Blue Jasmine poderia
ser facilmente um monólogo.
Com o timing perfeito dos
diálogos engendrados por Woody Allen, a personagem de Cate
Blanchett falando sozinha durante os 98 minutos de filme
passariam rápido mesmo assim.
Nesse caso, não é
exagero nenhum reconhecer isso, além de aplaudir Cate Blanchett
por, de maneira extremamente confortável, ser a espinha dorsal do
filme que conta com coadjuvantes igualmente sensacionais nas suas
idas e vindas de Nova York a São Francisco.
O personagem dela é uma
ex-ricaça que não perdeu o costume de ostentar, e não está
disposta a se adequar à sua nova vida e situação financeira.
Simplesmente arrumar um emprego pra pagar as contas não consta na
lista de preferências e alternativas que ele queira pôr em prática.
Pra isso, ela elabora um
planejamento pra que, as glórias do passado, enquanto sustentada
pelo esposo Hal Francis (Alec Baldwin), possam
retornar e a condição de assalariada não seja a ocupação de seus
dias a partir de então.
O filme é sobre ela, e nada mais.
O filme é sobre ela, e nada mais.
E até por isso não
vejo motivos pra ficar procurando significados e metáforas ocultas,
tal qual em "A Grande Beleza", por exemplo.
A historia de Blue
Jasmine é um recorte da vida da protagonista Jasmine,
em uma espécie de conto de fadas de inversões.
Da mocinha que nunca é
uma princesa tal qual nos acostumamos a ver, de um príncipe idem, e
em que ao invés de viver feliz pra sempre no seu palácio, ela perde
tudo e se encontra sem um tostão zoado no bolso.
Pro Woody Allen,
só pra variar, as desventuras de sua protagonista são uma
oportunidade ímpar.
O estudo que ele
desenvolve dessa criatura arrogante, fútil, e egoísta é algo
exemplar.
O fato de o
longa-metragem ser preenchido quase sem intervalos com diálogos
(todos muito legais, inclusive) só favorece a compreensão do que
ela é, e suas motivações pra série de escolhas e atitudes que
seguidamente são motivo pra facepalm.
E devidamente bem (ou
mal, sei lá) acompanhada pela sua irmã Ginger (hilária na
atuação da Sally Hawkins), e seu questionável gosto pra
escolha de namorados, o panorama é prato cheio pra um humor de
naturalidade e conversas espertas, que não minimizam o estado
psicológico, cada vez mais surtado de Jasmine.
Contado no presente, mas
intercalado com frequentes flashbacks, o novo trabalho de Woody
Allen vai construindo com parcimônia, mas sem nunca ser
arrastado, esse relato que de maneira provocativa e timing ideal
conseguem tornar a insuportável Jasmine em alguém por quem
torcer.
A atuação brilhante da
Cate Blanchett, e do restante do elenco (Sally Hawkins,
Alec Baldwin, Bobby Cannavale, Max Casella, Peter Sarsgaard, Andrew
Dice Clark, Louis C.K., Michael Stuhlbarg) são diretamente
responsáveis pelo sucesso da empreitada juntamente com o texto
afiado, que se não tivesse a necessidade de empregar algumas
coincidências muito convenientes poderia alcançar de fato a
excelência.
Mas nada que estrague a
diversão de ninguém.
O novo trabalho de Woody
Allen ainda é um dos mais notáveis filmes lançados em 2013, e
em seu equilíbrio entre a comicidade e o drama, de diálogos longos
e cenografia perfeita, trilha sonora marcante, e personagens idem,
foi feito pra ficar na memória, e lembrar que um bom drama não
precisa de mais de duas horas pra ser bem desenvolvido.
Quanto vale:
Blue
Jasmine. Recomendado para: conhecer a nova pessoa neurótica
trazida ao mundo por Woody Allen.
Blue Jasmine
(Blue Jasmine)
Direção: Woody Allen
Duração: 98 minutos
Ano de produção: 2013
Gênero: Drama/ComédiaSign up here with your email
EmoticonEmoticon