Tartarugas Ninja (2014)



Quando a tecnologia permitiu ao cinema criar símios com notório realismo, bem como mostrar ao espectador um guaxinim metido a Charles Bronson, era provável que um longa-metragem live-action das Tartarugas Ninja era apenas uma questão de tempo. Portanto, nessa recente aventura dos quatro quelônios peritos em artes marciais, a tecnologia de captura de movimentos foi uma ferramenta bem utilizada. 


É salutar o fato de que as quatro tartarugas aparecem com um visual realmente “humanizado” e bem imponente. Inclusive cada uma delas possui um “uniforme”. Leonardo é samurai, Michelangelo um mano do rap, Donatello é nerd e Raphael é o típico sujeito brucutu. Mas se a tecnologia ajuda o visual da produção, a falta de um roteiro coeso é um soco no estômago nas pretensões de quem almejava assistir a algo, ao menos, divertido. 

Tartarugas Ninja é o típico produto que, assim como o já comentado aqui Guardiões da Galáxia, apresenta um enorme potencial para ser um desses filmes com o nível de diversão elevado à décima potência. Um desses legítimos blockbuster pipoca, em que o espectador, mesmo que já tenha os seus 40 anos de idade, o assiste com a felicidade de um garotinho que ainda mal tem espinhas na cara. 


Infelizmente essa nova empreitada cinematográfica dos quatro répteis com nomes de artistas renascentistas não empolga tanto quanto poderia. Justiça seja feita: há sim algumas piadinhas pontuais que poderão alegrar alguns nerds de plantão, mas no saldo geral, o filme soa tão saboroso quanto um Guaraná Dolly quente e sem gás. 


A sinopse mostra uma Nova York dominada pelo vilão Destruidor (William Fichtner) e o Clã do Pé. Para combater a vilania surgem dos esgotos um quarteto de irmãos tartarugas que… bem, vocês sabem, são peritos em artes marciais e são treinados por um rato. Há também a intrépida jornalista April O’Neil (Megan Fox) que, ao lado dos quatro protagonistas, tenta frear os maléficos planos da bandidagem. Tal argumento não possui nenhum teor reflexivo-filosófico, é verdade, mas poderia render um filme deveras divertido. 

Porém, o roteiro truncado de Josh Appelbaum, André Nemec e Evan Daugherty, se apoia em uma série de sequências que não empolgam, dando ênfase para Megan Fox que cumpre com maestria a função de ser gostosa. E só. 


A sequência inicial que narra a história dos répteis guerreiros em quadrinhos é bem bacana. A interação, o humor e o companheirismo entre os quatro protagonistas é legal, mas poderia ter muito mais destaque, afinal, o filme é das Tartarugas. Porém, em vários momentos, o roteiro destacou a April O’Neil

O elenco de coadjuvantes não compromete justamente porque está ali como mero apoio. A Whoopi Goldberg, por exemplo, dá a impressão que foi aos sets de filmagem apenas para dizer um “olá para a galera” e deu. Vernon (Will Arnet) é apenas um alivio cômico.


As cenas de ação, que devem ser um ponto forte nesse tipo de produção, seguem aquele enfadonho estilo frenético que assola muitos filmes atuais, deixando bem claro que o diretor Jonathan Liebesman seguiu a cartilha do Michael Bay (nesse trabalho Bay embarcou apenas como produtor). O toque do diretor de fotografia Lula Carvalho (dos dois Tropa de Elite) até ajuda, mas a edição picotada nos momentos de pancadaria atrapalha.

Nesse mar de filmes pipoca que se prolongam por eternas duas horas, Tartarugas Ninja pelo menos é um sopro de esperança ao mostrar que até um pedreiro como Jonathan Liebesman se deu conta que histórias de aventura funcionam com pouco mais de 90 minutos. Mas ainda assim esse Tartarugas Ninja possui uma similaridade com produções do porte de Transformers e demais congêneres. Ou seja, são produções que levam sapatadas homéricas da crítica, mas compensam na arrecadação das bilheterias. A prova disso é que Tartarugas Ninja já tem sequência confirmada, porém espero apenas que, na próxima vez, elas sejam as protagonistas do seu próprio filme. 

Em tempo, os atores que estão por trás do casco e dos pixels que constituem o visual das quatro tartarugas são Jeremy Howard (Donatello), Noel Fisher (Michelangelo), Alan Ritchson (Raphael), Pete Ploszek (Leonardo, porém com voz do comediante Johnny Knoxville). Já o mestre Splinter possui voz do Tony Shalhoub, mas quem se submeteu aos procedimentos de captura de movimentos para dar vida ao roedor foi do ator Danny Woodburn.  


Recomendado para: quem quer ver um filme do Michael Bay que o Michael Bay não dirigiu.

Filme: Tartarugas Ninja
Diretor: Jonathan Liebsman
Ano de Produção: 2014
Gênero: Aventura
Tempo de duração: 101 minutos

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