Em uma determinada cena daquele filme francês protagonizado pela Audrey Tauteau e idolatrado por 90% das mulheres terráqueas, a protagonista chamada Amelie Poulain se pergunta quantas pessoas, em um dado momento, estão a ter um orgasmo. Convenhamos que se a referida personagem, ao invés de questionar isso e indagasse quantos cineastas estão a fazer um longa-metragem de zumbi, a resposta seria um número tão grande quanto a contagem de corpos nos filmes do Dolph Lundgren, pois a safra de produções em que os mortos são reanimados para devorar os viventes parece não ter mais fim.
Em um mar de filmes desse subgênero, algumas podem ser consideradas produções que não acrescentam nada e são tão descartáveis quanto o calendário de 1997, já outras obras conseguem apresentar algum resquício de novidade, como é o caso desse Cockney vs Zombies, dirigido pelo iniciante Matthias Hoene.
Essa produção britânica mostra com um notável toque de humor as desventuras de um grupo de idosos integrantes de um asilo londrino. Quando mortos-vivos invadem a cidade, os velhinhos e velhinhas se defendem com armas, bengalas, cadeiras de rodas e o que mais estiver ao alcance.
Embora a trama também destaque a atuação de uns assaltantes de banco que querem obter dinheiro para evitarem o fechamento do tal asilo onde vivem os avós de alguns deles, a grande sacada mesmo do diretor e dos roteiristas James Moran e Lucas Roche, foi justamente mostrar como sobreviveriam as pessoas de mais idade em um holocausto zumbi. Visto que, devido a reumatismos e demais desconfortos da velhice, esse público-alvo é presa fácil de qualquer morto-vivo, desde os mais velocistas até os mais mulambentos e lerdos.
Além disso, outro ponto que eu achei interessante é que o roteiro mostra o que causou a invasão de defuntos ambulantes, fato esse que não ocorre em vários exemplares desse tipo de produto cinematográfico.
O filme conta com ótimos momentos e é sustentado por personagens carismáticos, tanto os mais jovens quanto os mais old school. A presença que vale a pena ser mencionada é a do veterano ator Alan Ford, que já atuou em filmes do Guy Ritchie e, nos anos 80, fez uma ponta no clássico O Lobisomem Americano em Londres, dirigido por John Landis.
O filme conta com ótimos momentos e é sustentado por personagens carismáticos, tanto os mais jovens quanto os mais old school. A presença que vale a pena ser mencionada é a do veterano ator Alan Ford, que já atuou em filmes do Guy Ritchie e, nos anos 80, fez uma ponta no clássico O Lobisomem Americano em Londres, dirigido por John Landis.
Os toques de humor tipicamente britânicos estão lá, jogados em doses generosas e não decepcionam. Tanto que em uma determinada cena, sobra até uma sátira espertinha aos filmes de zumbis em que os cadáveres correm como se fossem o Flash ligado na tomada.
Para os espectadores que almejam presenciar um show de desmembramentos a cada frame, bem como assistir litros de sangue falso respingando na tela, podem até se decepcionar, pois ainda que Cockney vs Zombies demonstre mortes graficamente bem feitas e violentas, a interação entre os personagens é o ponto forte. Também não espere uma crítica ácida ao mundo moderno, pois a proposta do longa é ser mesmo um passatempo despretensioso. Talvez, com muito boa vontade, o máximo de crítica social existente aqui é uma ironia ao modo como a sociedade trata os idosos. E só.
Essa produção venceu o Toronto After Dark Film Festival e San Sebástian Horror and Fantasy Film Festival em 2012.
Em tempo: Cockney é o termo utilizado para se referir aos moradores de uma específica região de Londres.
Direção: Matthias Hoene
Ano de Produção: 2012
Duração: 88 min
Cockney vs Zombies - Recomendado para: Os curiosos que querem assistir um Shaun of the Dead da terceira idade.
Sign up here with your email
EmoticonEmoticon