O futuro chegou até para o Exterminador - 30 anos do Terminator


Foi assim, quando um então jovem cineasta James Cameron trabalhava no tosquíssimo Piranha 2: Assassinas Voadoras, ele teve a ideia de fazer um filme sobre um assassino robótico. Com o intuito de acrescentar mais detalhes nesse seu delírio, Cameron pegou alguns conceitos de um episódio do seriado The Outer Limits, pitadas de distopia, pequenas doses de Mad Max, uma colher de viagem no tempo e bateu tudo no liquidificador do imaginário pós-apocalíptico. O resultado desses ingredientes foi um divertidíssimo filme chamado O Exterminador do Futuro.


James Cameron vendeu o roteiro do Exterminador do Futuro para a produtora Gale Anne Hurd pelo risível preço de um dólar. Ou seja, até um pastel de guisado é mais caro que o roteiro de um dos maiores clássicos da famigerada cultura pop.

O fato é que Gale comprou a ideia e James Cameron ainda conseguiu assumir o cargo de diretor.
Vale lembrar também que Cameron e Gale Anne iniciaram as suas carreiras com o produtor ROGER CORMAN, o mago do cinema B e que era adepto do método “custe o que custar” de produzir filmes.

O diretor então iniciou negociações de produção com a Orion Pictures, produtora acostumada a filmes de arte, tais como o oscarizado Amadeus. A Orion tratou com um certo desdém o Exterminador do Futuro e o produziu de forma desinteressada, como se essa película fosse o “patinho feio do estúdio”. 


Pois bem, o fato é que esse “patinho trash de ficção científica” teve êxito lucrativo, possibilitando para que, mais tarde, a Orion Pictures olhasse com mais carinho para as produções de gênero. Foi dessa maneira que a Orion, posteriormente, deu ao mundo outros dois filmaços de ficção científica: Robocop (1987) e O Vingador do Futuro (1990).

Com o roteiro finalizado e o sinal verde da Orion para dar início ao processo de filmagem, foi indicado, pelo próprio presidente da empresa, um ator para interpretar o herói que iria combater o robô assassino. O referido ator era um sujeito de considerável estatura, notável porte físico e dois anos antes interpretou Conan, o famoso personagem das histórias criadas por Robert E. Howard.

Arnold Schwarzenegger é o nome do ator. No entanto, a escalação do brucutu austríaco para o papel de herói não agradou ao diretor. Afinal, o musculoso tinha um sotaque carregado (quase robótico) e parecia ser incapaz de demonstrar emoção até mesmo se presenciasse uma chacina de ursinhos panda. O diretor James Cameron não pensou duas vezes e entregou o papel de vilão para Schwarzenegger. O resto, como bem sabemos, é história.


Ainda assim, a crença no sucesso do filme, por parte do estúdio, era ínfima. Os executivos, inclusive, tentaram criar um desfecho mais otimista para o longa-metragem, mas Cameron insistiu e conseguiu imprimir a sua vontade.

A crítica teceu rasgados elogios ao filme e não tardou para que o referido longa-metragem fosse alçado ao posto de cult. O público, sem fazer muito esforço, adotou o Exterminador do Futuro como “filme do coração” em pouco tempo. Tal sucesso consolidou o carismático Schwarza como astro de ação, bem como trouxe ao diretor Cameron a possibilidade de pegar broncas pesadas, tais como Aliens – O Resgate (1986), O Segredo do Abismo (1989) e, obviamente, uma eficiente continuação do Exterminador do Futuro, lançada em 1992 e que, na minha reles opinião, é também não apenas um dos melhores dos anos 90, mas sim, é um dos melhores filmes de todos os tempos.


Exterminador do Futuro 2 - O julgamento final foi feito com muito mais dinheiro e muito mais fé por parte do estúdio. Além disso, conta com uma trilha sonora espertíssima do Guns and Roses (banda idolatrada na época) e conseguiu, graças a uma improvisação bacana no roteiro, colocar o grandalhão Schwarzenegger no papel de herói. Vale destacar também que a sequência contém cenas de ação bem realizadas e efeitos especiais de qualidade acima da média. 

As duas sequências restantes do clássico tiveram Cameron longe da cadeira de diretor e foram feitas de forma burocrática, fato esse que ocasionou uma recepção fria por parte do público e da crítica.
Ano que vem já está programada a estreia de Terminator: Genisys, longa-metragem que vai unir diferentes gerações de personagens e terá Arnold Schwarzenegger mais uma vez como o robô matador.

James Cameron mais uma vez não será o diretor e cederá o cargo para Alan Taylor, sujeito responsável pela série Game of Thrones e Thor: O Mundo Sombrio.
… e Arnold Schwarzenegger, como bem profetizou em 1992 com a sua indefectível máxima "i'll be back", mais uma vez, estará de volta no universo do Exterminador.



PS: Exterminador do Futuro possui certas semelhanças com alguns episódios do seriado The Outer Limits, escritos por Harlam Ellison, um dos mais prolíficos autores norte-americanos de ficção científica, mas que é infelizmente pouco conhecido aqui no Brasil. Conta-se que Ellison processou Cameron devido à semelhança do roteiro com dois de seus episódios de "The Outer Limits": "Soldado" e "Demônio da Mão de Vidro". Ellison realizou um acordo antes de ir a julgamento e adquiriu crédito no filme.


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