao seu povo.
Tudo isso de maneita
sutil, mas está lá. Reparem bem.
O ritmo é lento e fica
mais devagar pelo fato de que nenhum personagem é desenvolvido a
ponto de haver qualquer envolvimento com a plateia, e só parece
acelerar quando se percebe que o filme já deve estar próximo do seu
final e ainda há muito a investigar pra localizar o inimigo
invisível Osama Bin Laden.
Fora isso, resta uma
história bem contada, mas sem grande tensão ou arroubos de grandes
ideias o que apenas arrasta mais a metragem megalomaníaca da moda.
Qualquer outra grande
qualidade, exige a boa vontade do público em acreditar que na sua
burocrática narrativa, há algo a mais que signifique alguma
metáfora ou inovação no gênero.
Ainda assim, no que diz
nas entrelinhas "A Hora Mais Escura" fala mais a
respeito de como fazer um filme menor com cara de filme grande, e
sobre como foi que Kathryn Bigelow encontrou sua fórmula pra
parecer genial mesmo quando não é.
A Hora Mais Escura
(Zero Dark Thirty)
Direção: Kathryn
Bigelow
Duração: 157 minutos
Ano de produção:
2012
Gênero:
Suspense/Drama/Guerra
Sign up here with your email
EmoticonEmoticon