Eu, Wolverine




Antes de ser membro de 400 equipes dos Vingadores, antes de ganhar um grande filme (só que não) sobre suas origens, antes ainda de ganhar sua personificação na figura do ator australiano Hugh Jackman, havia apenas um coadjuvante divertido dos X-Men. E então duas lendas dos quadrinhos se juntaram para dar uma revista solo ao popular mutante com garras de adamantium, e seu caminho para o estrelato foi ali definido.

Se isso é uma coisa boa ou não, fica para o seu julgamento, mas não dá para negar que hoje Wolverine é um dos personagens mais populares da Marvel graças ao ponta pé inicial dado por esta minissérie. O famoso roteirista dos mutantes Chris Claremont se reuniu em 1982 com o consagrado e atualmente gagá Frank Miller (nos desenhos) para se aprofundar na história do baixinho canadense, de modo a agregar um pouco mais de conteúdo para o personagem. E essa com certeza é a principal qualidade na obra: o desenvolvimento do personagem.




O roteiro levou Wolverine até o japão, atrás do paradeiro do amor da sua vida, Mariko Yashida, que tinha parado de responder seus contatos. Chegando lá descobre que seu pai, um dos chefes do submundo, a obrigou a se casar com outro homem. Quando vai bater um papo com o ex-sogrão, Wolverine é desafiado para um duelo e é humilhado. Nem quando usou suas garras de adamantium conseguiu vencer o velinho usando uma espada de madeira! Na merda após seu fiasco emocional e físico, Wolvie conhece a rebelde Yukio e desconta toda sua fúria no Tentáculo (organização ninja que domina o submundo japonês e tem ligação direta com o pai de Mariko).

Pode parecer um enredo simples - e é - mas ajudou a construir uma mitologia para o então coadjuvante dos x-men. Claremont deu um amor e uma forte ligação com o Japão para o personagem, que deixava de ser um assassino para adquirir um pouco da ética samurai. Destaque também para as cenas de luta do Wolverine com o Tentáculo, que são muito bem desenhadas e planejadas. A luta final também é muito legal, com um desfecho muito condizente com o personagem. É muito bom ler uma história em que o personagem não toma um tiro de bazuca na cabeça e sai andando como se tivesse apenas quebrado uma unha.




Muita gente defende que se o segundo filme solo do mutante seguisse fielmente o roteiro, seria muito melhor do que foi. Apesar de torcer a cara quando modificam muito algum personagem clássico, devo discordar nesse caso. A história não envelheceu tão bem assim, pois algumas soluções de conflitos e motivações dos personagens parecem muito rasas, ainda mais comparada com as histórias da atualidade. É quando você encaixa a minissérie em seu contexto histórico e coloca em perspectiva sua importância para a construção da mitologia do personagem que a história ganha seu brilho. 


O arco foi publicado originalmente nas revistas Wolverine 1 -4, e no Brasil saiu no encadernado Eu, Wolverine, de 2009.

Recomendado para: Quem quer entender como que o coadjuvante dos X-Men chegou ao ponto de aparecer em todas as revistas da Marvel da atualidade e ganhar o protagonismo da série cinematográfica do grupo mutante. Leitura rápida, leve e divertida, bem fiel ao espírito do personagem.




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