Entrevista: Max Andrade

Max Andrade

 Se perguntarem como anda o ritmo da produção de histórias em quadrinhos no Brasil, é possível responder que estamos em um período fértil. Como exemplo temos Fábio Moon e Gabriel Bá, dupla de irmãos quadrinhistas de talento reconhecido internacionalmente. Aqui em Santa Maria temos o Núcleo Quadrinhos S.A, grupo que possui como integrante o Marcel Ibaldo, um dos editores desse blogue.

Também com participação ativa no cenário dos quadrinhos nacionais, há o artista Max Andrade, autor da webcomic seriada de ação Tool’s Challenge


Andrade possui também trabalhos publicados na revistas impressas Quadrante X, Ação Magazine e Mangá Pride, bem como na revista online Nanquim Digital. Recentemente Max Andrade recorreu ao site Catarse onde teve um projeto bem-sucedido de crowdfunding para lançar Tool’s Challenge em suporte físico. O crowdfunding é atualmente para alguns artistas independentes uma luz no fim do túnel, visto que por meio dessa iniciativa é possível obter recursos financeiros para publicações de livros, HQs, produção cinematográfica, gravação de CDs e etc.

Ainda sobre o financiamento coletivo, Andrade, por meio do Catarse, está com em parceria com o coletivo de quadrinhistas Conexão Nanquim, com um  projeto visando o financiar a versão impressa da publicação do grupo.
Para saber mais e colaborar com esse trabalho, basta conferir a página do Projeto no site do Catarse.

O nosso blogue bateu um papo com Max Andrade, onde foram abordados temas como produção nacional de quadrinhos, formas de distribuição, a internet como ferramenta e... Bom... sem mais delongas, a leitura é com vocês.

Satélite Vertebral: Quais são as suas maiores influências como quadrinhista?
Max Andrade: Gosto de considerar tudo que gosto como influência, e se brincar até o que não gosto. Mas se for pra reduzir o alcance, diria que três obras primordiais me fizeram fazer quadrinhos como faço. Elas foram Dragon Ball, YuYu Hakusho e Samurai X. Como precursores tenho Mônica, Batman, Homem Aranha e os quadrinhos da Disney. Agora em relação as obras, meu favorito se chama Masanori Morita (criador da série Rookies).

                                                 

Satélite Vertebral: Sobre o ofício do desenho, você conclui os seus projetos de forma rápida ou demora para finalizá-los?
Max Andrade: Desenho muito devagar e meio mal. Realmente demoro muito pra fazer meus trabalhos. Estou tentando aumentar o ritmo, mas desde a concepção até a finalização é um longo processo. Depois da parte de criação, costumo desenhar uma página por dia (quando tenho tempo livre).

Satélite Vertebral: Você acha que a atual geração de leitores prefere ler revistas em quadrinhos no formato online ou no formato impresso?
Max Andrade: Difícil dizer. Sei que a minha geração ainda prefere muito mais o papel, e eu também. Não quer dizer que fecho os olhos para o formato digital, até porque publico por esse meio também, tenho um e-reader e tudo mais, só que nada substitui o papel. Acho que grande parte dos novos leitores estão numa “moda de quadrinhos” assim como a moda das séries. Todo mundo lê e assiste só pra não ficar por fora e isso faz com que essas coisas fiquem descartáveis pra eles. Neste caso, só uma lida rápida no PC é o melhor.

Satélite Vertebral: Atualmente você vê, em termos de temática e conteúdo, uma grande diferença entre as histórias quadrinhos nacionais e as estrangeiras?
Max Andrade: Sim. Os quadrinhos nacionais estão cada vez melhores e diferenciados. Acho que posso dizer isso até das minhas obras sem ser presunçoso. Cada vez mais nos desprendemos e fazemos coisas diferentes. Ao mesmo tempo, acho que estamos muito longe ainda dos estrangeiros. Temos coisas do mesmo nível, mas em pouca quantidade. No Japão existe aos montes garotos de 18 anos que tem mais manha de quadrinhos que profissionais daqui por exemplo (é só ver os vencedores do prêmio mensal da Jump pra confirmar).

Satélite Vertebral: A série Tool’s Challenge veio ao mundo por meio do ambiente virtual, mas agora ela também está no meio impresso. Há alguma razão para isso?
Max Andrade: O mangá é lançado na net e teve uma versão impressa com tiragem de mais de 500 exemplares, quase esgotados. O motivo é exatamente por preferir o formato físico, que agrega valor para obra e pelas pessoas que não acham a obra descartável como eu disse cima. É igual ao moleque que lê Naruto só na net e o que compra. Há muita diferença de interesse entre eles.

Satélite Vertebral: Para transformar a Tool’s Challenge em uma publicação impressa, você recorreu ao sistema de financiamento coletivo conhecido como Crowdfunding. Como foi sua experiência com esse método de publicação?
Max Andrade: Foi incrível mesmo. Aprendi muito sobre como fazer um projeto dar certo, sobre um monte de coisas. Não da pra explicar do tanto que a experiência foi grande. Além disso, conheci todo o processo gráfico para editar e lançar uma HQ com qualidade. Agora sei como funciona desde ter a primeira idéia até ter um encadernado pronto. A grande maioria dos quadrinistas não sabe porque não precisou se preocupar com isso. É como uma banda independente que produz o próprio disco. Muito massa!

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