Perfil: Will Eisner


Começando mais uma nova série aqui no Satélite, traremos ao longo das próximas semanas perfis de grandes nomes dos quadrinhos mundiais. Sempre contando com muitas imagens, o objetivo destes posts é introduzir estes grandes nomes para quem não está familiarizado, sem ter a pretensão de um aprofundamento inconcebível para este espaço. O objetivo é que você chegue no final da página com vontade de ir atrás do trabalho do quadrinhista. E para quem já conhece, nunca é demais relembrar quem marcou história.

Então, para começar, um grande mestre da arte sequencial: Will Eisner.






William Erwin Eisner nasceu em Brooklin, Nova York, no dia 6 de março de 1917. Filho de judeus, iria crescer para se tornar um dos maiores nomes das histórias em quadrinhos, ditando regras e influenciando inúmeros e incontáveis artistas ao longo dos anos.

Além da qualidade de seu material, se destacou por ser considerado o criador do estilo americano de graphic novels, com sua obra denominada Um Contrato com Deus, de 1978, uma iniciativa autoral inédita até então. Também foi um dos precursores do estudo formal das Histórias em Quadrinhos, com Quadrinhos e Arte Sequencial, de 1985,  e A Narrativa Gráfica, de 1996. Em 1988, foi criado em sua homenagem o Prêmio Will Eisner, considerado o Oscar dos quadrinhos, que premia anualmente os destaques da arte sequencial.






Eisner entrou para a indústria dos quadrinhos em 1936, na WOW What a Magazine!, de Samuel Iger. Com o pseudônimo de Erwin, criou as aventuras do Captain Scott Dalton e The Flame. Em 1937 a revista acabou, e então ele criou, junto com o antigo dono da revista, o Eisner-Iger Studio, onde trabalhou com grandes gênios como Bob Keane (criador do Batman) e Jack Kirby (famoso por criar, junto com Stan Lee, quase todos os personagens da Marvel). 

Após o fim da sociedade, em 1939, passou por alguns empregos, antes de começar a desenhar histórias dominicais de 16 páginas, para suplementos de jornais, em 1940. Foi aí que criou seu personagem mais famoso: The Spirit, um combatente anônimo do crime. Inovador por trazer elementos inéditos nas Hqs, como o uso de sombras e enquadramentos inspirados em filmes Noir, foi um de sucesso imediato para o autor. Em 1941, o personagem já tinha sua própria tira diária, interrompida durante a Segunda Gerra Mundial (onde Eisner foi convocado para servir o governo americano ilustrando cartazes). Sua publicação pelas mãos de seu criador durou até 1952.









Em 1948, enquanto ainda publicava Spirit, Will Eisner observou que a televisão e outros assuntos da agenda pós-guerra estavam tomando conta dos jornais, e então funda a American Visuals Corporation, onde produzia vinhetas e ilustrações para o governo, agências e empresas privadas. Este novo rumo na carreira o afasta das Histórias em Quadrinhos até o final da década de 1970, onde retoma seu interesse pelo gênero.

Inaugurando uma nova fase em suas obras, Eisner publica em 1978 a famosa Um Contrato com Deus, sua primeira narrativa longa (196 pgs), considerada a precursora das Graphic Novels americanas. Combinando histórias mais curtas que, em conjunto, constroem um painel coeso e uma narrativa maior, é uma das suas melhores e mais importantes obras, sendo fundamental para a consolidação das HQs como uma expressão artística e literária.

O objetivo de Will Eisner era documentar um pouco da história dos judeus americanos, que ele considerava esquecida, além de provar que os quadrinhos poderiam funcionar como uma vertente literária - em uma época que eram considerados uma "arte menor". De fato, é possível notar na história elementos que iriam permear todas suas graphic novels posteriores: críticas sociais, caraterização da vida urbana, foco em personagens judeus e, por fim, elementos autobiográficos. 










Will Eisner continuou desenhando até sua morte, em 3 de janeiro de 2005, aos 87 anos. Se aprofundou cada vez mais no caminho das graphic novels, lançando obras como O Edifício (1987), A Força da Vida (1988), Ao Coração da Tempestade (1991), Avenida Dropsie (1995), Pequenos Milagres (2000), entre outras.










Para quem tem o interesse de se aprofundar na fascinante obra do mestre Will Eisner, há inúmeras edições brasileiras de suas graphics novels, além de muitos scans soltos pela internet. Chamo a atenção, porém, para duas obras lançadas recentemente aqui no Brasil: Nova York : A Vida na Grande Cidade (Companhia das Letras, 2009, 440 páginas), que reúne seus trabalhos sobre a cidade em que viveu, e sua biografia - essa não em formato de HQ - Will Eisner: Um Sonhador nos Quadrinhos (Editoria Globo, 2013, 424 páginas).

Também é possível encontrar no Youtube uma entrevista de Will Eisner para o Jô Soares, exibida em 1999, quando este ainda tinha um programa no SBT:




Fontes:


No próximo perfil da série: o mestre do Sonhar!

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