Top 10+10: Melhores HQs que eu Li em 2012 (Parte 2)

Segue então minha lista das 10 melhores hqs que eu li em 2012. Lembrando que não importa sua data de lançamento, e sim que este reles funcionário do Satélite tenha colocado sua atenção nelas em 2012. Gostaria também de ressaltar que os quadrinhos, assim como livros, filmes, peças de teatro e outros, são uma obra de arte, e portanto, não tem como estabelecer uma hierarquia. A lista anterior e a presente representam o gosto pessoal dos seus redatores - você pode e provavelmente vai discordar das nossas escolhas. Mas esta é a beleza de ser um fã de quadrinhos ou qualquer outro exemplo citado: sempre há o que discutir - e descobrir.

Sem mais delongas, para que vocês não pulem estes parágrafos, segue o baile:

10) Cash - Uma Biografia, por Reinhard Kleist


Lembro que olhei umas três vezes para essa obra na livraria, tentando me convencer que valia o preço alto. Por fim, me resignei que algo que juntava três das minhas coisas favoritas (Hqs, músicas e biografias) merecia o investimento. E não pude estar mais certo.

O autor passeia por diversos pontos da vida do cantor - sua juventude, a queda por causa do vício em anfetaminas, o renascimento com os shows na penitenciária de Folsom e seu sucesso no fim da vida ao lado do produtor Rick Rubin. Além disso, ilustra a história de algumas das principais músicas do cantor.

Uma obra indicada para qualquer um, seja leigo, fã ou pretende conhecer mais sobre Johnny Cash.

9) Desafio Infinito, por Jim Starlim


Me bateu uma vontade de conhecer mais o vilão Thanos em 2012. O motivo, claro, foi o final do filme dos Vingadores. Baixei esta minissérie antiga (91) para saciar este desejo e confesso que me surpreendi - positivamente - com o roteiro.

Tinha tudo para ser mais uma besteira quadrinhistica da Marvel. O titã louco Thanos é apaixonado pela entidade da Morte e, em posse das jóias do infinito, resolve matar metade do universo para agradá-la.  O que se segue é o renascimento de Adam Warlock, um dos principais heróis cósmicos da editora, e a convocação dos heróis restantes da terra para uma tentativa desesperada de parar o vilão.

Apesar de estar cheio de combates, a narrativa e as soluções do roteiro são muito boas e coerentes. É possível sentir o desespero dos heróis frente a um vilão de poder infinito, ainda mais quando todos os planos de enfrentamento vão caindo abaixo. Baita história.


8) Mirai Nikki - Future Diary, por Sakae Esuno


Esta produção japonesa (vulgo Mangá) me cativou por seu enredo criativo e pelo descompromisso da trama. Mirai Nikki, ou Diário do Futuro, trata da história de Amano, um aluno comum de uma escola comum do Japão. Amano usa seu celular como diário, e um certo dia acorda e descobre que seu telefone está com textos que não eram dele. Rapidamente ele descobre que seu celular agora descreve o futuro. O motivo disso é que ele foi selecionado pelo Deus Ex Machina (bela sacada do autor) para participar de um torneio de vida ou morte com mais 11 pessoas - também com diários do futuro - para descobrir o sucessor de Deus.

A partir daí a maluquice só aumenta. Mirai Nikki consegue trabalhar bem com o recurso de informações e viagens ao futuro, mostrando suas implicações. Também vale o destaque para a personagem Yuno, que chama a atenção toda para si. Os 12 volumes da série são mais que recomendados para quem curte uma leitura do estilo.

7) Surpreendentes X-Men, por Joss Whedon


Eu já tinha lido o primeiro volume da série do diretor dos Vingadores, mas no começo de 2012 resolvi terminar os dois que faltavam. É muito legal ver um roteirista como Whedon, mais acostumado a escrever séries e filmes, demonstrar respeito aos personagens e não ter medo de ousar nas suas tramas.

O último encadernado, chamado Incontrolável, é o melhor de todos. A trama, que aqui se revela planejada desde o início, chega ao seu clímax com a chegada da equipe ao Grimamundo para enfrentar a profecia de que um x-man iria destruí-lo.

Whedon, ao longo de todo seu run no título, tomou atitudes controversas. Matou personagens, trouxe outros de volta a vida, introduziu novos e mudou o status de alguns. Mas mesmo o fã mais xiita dos mutantes tem que admitir que ele contou uma baita história. Quase me esqueço de falar da arte de Cassaday, um dos maiores desenhistas em atividade, que está fantástica. Recomendadíssimo.

6) Três Sombras, por Cyril Pedrosa


Eu poderia falar da história tocante, dos personagens carismáticos e da arte peculiar. Mas prefiro que você (re)leia a minha análise da obra. Lá tem tudo isso e mais um pouco.


5) Demolidor, por Brian Bendis


Demolidor é o meu personagem favorito das histórias em quadrinhos, e ano passado resolvi criar vergonha na cara e ler a tão elogiada fase de Bendis nos roteiros. Meus amigos, é tudo o que falam e mais um pouco. Inclusive acho superior à fase do Miller e a tão elogiada fase atual do Waid.

Bendis joga Matt Murdock no poço mais fundo possível. Após o assassinato de seu grande amor alguns anos atrás, finalmente o herói está sentindo os efeitos da perda. Não bastando isso, um antigo capanga do Rei do Crime (vilão este que conhece faz tempo o alter-ego de Matt) vende a informação de sua identidade para os jornais e a vida do advogado cego vira um inferno. O que segue é um colapso mental do herói, enquanto ele enfrenta essa nova situação, os perigos de sempre e algumas novas ameaças.

Pra não terminar sem citar um arco, fico com A Era de Ouro, que mostra o antigo rei do crime saindo da prisão e enfrentando Matt, em uma narrativa que mistura passado e presente da Cozinha do Inferno e de Matt. Simplesmente espetacular.

4) Y- O Último Homem, por Brian K. Vaughan


Outra série famosa que resolvi correr atrás ano passado. Acredito que a maioria dos leitores desse blog que é fã de quadrinhos a conheça, mas não custa ressaltar as qualidades dessa grande - em tamanho e qualidade - obra. Brian K. Vaughan consegue fazer a narrativa de 60 edições e que conta com poucas cenas de ação ser algo muito fluído e prazeroso de ler. E isso não é nem de longe algo fácil.

Eu não gostei de algumas soluções para os problemas fundamentais que são dadas nos últimos volumes, assim como o destino de alguns personagens. Mas isso não atrapalha a grande experiência que é ler as 60 edições de Y- O Último Homem.

3) Planetary, por Warren Ellis


Conheci totalmente ao acaso em uma citação na internet esta série e me apaixonei, mesmo sem entender um terço das referências feitas. Para quem é fã de ficção científica então, esta série é o paraíso. Apesar de estar no terceiro lugar deste top, por motivos pessoais entra na minha lista de melhores obras que já li desde que fui concebido pela minha sagrada mãe no longínquo ano de 1992.

Não vou me alongar mais porque já fiz isso em um post alguns meses atrás.

2) Asterios Polyp, por David Mazzucchelli


Esta obra de nome peculiar é uma obra de arte em estado puro. A história aqui narrada é de Aterios, um arrogante professor de arquitetura, e da sua relação com Hanna, sua ex-mulher. A narrativa é com certeza o diferencial e ponto forte dessa obra. Asterios Polyp vê o mundo de forma plana, bidimensional e maniqueísta - sua cor é azul e seus traços são sempre firmes e retos. Hanna é uma artista que é muito mais temperamental e emotiva - sua cor é o rosa e seus traços são orgânicos e vivos. No decorrer da narrativa outras pessoas com outros traços e cores aparecem, mas o foco é a relação entre esses dois personagens.

Se fosse só por isso já mereceria lugar na lista. Mas o roteiro também é de primeira, com uma forte pegada existencialista. A vida e a possível redenção de Asterios com Hanna é contada de forma satisfatória, brilhando cada vez que vemos o personagem tentando aprender a misturar seus traços com os dela. Simplesmente obrigatório reservar um lugar na sua estante para esta obra.

1) Daytripper, por Fábio Moon e Gabriel Bá


Me desculpo da falta de obras nacionais colocando esta pérola no primeiro lugar. Se Asterios Polyp é uma obra de arte por sua forma de narrar a história, Daytripper é poesia pura. Os gêmeos brasileiros lançam uma obra que vai ser lembrada por muito tempo como uma das obras fundamentais do país na arte sequencial.



A premissa de Daytripper é mostrar, pela trajetória do escritor Brás, os grandes momentos que fazem uma vida valer a pena. Cada edição do encadernado trata de um dos eventos mais importantes da história do protagonista - primeiro amor, viagem com o melhor amigo, separação, nascimento do filho, e por aí vai.. E em todos ele morre no fim. Seria necessária a morte para que cada momento desses ganhe o destaque merecido?

Os autores ambientam a trama no Brasil - e que Brasil. Nossa pátria-mãe está retratada da forma mais poética possível, cheia de paisagens maravilhosas. A arte, em geral, está muito acima da média. Os traços e as cores escolhidas são sensacionais. Dá tristeza passar para uma próxima leitura e ter o choque de olhar para outros desenhos.



Podeira escrever um post inteiro sobre as qualidades da obra (e ainda farei isso). Acredito que o que fez eu me encantar foi que ela acerta em cheio nas minhas preferencias pessoais. Sou particularmente atraído por histórias que acontecem na vida real e tratem de problemas comuns a todos (acho que para fugir um pouco das tramas fantasiosas que passo a maior parte do meu tempo lendo). Daytripper junta isso com um pouco de fantasia, ilustrações fantásticas e um final emocionante (quase chorei lendo a carta final).

Se em algum momento passou pela sua cabeça que Daytripper só é primeiro lugar por ser nacional, esqueça. Em um hipotético mundo paralelo em que minha opinião conta mais do que a de todo o resto, afirmo com toda a certeza possível: Daytripper é a melhor obra que li em 2012, possivelmente na minha vida inteira.

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