Bem antes de “A Viagem
de Chihiro” e “O
Conto da Princesa Kaguya” o
Estúdio Ghibli já
vinha anotando nomes em uma extensa lista de produções massa.
Lá nos seus primórdios está essa
adaptação da obra do quadrinhista japonês Kazuhiko Kato
(ou Monkey Punch,
conforme assinava seus trabalhos), que por sua vez nasceu do mundo
criado pelo escritor francês Maurice Leblanc,
estrelado pelo Arsene Lupin
que é avô do protagonista deste Lupin Terceiro.
Em termos de comparação com o que
o Ghibli viria a
realizar posteriormente, o mais próximo seria o entretenimento
esperto e focado na aventura visto em Porco Rosso,
bem longe dos temas complexos na espinha dorsal de filmes que nem
“Princesa Mononoke”,
ou “Nausicaä do Vale do Vento”,
ou da fantasia leve em patamar de excelência que rendeu o Oscar por
“A Viagem de Chihiro”.
Lupin III é uma ágil e desenfreada sessão em que humor e dinamismo
funcionam bem, e na qual o carisma de seus personagens é mais
importante do que a trama em si.
Mas o enredo é legal, e não constrange. Só pra esclarecer.
É apenas por ser hoje bem conhecido o poder das obras do estúdio
que numa dessas alguém pode ir esperando algo mais do que a crítica
à passividade conveniente das Nações Unidas, que em determinado
ponto é mencionada.
O que move a história é sem
dúvida a ousadia de Lupin
(dublado pelo Yasuo Yamada), que faz de suas motivações dúbias
força motriz pra um momento heróico em sua notória carreira
criminal.
A galeria de aliados e rivais colabora muito pra isso ser efetivo.
Assim, o braço direito Jingen
(Kiyoshi Kobayashi), o descendente de samurais Goemon
(Makio Inoue), a impetuosa Fujiko Mine (Eiko Masuyama), e o
agente da Interpol Zenigata
(Gorô Naya) dividem cena tornando ainda mais frenética
a tentativa de resgate da Lady Clarissa
(Sumi Shimamoto), que vive uma contagem regressiva pro casamento forçado
com o Conde Lazare (Tarô Ishida). Tudo em tom de certo exagero, e trejeitos cômicos
essenciais pra essa incursão de Hayao Miyazaki
no cinema (ele havia dirigido episódios da série de animes
protagonizada pelo pergonagem), bem antes da aclamação mundial.
Por se um longa-metragem de algumas décadas atrás, fica difícil
identificar o que dentre as piadas, e ritmo narrativo é realmente
excesso, ou era condizente com o padrão da época.
O que é tranquilo de perceber é que o filme envelheceu bem o
suficiente pra ainda hoje em dia ser apreciado rendendo hora e tanto
de entretenimento eficaz.
O apuro técnico já era evidente, e a animação ainda propicia
sacadas criativas tanto no quesito roteiro quanto no visual, e
enriquecem essa história de gato e rato/ladrão/cavaleiro salva
princesa, e outras possíveis definições.
Miyazaki ainda não havia
criado sua obra-prima, porém já mostrava que sabia fazer cinema
melhor que muito super-hypado criador de blockbusters de hoje em
sempre.
Lupin
III. Recomendado para: acompanhar os primeiros passos de uma lenda da arte sequencial.
Lupin
III: O Castelo de Cagliostro
(Rupan
Sansei)
Direção:
Hayao Miyazaki
Duração:
102 minutos
Ano
de produção: 1979
Gênero:
Aventura
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