Europa Report (2013)


Os tais mockumentaries foram uma jogada esperta.
Mas já é hora de mudar o disco.
Aquele ar de novidade ou resquício de qualquer ideia legal tem passado bem longe da esmagadora maioria dos exemplares adeptos desta forma de contar as histórias.
São poucos os casos em que surge um Poder Sem Limites ou outro que o valha.
No geral, tudo se resume a baratear o custo de produção, e tentar adicionar um ar de tensão pelo fato de que o público tem seu campo de visão restringido.


Este Europa Report, do diretor Sebastián Cordero apresenta suas características e identidade logo de início. Mas não necessariamente algo novo.
Não apenas trata-se de uma found-footage, mas uma espécie de documentário acompanhando e contextualizando os fatos presentes na tal filmagem encontrada com depoimentos de cientistas ligados ao projeto.
Isso traz algum realismo, ainda que a escolha de atores de filmografia mais conhecida, no caso, Dan Fogler, Embeth Davidtz e o Sharlto Copley diminua esse efeito no espectador.
Equilibrando isso está o embasamento do roteiro que tem seus passos iniciais devidamente amparado s cientificamente.


Na trama do filme, a NASA perde contato com a nave Europa One que partiu em missão rumo à lua de Júpiter denominada Europa, na qual acredita-se haverá grande possibilidade de encontrar alguma forma de vida sob a camada de gelo em sua superfície.
A tal viagem demora uns dois anos, e nesse tempo a tripulação pode ser vista por intermédio das várias câmeras que monitoram o interior da nave.
A parte realista, nesse ínterim está mais na situação em si, do que nas atuações, que apesar de até competentes, não conseguem esconder os vários trejeitos cinematográficos que denunciam e boicotam a tentativa de parecer “real”.
Desconsiderando isso, o destaque fica por conta de Sharlto Copley, que é o mais memorável dentre a multi-étnica equipe encarregada da empreitada, e protagoniza as melhores cenas do filme.


Europa Report, no geral, tem uma leveza no modo de relatar o trajeto da nave até o seu destino, e é bastante fácil se divertir com a produção e o clima de tensão que existe especialmente no primeiro ato, mesmo que, um pouco mais de desenvolvimento pros personagens e seus dramas após tanto tempo de isolamento dentro das fuselagens da espaçonave não fizesse nenhum mal.
Afinal, o clima de horror espacial, que na maior parte fica no suspense, depende muito disso, e as consequências na tripulação é que vão ditar o quanto as potenciais ameaças devem ser temidas.
O grande momento de quebra, no entanto, ocorre do meio pro final do filme.
Aos poucos o roteiro vai deixando mais evidente o velho e desnecessário aspecto hollywoodiano convencional, até que, rumo ao seu desfecho, além de não haver nenhum personagem capaz de ser a âncora com o público na busca por respostas, as decisões e frases do elenco soam tão artificiais, e de heroísmo, honra e sacrifícios forçados tal qual em ”Armageddon” (1998).
Diante da complexidade da jornada, e da grandiosidade da revelação que eles buscam, e claro, das intempéries que surgem, todos demonstram estar bem mais calmos do que se imaginaria, em se tratando do que é o maior  epopeia já realizada pelos humanos.


O trabalho do diretor equatoriano Sebastián Cordero é na verdade muito pautado na realidade, e desenvolve o roteiro fazendo um bom uso do pequeno orçamento, inclusive nos efeitos especiais, retratando esta missão que parte de uma premissa fundamentada na ciência.
Porém, volta e meia, algum escorregão com atitudes menos coerentes dos personagens, e uma cinematografia precária em alguma morte de tripulante, além do clima heroico dos finalmentes do filme impedem que o longa-metragem consiga ser mais do que é.
Mas pra divertir, Europa Report é uma pedida interessante, com a parcela de inteligência além da sinopse que faltou em Prometheus.

Quanto vale: 


Recomendado para: um entretenimento feito com ideias, e não apenas com CG.

Confere também a Resenha do André Cordenonsi sobre o Europa Report.

Europa Report
(Europa Report)
Direção: Sebastián Cordero
Duração: 90 minutos
Ano de produção: 2013
Gênero: Ficção Científica/Terror

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