Mais uma vez Neil Gaiman ganha espaço nesse blog. A culpa não é minha de ser fã dele, e sim da altíssima qualidade dos seus roteiros, seja em personagens autorais ou famosos. Apesar disso, já adianto que esta obra em questão não é do nível épico de Sandman (impossível não comparar), mas se acalme porque ela é excelente.
."Ele é o protetor de Gotham City, o espírito vingador da cidade, seu Cavaleiro das Trevas. Por anos, ele travou sua guerra de um homem só para manter as ruas seguras, mas, esta noite, a guerra causou sua última e maior baixa – o próprio Batman. O Cruzado Encapuzado agora descansa em um caixão no Beco do Crime, o lugar onde nasceu. Seus amigos mais próximos e seus inimigos mais mortais se reúnem para prestar uma última homenagem. Cada um deles conta uma história diferente sobre o Homem-Morcego que conheceram: como ele viveu… e como ele morreu"
Gaiman, assim como Alan Moore fez anos atrás para o Superman, escreve a última história de um herói. Batman está morto e nada pode ser feito contra isso. Ele apenas observa seu funeral, enquanto pessoas que fizeram parte da sua vida descrevem sua trajetória e o seu fim. Mas alguma coisa está errada: cada um conta uma coisa diferente da outra. Qual foi seu verdadeiro fim? Quem são aquelas pessoas? Qual o significado de suas palavras? O maior detetive do mundo pode desvendar o mistério de sua morte?
Uma pena que a história é curtíssima, composta de apenas duas edições, porque as histórias do herói por cada vilão e aliado são muito boas - e malucas. O que você diria de um Alfred confessando que não aguentava ver o patrão Bruce deprimido e por isso se fantasiava de Coringa para alegrá-lo? Que além disso "contratou" todos seus amigos da sua época de ator na Inglaterra para criarem personagens malucos (Charada, Pinguim...) para ajudá-lo na farsa? É simplesmente genial.
A arte da história é muito boa. Se apoiando no clima nostálgico e cheio de homenagens, Andy Kubert aproveita para se basear em traços de desenhistas famosos da trajetória do morcego e entregar um belo resultado final. Vale destacar também a arte dos carros de cada vilão na primeira edição, muito interessante. As páginas duplas do final são excelentes também.
Falando em final, ele não baixa o nível. Sem querer dar mais spoilers ainda, basta dizer que as últimas páginas são emocionantes, fechando com chave de ouro esta bela homenagem a um dos maiores personagens da história da nona arte. Se não é Gaiman sendo genial ao ponto de Sandman (coisa que duvido que ele consiga novamente), é um belo trabalho do inglês, que merece um espaço na estante (ou no hd) de qualquer um.
A história saiu originalmente nas edições 88 e 89 da revista mensal Bamtan, em 2010. Em março de 2013 a Panini relançou a obra em formato encadernado, custando 22 reais. Como a história original é curtinha e pode ser lida tranquilamente em uma ida ao banheiro, foram publicadas outras histórias complementares para encher as 132 pgs. São tão interessantes que nem li - quem sabe na próxima ida ao banheiro...
Recomendado para: quem cresceu lendo Batman, xinga o Nolan por ter feito merda no terceiro filme e possuiu um poster desenhado pelo Neal Adams atrás da porta.
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