O maior problema das refilmagens, é que por melhor que elas eventualmente sejam, vão ficar sempre na sombra dos seus originais.
Mesmo quando trouxerem algo novo, isso serve mesmo pra tentar vencer o questionamento de: era mesmo necessário refilmar?
O caso do remake do filme sul-coreano Oldboy, dirigido pelo Chan-Wook Park, e adaptando a série de HQs escrita pelo Garon Tsuchiya, e desenhada pelo Nobuaki Minegishi, tinha uns problemas a mais.
O original, Oldboy é um clássico moderno, e mesmo os que consideraram sua subversão algo hediondo, tiveram que reconhecer sua originalidade e força.
Assim sendo, a refilmagem pelo menos conseguiu reunir uma equipe competente pra que nem no caso do novo Robocop, buscar contrabalançar as desconfianças, e fazer com que ler os nomes no cartaz diminua a dúvida sobre assistir ou não.
Dirigido pelo Spike Lee, o filme mostra o protagonista Joseph Doucett (Josh Brolin), um cara que não presta nada, e que ao ser sequestrado tem subsídio pra uma lista relativamente grande desafetos que poderiam ter bons motivos pra ter feito isso com ele.
A história, pra quem assistiu o filme original, ou leu a série de HQs, não apresenta grandes novidades, além de algum desenvolvimento inicial do emprego do protagonista, e as cenas dos ratos que não sei porque exatamente estão em um filme que nem esse.
Mas de resto, é o longo período de aprisionamento, em que ele passa por todas as fases, passando pela certeza da fuga, a inaceitação, os primeiros indícios de insanidade, e nisso, vai se moldando uma nova personalidade que é a que vai sair do quarto-prisão em busca de vingança.
Eu poderia até dizer que o grande problema no novo Oldboy é que ele não apresenta quase nenhuma novidade em relação ao original, mas não vou me ater nisso. Isso porque se eu fosse comparar teria que falar no constrangimento que foi a reencenação da luta no corredor, que dentre outros momentos parece um xerox com pouco toner do que foi brilhante no trabalho de Chan-Wook Park e equipe.
Evitando focar na comparação, prefiro falar do filme enquanto obra individual.
Por isso, fingindo que não houve nada similar em 2003, posso dizer que, esse novo longa-metragem é um filme de ação, desprovido de grandes motivos pra ser considerado um suspense, ou um tenso thriller psicológico.
As coisas são bem gratuitas, e parece que a história nem se preocupa em deixar algo nas entrelinhas, afinal, só o que parece importar é que Joseph tenha sua desculpa pra vingança.
Tendo isso, o diretor já pode incluir sequências de pancadaria com destaque e close no dano físico nos adversários.
A interpretação do Josh Brolin é comodamente mantida no automático. É um daqueles trabalhos que faz com que o espectador não se importe com o protagonista, e em que meio que já se sabe o que vai acontecer com ele, então pouca diferença faz se forem 50 ou 100 inimigos pra enfrentar.
Sem um protagonista relevante, ou cenas de ação notáveis, nem mesmo o elenco de apoio que conta com Sharlto Copley, Samuel L. Jackson e Michael Imperioli chega ao ponto de roubar a cena.
Especialmente no grupo vilanesco, a aposta é a afetação, o que não chega perto de ser marcante.
Além disso, o diretor de “Faça a Coisa Certa”, e “Mais e Melhores Blues” (dois filmes muito bons, diga-se de passagem) não emprega nada de ousadia nesse comentado filme.
O mal amarrado roteiro dessa nova versão decide enfocar nas cenas de ação, e em andamento direto que não deixa espaço pra (ou prefere não ter) intensidade. Isso porque talvez o pensamento fosse “o pessoal já sabe que ele fica preso uns anos e sai pra se vingar, então vamos passar essa parte rápido pra ele se vingar”.
Acho que o interesse era ser “cru”, mas acaba insosso mesmo.
Quanto vale:
Oldboy: Dias de Vingança. Recomendado para: Ninguém, droga.
Oldboy: Dias de Vingança
(Oldboy)
Direção: Spike Lee
Duração: 104 minutos
Ano de produção: 2013
Gênero: Ação/Thriller
Sign up here with your email
EmoticonEmoticon