Thor: O Mundo Sombrio (2013)



Às vésperas da resenha escrita pelo Fernando acerca do “Capitão América: O Soldado Invernal” verifiquei pro meu desapontamento que "Thor: O Mundo Sombrio" havia sido aqui negligenciado.
Mas pra quem acompanha a tripulação, sabe que de resenhas atrasadas o Satélite está cheio.
É meio uma prerrogativa nossa, afinal, não é só de obras atuais que nos alimentamos.
Enfim.

Até pra não perder o momento ligando com o “Capitão América 2” é que é feita esta resenha crítica do“Thor 2”.
A responsabilidade do filme do asgardiano passou a ser maior quando "Homem de Ferro 3" escorregou feio.
E parece que um adicional de pressão é parte da mítica dessa franquia auxiliar pros planos maiores do Marvel Studios, e claro, da Disney.
Pois se no primeiro filme do Thor existia a necessidade de explicar as coisas de um modo que ao menos diminuísse o desconforto do público não leitor de HQs, com relação ao universo assumidamente alicerçado em elementos fantásticos, e não na ciência (ainda que flertando com os aspectos mais exagerados dos quadrinhos) que havia sido base no cinema pra Homem de Ferro, Hulk, e Capitão América.
Foi um primeiro filme muito difícil, não apenas por ser uma obra de origem, o qual conseguiu com saldo positivo sobreviver a bilheteria e crítica, e deixar o personagem bem apresentado pra não causar estranhamento ao público em "Os Vingadores".



Dessa vez, o detalhe de ter que remediar o péssimo pontapé inicial pra “Os Vingadores 2” foi sanado com a escolha de uma abordagem completamente diferente.

Primeiro: não sendo mais um filme de origem, tudo que tem que ser apresentado é feito com cenas de ação.
Uma forma bem funcional de construir um sazonal blockbuster.
Segundo: existe um maior equilíbrio entre os personagens em cena, e não fica tudo restrito à desavença entre Thor (Chris Hemsworth) e Loki (Tom Hiddleston), e o interesse romântico desempenhado pela Jane Foster (Natalie Portman).
A distribuição de tempo e importância em tela é feita de maneira correta, com destaque pros personagens femininos, que são determinantes pros rumos da história sendo que a rainha Frigga (Rene Russo) finalmente sai da função de coadjuvante de salário alto.
Terceiro: a conciliação entre fantasia e sci-fi já não é uma preocupação. O próprio Odin (Anthony Hopkins) faz questão de dizer que eles não são deuses, além de que as armas e naves trazem à memória mais Stargate do que o próprio primeiro filme do personagem da Marvel.
A comparação com Stargate ressurge em vários momentos do longa-metragem, sem estragar nada porque não é uma muleta narrativa, e sim um dos vários elementos novos que são apresentados logo cedo.
O que incomoda mesmo é a forma preguiçosa encontrada pra ligar Jane Foster à grande ameaça perpetrada pelo vilão Malekith (Christopher Eccleston).
No primeiro ato, até pra acelerar as coisas sem se preocupar com detalhe que essa jogada no roteiro é posta em prática, juntamente com uma recorrência bem monótona do alívio cômico agora em dupla, com a dupla de estagiários interpretada por Kat Dennings, e Jonathan Howard.
É a etapa em que o filme não prende, mas vai sendo ainda interessante porque tem muitos fatos novos em andamento, e que serão essenciais (apesar de alguns terem sido só atirados na trama) no desenrolar dos eventos.



Afinal, “Thor: O Mundo Sombrio” é um filme verdadeiramente grandioso em sua produção, e pra isso ser devidamente mostrado ao espectador, o diretor Alan Taylor conta com um roteiro que privilegia batalhas gigantescas, e destruição em profusão, com vários momentos de criatividade que não fazem com que haja nenhum lampejo de genialidade pra virar conversa de bar ou meme, porém também mantém a diversão em alta sem se perder na repetição tal qual um Michael Bay ou algum de seus pupilos de mente engessada.
É como se o “Homem de Aço” não tivesse mergulhado na pretensão da ilusão metida a intelectual realista de Chris Nolan, e tivesse cenas de ação que além de caras parecem causar algum efeito nos personagens e ter alguma serventia pra história.
Quando “Thor: O Mundo Sombrio” se encontra nessa proposta, e fica bem claro o tipo de filme quase estruturalmente das antigas de espada e magia (com a adição das centenas de milhões de orçamento e CG que os dias de hoje permitem) que ele se pretende, o entretenimento fica inevitável.



Parte desse funcionamento tranquilo e eficaz passa pelo fato de que os intérpretes de Thor, Jane Foster, e Odin conseguem atuar no automático sem que isso prejudique nada, afinal, no caso desses atores, e desses personagens, estar atuando no automático significa algo competente o suficiente pro tipo de história que é contada.
Além de que sempre que parece que as coisas vão ficar na normalidade por tempo demais a existência de Tom Hiddleston no elenco resolve a questão, afinal, ele que é um dos melhores atores em atividade no ramo de blockbusters não desperdiça falas, ou os closes que aproveitam pra deixar menos maniqueístas as coisas no reino de Asgard. Pois Loki é peça essencial na trama, e ele não é herói nem vilão. É apenas ambicioso. E faz muita diferença quando o vilão Malekith não é toda essa presença antagônica esperada, sendo muito mais influente o poder que ele busca do que ele mesmo.


Esse filme intermediário, sem se arriscar a ser o maior filme de heróis ou algo do tipo, é simplesmente um muito divertido filme de heróis, e pra ir consolidando tanto a franquia individual, quanto o novo filme-evento da equipe bilionária da Marvel, e mais que suficiente.
Nunca é nada genial, mas é quase como se fosse uma das melhores histórias de ação pura das HQs que migrou pras telas. Algo que não se traveste de épico definitivo, mas ao se reconhecer um episódio de franquia, entrega o máximo de divertimento que consegue.
Ao seu modo, é mais “Star Trek: Além da Escuridão” do que “Homem de Aço”, e isso já é bom motivo pra assistir.


Quanto vale: 


Thor: O Mundo Sombrio. Recomendado para: um divertido e tecnológico filme de espada e magia.

Thor: O Mundo Sombrio
(Thor: The Dark World)
Direção: Alan Taylor
Duração: 112 minutos
Ano de produção: 2013
Gênero: Ação/Aventura/Fantasia/Ficção Científica

Previous
Next Post »

1 comentários:

Write comentários
Pau Kuri
AUTHOR
23 de janeiro de 2017 às 17:24 delete

Eu gosto, mas eu acho que poderia ser melhor. Uma das grandes atrações de "Thor" é uma fita que foi recuar mais do que o esperado do padrão habitual de produções da Marvel, mas ser diferente não significa ser melhor. Isso não quer dizer que considera que "Thor" é um filme ruim, mas uma bonita descompensada e abaixo do resto das produções da Marvel. Honestamente, eu decidi ver porque eu sou um fã de filmes de Chris Hemsworth, mas no geral eu acho que o filme tem mostrado que as coisas poderia ser feito melhor, tanto em termos artísticos e natureza da palomitero grande passatempo.

Reply
avatar